Xavier Rudd Trouxe Um Sopro De Amor A Lisboa

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Xavier Rudd

Há quem use a música para melhorar o universo. Xavier Rudd é uma dessas pessoas. Este domingo, trouxe à Aula Magna uma combinação de ritmos ancestrais com mensagens de amor e criou um elo, na sala, por um mundo mais harmonioso.

O cenário, em palco, era cru, em harmonia com os pés descalços do músico. Xavier Rudd entrou, com luz reduzida. Cabelo apanhado e só com um fato de macaco sobre o corpo, a revelar os músculos definidos. Presença frequente, pelos nossos palcos, veio desta vez apresentar o mais recente trabalho, “Storm Boy”, lançado em 2017. Aproveitou também para dar novo impulso à coletânea de êxitos lançada em 2017 “Live in The Netherlands”, de cuja edição especial em vinyl só vimos agora a cor, na bancada de merchandising, à porta do anfiteatro.

Abriu a noite com” Honeymoon Bay”, um dos temas do mais recente trabalho. A meio da primeira música já toda a plateia da Aula Magna estava aos saltos, a dançar. O espírito de abanar todo o corpo continuou com “Rusty Hammer”, em que introduziu o didgeridoo, instrumento icónico que é, também, uma verdadeira estrela deste espetáculo.

Esta viagem de Xavier Rudd durou cerca de duas horas e teve muitas paragens para falar sobre a energia que faz mover o mundo. A primeira foi logo com o tema “Come Let Go”. Muitos foram-na absorvendo de olhos fechados, abanando o corpo ao som da música, outros dançaram frenéticos, aos saltos. Xavier Rudd continuou a cantar o amor e a paz para todos os cantos do mundo: “Cantem para as árvores, para os pássaros, para a Austrália, para Portugal…”.

Teve músicas em que cantou sozinho, em modo acústico, com o público calmamente recostado a sentir cada nota, outras, em que o ritmo pedia para que se abanassem todos os músculos. É acompanhado, neste concerto, pela banda United Nations.

O novo trabalho já está presente na alma de quem veio assistir ao concerto e todos o acompanharam no refrão de “Storm Boy”, mais uma mensagem positiva a inscrever no coração: “Sha la la la la/ We’re just living in this beautiful world”. “Gather The Hands” foi uma experiência quase religiosa, com o ambiente envolvido numa luz azul. Xavier insiste em trazer o amor para a sala, e explica que é essa a vibração que todos os povos têm usado para combater a guerra. O discurso até poderia cair em banalidades, mas sente-se a força, quando o músico canta em plenos pulmões, toca todos os instrumentos imagináveis, salta, dança e mantém em palco um grande carisma. Há crianças a assistir, junto ao palco e ele convida-os para a juntarem-se a esta festa. A família é para ele muito importante.

“Follow The Sun”, uma das mensagens chave do cantor, encerrou a primeira parte do concerto.

O cantor voltou ainda para um encore, que começou com uma atuação surpreendente dele, sozinho na bateria e a tocar didgeridoo em simultaneo. É uma versão muito tribal de “Lioness Eye” que quase resvala numa hipnótica transe eletrónica. Volta ao reggae com “While I’m Gone” e termina com toda a emoção de “Spirit Bird”.

Todos se abraçam, neste capítulo tão especial de Xavier Rudd em Lisboa.

Frankie Chavez

A primeira onda da noite foi surfada por Frankie Chavez. As pessoas ainda estavam a chegar quando o músico português começou a sua atuação. Percebeu-se que o convite terá sido inesperado e um pouco à ultima da hora. Frankie Chavez agarrou bem esta oportunidade de atuar perante uma plateia tão composta e mostrou a sua técnica, simpatia e à vontade em palco.

O músico incorpora a guitarra portuguesa nos seus temas e levou a plateia a viajar pelo país com “Nazaré”. Convidou todos a fechar os olhos e a sentir a música como muitas vezes vemos o mar “o estado pode mudar de repente”. Uma apresentação curta, que se percebeu que poderia continuar por mais algum tempo. Terminou com o ritmo contagioso de “Fight” e deixou vontade de ouvir mais.

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