Xutos e Pontapés fecham digressão de “O Cerco Continua” em ambiente familiar

A ida, em família, ao concerto de Xutos e Pontapés, no mês de dezembro, é já um dos programas habituais de muitos lisboetas. A banda agendou, nesta quadra natalícia, dois espetaculos no Campo Pequeno, um dos quais, ao jeito de matiné, ao final do dia. Ainda assim, muitos foram os pais que arriscaram o horário tardio e levaram os mais pequenos ao concerto de sábado.

A noite foi de rock puro e duro, com o encerramento da tournée de reedição de “O Cerco”, o disco editado em 1985, mas também de alegria e melodia, com passagem por todos os outros êxitos que fazem com que os versos desta banda passem de geração em geração.

Kalu foi o primeiro a entrar em palco e pela ovação do público percebe-se que é um dos músicos mais acarinhados. De rajada tocaram todos os temas do álbum: Cerco, Barcos Gregos, Voo das Águias, Sexo, Conta-me Histórias. Pararam para respirar e Tim anunciou o Homem do Leme “para fechar o disco” numa versão muito mais crua do que a que têm apresentado em anos anteriores. Abrandam o ritmo com Esta Cidade que faz a plateia, muito composta, balancear suavemente. Vêm-se muitas t-shirts pretas com a cruz branca e o apontamento do lencinho vermelho dá a cor à moldura humana. O primeiro solo de bateria de Kalu faz a transição para Remar, Remar. Depois de Gritos Mudos o cenário muda e a capa do álbum Cerco dá lugar a um fundo composto por vários simbolos da banda. Jogos de luz e pirotecnia juntam-se ao som, criando o ambiente de festa, o marcando ritmo pela noite fora. Depois de Enquanto a Noite Cai Zé Pedro e Cabeleira juntam guitarras para introduzir Será Sempre Assim. O som endurece e segue mais corrosivo. Vossa Excelência a cover que os Xutos juntaram nesta reedição de O Cerco tem apresentação especial de Tim ao público “Esta aprendemos com os Titãs. Foram eles que nos ensinaram”. A agitação volta a amainar e é em tom azul que apresentam Perfeito Vazio. Sem deixar cair a intensidade gerada pela emoção do público segue-se Negras Como a Noite.
Depois de uma pequena pausa, Kalu agarra no microfone…e percebe-se que há nova reviravolta no ambiente. Diz que se está a sentir um pouco Tonto. Com a pandeireta na mão divide as atenções no palco com Zé Pedro. Trocam mimos no final do tema e voltam todos a entram em força com o tema Quem é Quem.
“Aaaaaaiiii…” diz Kalu e levantam-se as últimas vinte pessoas que ainda hesitavam, sentadas nas cadeiras. Na arena estão todos aos pulos. É Dia de S.Receber. Kalu faz alguns trocadilhos menos próprios para os ouvidos dos menores que a esta hora já se amparam aos pais, dado o adiantado da hora, mas a loucura continua com a Chuva Dissolvente. Zé Pedro toca os primeiros acordes de Maria e já o público sincroniza o ritmo com palmas.
Depois de uma curta pausa, que ninguém reclama, uma vez que sabe que o encore é obrigatório, Zé Pedro regressa, de cartola, troco nu e blazer, muito ao estilo de Slash. Agradece emocionado ao público todo o apoio que têm dado à banda. Fala da tourné, do disco composto há 35 anos em ambiente de revolta e agora reeditado em momentos de agitação social e deposita a sua esperança no amanhã e numa nova geração com uma postura mais ética.

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Já respiraram? Segue-se nova descarga de decibeis: Submissão, Não sou o Único, Contentores rematado com A Casinha. Haverá alguém que ainda não sabia esta letra?
Agradecem e voltam mais uma vez para tocar o tema do filme Tentação. Para Sempre.
Capitão Fausto foi a banda que abriu a sessão. Muito jovens, bom ritmo, já com algumas fãs de apoio com o coro ensaiado para a música da apresentação. Uma pop indie agradável.

Reportagem de Tânia Fernandes

 

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