NOS Primavera Sound 2018 Terminou Com Número Recorde De Festivaleiros

NOS PRIMAVERA SOUND 2018 _ 7-9 Junho _ 2º dia _ © Hugo Lima | hugolima.com | fb.me/hugolimaphotography | instagram.com/hugolimaphoto

Mais um ano, mais um Primavera. Como é habitual nesta altura, o NOS Primavera Sound voltou a ocupar, pelo sétimo ano consecutivo, o Parque da Cidade do Porto mas com a Primavera apenas no nome, já que os três dias do festival foram marcados pela chuva. Este ano, as mantas estendidas no chão e as coroas de flores no cabelo foram substituídas por lama e pelas capas de chuva mas o espírito continuou lá. Entre 7 e 9 de junho foram 10.000 pessoas (dados da organização) a passar pelo recinto.

Depois do aquecimento na noite anterior com Fatboy Slim na Avenida dos Aliados, o NOS Primavera Sound arrancou oficialmente na quinta-feira ao som dos ritmos cabo-verdianos de Fogo Fogo. Em simultâneo, no palco ao lado, Foreign Poetry, o projeto que juntou o inglês Danny Geffin e o austríaco Moritz Kerschbaume, dava as boas-vindas aos primeiros festivaleiros.

Ainda a meio gás, o primeiro dia do festival ficou marcado pelo carisma de Father John Misty, a pop promissora de Lorde, e a irreverência de Tyler the Creator.

A estrear o novo palco Seat, Father John Misty não precisou de grandes interações para conquistar a audiência. Entre temas mais antigos, como “Chateau lobby #4 (In C for Two Virgins)”, “Total entertainment forever”, “Pure Comedy” e “I love you honeybear”, Father John Misty percorreu também o novo álbum, “God’s Favorite Customer” acompanhado de um grupo competente de instrumentistas. Father John Misty aka John Tillman, resume-se numa mistura de carisma, elegância e ironia que nos deixou uma mão cheia de bons momentos.

A ocupar o palco principal, a neozelandesa Lorde foi numa das escolhas mais questionáveis do alinhamento desta edição. Com vários bailarinos em palco, projeções de vídeo e temas sobre os dramas da adolescência, Lorde proporcionou um competente momento pop, marcado pela energia e tentativa (às vezes forçada) de interação e conexão com a audiência, mas pouco memorável para o público mais clássico do festival. “The Louvre”, “Sober”, “Liability”, “Tenis cout”, “Green Light” e, claro, “Team” e “Royals” foram alguns dos temas que se fizeram ouvir no Parque da Cidade, já passava das 22h00. Amores e ódios à parte, a jovem de 21 anos mostrou que não é apenas uma cantora pop para massas. Arriscamos descrevê-la como “boa música para adolescentes” e as lágrimas e gritos histéricos do público mostraram que a presença de Lorde no festival agradou a grande parte da audiência.

Num registo completamente diferente, a irreverência de Tyler de Creator ocupou o palco Seat. O rapper americano estreou-se, finalmente, em Portugal após ter cancelado a atuação no Super Bock Super Rock de 2017. “Who Dat Boy”, “November”, “Glitter” deixaram o público completamente rendido ao agitador norte-americano.

O hip hop ganhou, oficialmente, um lugar no Primavera Sound e voltou a sair vencedor no segundo dia do festival quando A$AP Rock, um dos nomes mais esperados de sexta-feira, tomou conta do palco e do público (com mosh pit e tudo). O rapper americano trouxe ao Porto o novo álbum e temas como “Distorted Records”,  “A$AP Forever”, “Kids Turned Out Fine” e “LSD”. Ainda na sexta-feira, os pontos altos aconteceram ao som do jazz de fusão de Thundercat, o concerto em estilo best of de Unknown Mortal Orchestra e Grizzly Bear, ambos repetentes no festival.

Sábado, último dia de NOS Primavera Sound. O dia era de chuva mas nada disso foi relevante quando Nick Cave subiu ao palco que pisara em 2013 num dos concertos mais intensos de todo o festival. Nick Cave transforma a dor em algo belo e é difícil descrever o poder magnificente que tem em palco. Marcado pela morte do filho – e as dores antigas relacionadas com drogas, perdas e romances – Nick Cave, sempre acompanhado dos Bad Seeds, fez do palco o luto e a chuva só tornou o momento mais especial. O dia ficou também marcado por concertos de The War On Drugs, Mogwai e o português Luís Severo.

NOS PRIMAVERA SOUND 2018
_ © Hugo Lima | hugolima.com | www.fb.me/hugolimaphotography | instagram.com/hugolimaphoto

O NOS Primavera Sound voltou diferente: com novos palcos, bancadas, uma área de restauração alargada, uma organização diferente, e uma presença das marcas mais evidente. De ano para ano o festival aumenta em conforto, coleciona novos patrocínios, mistura géneros musicais e consegue trazer novos públicos mas perde um pouco a sua essência original. O Primavera que nos chegou não é o mesmo que conhecemos nos primeiros anos mas isso não é obrigatoriamente mau. Resta-nos saber para onde caminha.

Em 2019, o festival tem regresso marcado ao Parque da Cidade do Porto de 6 a 8 de junho.

Artigo anteriorMY BIC® PORTUGAL ou como ter a sua melhor fotografia impressa num isqueiro
Próximo artigoSol Da Caparica Tem Novas Confirmações

Leave a Reply