Em relação ao formato, a lotação das salas continuou a obrigar os festivaleiros a escolher previamente os espetáculos a que queriam assistir e a dirigirem-se atempadamente para as respetivas salas de forma a conseguirem garantir o seu lugar. E mesmo em tempos austeros, a avaliar pelas enchentes, podemos dizer que, durante este primeiro dia, foi a crise, tão propalada quanto real, que ficou à porta.
Aconteceu assim com um dos “filhos” da Flor Caveira, Samuel Úria, recebido num Tivoli com lotação esgotada, é certo que alguns aproveitaram para garantir desde logo o lugar para o quarteto britânico Alt-J(?) que mais tarde iria ser protagonista daquele que podemos afirmar ter sido o concerto da noite. Enquanto isso, um pouco mais abaixo, o duo paulista MADRID, formado por Adriano Cintra (ex-Cansei de Ser Sexy) nas teclas, e por Marina Vello (ex-Bonde do Rolé) na guitarra, subia ao palco num Maxime muito bem composto e com muita curiosidade estampada nos rostos.
As enormes filas para conseguir um lugar num Teatro Tivoli completamente lotado não foram uma surpresa. Lá dentro vivia-se um ambiente crepitante e de grande expetativa para conferir ao vivo o muito elogiado e vencedor do Mercury Prize Award “An Awesome Wave”; os quatro rapazes de Leeds subiram ao palco e foram recebidos por uma plateia eufórica. Divertidos, bem-dispostos e com uma energia contagiante, a banda percorreu todo o seu álbum e temas como “Tessellate”, “Something Good”, “Dissolve Me”, “Fitzpleasure” e “Breezeblocks”, que fizeram as delícias dos fãs e com eles cantaram e vibraram do princípio ao fim obrigando-os a voltar ao palco para o claramente merecido encore.
Do outro lado da Avenida, na sala Manoel de Oliveira do cinema São Jorge, Victoria Christina Hesketh (Little Boots) preparava-se para fazer disparar os batimentos cardíacos e pôr o público a dançar com as suas canções electropop e a sua energia que parecia não se esgotar. Enquanto isso, no Cabaret Maxime, os portugueses Gala Drop apresentavam numa sala completamente cheia o seu segundo trabalho, o álbum Broda. Com o seu rock de fusão, maioritariamente instrumental, com elementos que vão desde o afrobeat à eletrónica passando também pelo psicadelismo, convidavam o público a soltar o corpo e a deixar-se levar pelas suas melodias.
A fechar esta primeira noite estava o produtor e DJ britânico Trus`Me, um nome mais conhecido dentro do movimento house, e que prometia pôr o Ritz Clube a dançar até de madrugada. Não foi por isso de estranhar a repetição de enormes filas para entrar num espaço que esgotou rapidamente.
Satisfeitos com o primeiro dia de festival, era altura de descansar e recuperar energias para um segundo dia que tinha como cabeças de cartaz os ingleses Django Django.
Reportagem de Patricia Vistas e João Ferreira