À Descoberta Dos Burritos Na Reserva Da Serra De Sintra

Reportagem de Elsa Furtado (Texto e Fotos)

Lengalengas, cantilenas, fotografias, desenhos, pinturas e gravuras … tudo serve para perpetuar e preservar a memória desta raça em vias de extinção, e que em tempo nos era tão essencial à nossa vivência … os burros.

Longe vai o tempo em que “íamos” montados num burrinho de um local para outro, eles aravam a terra, puxavam a nora, transportavam o pão e a farinha, ou as trouxas da roupa das cidades para as zonas saloias, como Mafra, Malveira ou Caneças, ou até faziam tijolo, hoje, os burros deixaram de ser animais de trabalho ou transporte, para serem meros animais de estimação, de quintas pedagógicas ou de reserva.

Lá vai o meu menino
A cavalo num burrinho
O burrinho é fraco
A cavalo num macaco
O macaco é valente
A cavalo numa trempe
A trempe é de ferro
A cavalo num martelo
O martelo bate sola
A cavalo numa bola
A bola é redonda
A cavalo numa pomba
A pomba é branca
A cavalo numa tranca
A tranca partiu-se
E o menino caiu

Animais dóceis, carinhosos, trabalhadores, sociáveis e inteligentes, estes animais fundamentais no nosso dia a dia nos tempos antigos, são agora cada vez menos utilizados, levando extinção da sua raça, e tornando por isso importante preservá-los.

E é este trabalho, de preservação e divulgação, que a Reserva de Burros – Associação para a Valorização e Preservação do Burro, instalada na Serra de Sintra – na Tapada de D. Fernando II, junto ao Convento dos Capuchos faz.

Instalada numa antiga casa florestal e nos terrenos que a circundam, a Associação tem ao seu cuidado sete animais, (mais um macho cobridor e uma fêmea que se encontram noutro local), de quem cuida e com a ajuda dos quais tenta ensinar um pouco sobre esta raça, quer aos mais pequenos, quer a turistas que por aqui passam, e ainda preservar a existência da espécie, através da reprodução – uma burra fêmea demora um ano e duas semanas a dar à luz.

Uma visita à reserva inclui conhecer e contactar com os animais, saber um pouco da sua história, de como se reproduzem, sobre os seus hábitos, linguagem, participar em algumas atividades, alimentá-los e escová-los, emparelhá-los (suadouro, albarda e silha), e, no caso das crianças, dar um passeio de burro pela reserva, na dócil Alfazema, na sua filha Alfarroba ou num dos outros amigos que aqui vivem, para alegria dos mais pequenos.

A reserva está aberta ao público em geral aos sábados, das 10h00 às 18h00, e nos restantes dias mediante marcação prévia. O público em geral pode fazer uma visita orientada à Reserva com interação com os animais, sem passeio, e custa 5 euros por pessoa.

Para as famílias há o programa: Aqui há Burro!, que além da visita e da interacção inclui um passeio de burro, em que as crianças montam e os adultos levam os animais à mão, pela guia. É indicado para crianças entre os 3 e os 12 anos, e tem lugar aos sábados às 10h00, 12h00 e 15h00.Tem 1h30 de duração e custa 10 euros por participante.

A reserva dispõe ainda de programas para escolas, de aniversário: Burricando (para crianças entre os 3 e os 12 anos) e ainda Teambuilding (para maiores de 12) com vários desafios como: destreza a montar o burro, direção do burro, recolha de objetos, jogos de pontaria e outros jogos tradicionais (com e sem o burro).

As reservas podem ser feitas para info@parquesdesintra.pt ou pelo telefone 21 923 73 00.

Para outubro, está também prevista a inauguração de uma exposição sobre os Burros (eventualmente no dia 4 – que é o dia do animal), e onde vai ser possível ver objectos, quadros e fotografias ligadas à raça. A Associação para a Valorização e Preservação do Burro fez ainda um apelo à população para trazer fotografias, postais, têxteis e outros objectos antigos ligados com a vivência dos burros e até das burricadas que se faziam, para integrarem a exposição – revelou ao C&H Rute Candeias da Associação-

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