Segundo Dia Esgotado De O Sol da Caparica Com The Gift ASurpreender

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Foi do meio do público que os The Gift surgiram, já perto das duas da manhã, para interpretar “Gaivota” do projeto Amália Hoje. Um final surpreendente, neste segundo dia de festival O Sol da Caparica, que esgotou entradas. De acordo com a organização, entraram no recinto, esta sexta-feira, 27 mil pessoas.

Neste segundo dia, a festa começou com baile, ao som da Roda de Choro de Lisboa. Este grupo de músicos portugueses e brasileiros tocam o Choro, música popular brasileira rainha nos bailes do Rio de Janeiro do séc. XIX. É interessante a forma como incluem também ritmos bem portugueses como o corridinho ou o fado. Vestidos a rigor, estes músicos interpretam a música de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Waldyr Azevedo e muitos outros que ajudaram a construir o chorinho.

O Sol da CaparicaSeguiu-se muito funaná, pela cantora caboverdiana Elida Almeida, que trouxe o ritmo e a doçura a este palco ao final da tarde. A viagem seguiu de África para os Balcãs. Melech Mechaya é um grupo português, constituído por cinco membros, que faz música klezmer, tradicionalmente judaica, com inspirações nas músicas cigana, árabe e dos Balcãs. Para além disso, são excelentes enternainers e querem ver sempre toda a gente a cantar, a pular e “a dançar de forma palerma”. O momento é de diversão e não há quem não sigo o espírito de confraternização que eles sugerem, em temas como “Dança do Desprazer” ou “Chapéu Preto”.

O palco principal abre, neste segundo dia, com um projeto especial: Mário Laginha e Cristina Branco trazem Chico Buarque ao Sol da Caparica. É um momento com combina a voz intensa da cantora com as teclas do pianista. Músicas de outros tempos que, quem assiste, reconhece com alegria. “O Meu Amor”, “Tanto Mar”, “Anos Dourados” ou “Meu Caro Amigo” integram esta apresentação.

O palco dança, que anima os intervalos do outro palco, é uma das novidades de sucesso deste festival. Em 15 minutos as crews apresentam os seus trabalhos e há palco para todos, desde os iniciados aos veteranos. O público, esse, é fiel e aplaude as acrobacias.

Diogo Piçarra mostra-se muito comunicativo, desde o primeiro momento. Traz os temas que as meninas gostariam de ouvir, cantadas ao ouvido, mas há muitas mães a seguir os refrões. “Breve”, “Sopro” e “Não te Vou Esquecer” marcaram o arranque deste concerto. Traz convidados, como Real Punch em “Falso Espelho” e acrescenta-lhe uma transição de “Mas Que Nada” que deixa o público de braços no ar a cantar. Manda um abraço para os músicos que estão a tocar à mesma hora, no outro palco, Mundo Segundo e Sam the Kid e, de seguida, senta-se ao piano e dedica uma música “a todos vocês têm uma área profissional onde querem ser reconhecidos”: é “Verdadeiro”. O tom solene alivia com a passagem para “Sorry”, um dos hits de Justin Bieber que faz abanar a anca. Do palco, desce ao fosso para se deixar cumprimentar e receber todo o calor humano de quem assiste, nas primeiras filas.

Mundo Segundo e Sam The KidDo pop transitamos para dois dos grandes embaixadores do hip hop nacional: Mundo Segundo e Sam the Kid fazem o público vibrar com as suas rimas. O ritmo é marcado de braço no ar e é um público muito jovem que os segue. Trazem “Brilhantes Diamantes” de Serial ft. Maze and Ace e continuam depois para “Gaia e Chelas”. Pedem depois a colaboração de todos para iluminar o recinto, com a luz dos telemóveis e o ambiente torna-se mágico ao som de “Era Uma Vez”. Para o final ficam os gritos de ordem de “Sem Crise” e “Poetas de Karaoke”.

Se as famílias chegaram juntas ao recinto, às 22h00 a divisão era óbvia: os mais velhos não resistem ao encontro dos amigos Sérgio Godinho e Jorge Palma, no palco principal, a cantar de braço dado. Eternos são temas como “Dá-me Lume”, “Frágil” ou “O Primeiro Dia”, que se cantou, entre o público, com emoção. “A Caparica fica em que pais? Amanhã temos de ganhar a Alemanha!” desabafa Sérgio Godinho, numa alusão à modalidade de futebol a decorrer nos Jogos Olímpicos, antes de introduzir ”Portugal, Portugal”.

Do outro lado do recinto, mais uma vez a força do hip hop e das palavras batidas de Jimmy P. O rapper sintetizou no seu curto alinhamento temas como “Warrior”, “Valer a pena” ou “On Fire”. Os encontros em festivais acabam por proporcionar momentos únicos, como foi a participação de Diogo Piçarra, em palco, no tema “Entre as Estrelas”.

Duas das mais poderosas vozes femininas continuaram no palco principal. Primeiro o soul de Áurea e depois Sónia Tavares com os The Gift.

A graciosidade de Áurea, descalça, a saltitar pelo palco, recordou temas mais antigos como “Scratch”: “Vamos voltar atrás no tempo e cantar uma música que eu acho que vocês conhecem”. E é verdade que a conheciam, assim como “I Didn´t Mean It”, ou mais tarde “Okay Alright” que se fez ouvir em coro.

Seguiu-se a energia dos The Gift, que trouxeram mais de vinte anos de carreira ao Sol da Caparica, com um alinhamento especial, recheado de grandes êxitos. “Fácil de Entender”, confirmou, de início, que seria um concerto especial. Sónia Tavares tem pela frente admiradores, que sabem as letras e ensaia alguns coros como “Made For You”. “Primavera” é um dos momentos mais emocionantes e depois “Music” termina com um cheirinho de “Chandelier” de Sia. Volta-se a dançar de forma mais vibrante em “Driving You Slow” e o velhinho “Ok Do You Want Something Simple”.

A grande cumplicidade entre os membros da banda é visível neste concerto e Nuno Gonçalves, no final, abandona as teclas para dançar com Sónia Tavares na frente de palco. A banda sai e o público pede mais um tema. Ouve-se música e voz, mas o palco permanece às escuras. É de uma das laterais do recinto que vem o som. Rodeados de público, Sónia Tavares e Nuno Gonçalves terminam um encore com “Gaivota”, um tema original de Amália que os The Gift trabalharam no projeto Amália Hoje.

The Gift

O festival o Sol da Caparica volta a abrir portas esta tarde para nova maratona de concertos e outras atividades. No palco principal atua Ala dos Namorados (20h00), Ana Moura (21h00), Nelson Freitas (22h05), Os Azeitonas (23h05), Rui Veloso (00h20) e a fechar DJ Zé Pedro (2h00). Ainda há bilhetes diários disponíveis à venda nas bilheteiras.

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