Underground Culinary Extravaganza – As Estrelas Desceram À Garagem Para Um Jantar De Reis

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Gourmet Culinary Extravaganza

O jantar de domingo, no Conrad Algarve, conseguiu a proeza de reunir, na mesma cozinha, os chefes Kevin Fehling (3 estrelas michelin), Heinz Beck (3 estrelas michelin), José Avillez (2 estrelas michelin), Jacob-Jan Boerma (3 estrelas michelin) e Eddie Benghanem (1 estrela michelin). A festa fez-se na garagem do hotel, num ambiente underground, condimentado com momentos de animação.

O Underground Culinary Extravaganza foi o momento de maior concentração de Chefes premiados, bem como de convidados. 170 pessoas acederam a este espaço de ambiente especial, integrado no programa Gourmet Culinary Extravaganza.

Underground Culinary Extravaganza
Underground Culinary Extravaganza

A cozinha foi montada no piso subterrâneo do Hotel Conrad, num espaço que havia já recebido, anos antes, um evento que acolheu também artistas plásticos. Foi entre as obras deixadas pelos graffiters, que se montou uma festa surpreendente. Uma primeira divisão abrigou os convidados que, entre bebidas escolhidas propositadamente para acompanhar as entradas feitas pelos chefes e cocktails, puderam passear entre estações, com a oportunidade também de interagir com estes especialistas da gastronomia.

Heinz Beck preparou um prato que combinou algas marinhas com camarão e lula enquanto que, ao lado, José Avillez surpreendeu em grande com as suas pequenas “pedras” de fígado de bacalhau que explodiam na boca e com uns cones de tártaro de atum. Foi também pelo marisco que recaiu a escolha de Jacob Jan Boerma, ao apresentar ostras com abóbora. Mesas de pé alto e algumas viaturas decoravam o centro do espaço. Do outro lado, perdemo-nos com outro conjunto de canapés: Roel Lintermans apresentou umas bolinhas de atum ao mesmo tempo que cozinhava uma apaladada sopa de abóbora com foie gra e lascas de bacalhau.

Com a certeza de que estaríamos perante as melhores combinações gastronómicas possíveis, tentámos não pensar muito na escolha de ingredientes como: fígado de galinha, passas de uva, pele de galinha e bacon, mas a verdade é que o resultado é fantástico. A proposta era de Sidney Schutte. Matt Tebutt também marcou presença neste início de jantar com uma combinação de salsicha de caça, enguia fumada, maçã e rabanetes.

A pausa de convívio foi interrompida com a entrada de uma orquestra sopros, constituída por cozinheiros. Ritmo bem disposto, combinado com dança e uma mensagem subliminar para os seguimos para o espaço seguinte. Uma outra ala, com mesas redondas, recebeu os convidados para o jantar de gala. Mais uma vez, a cozinha improvisada encontra-se aberta à vista de todos e é possível acompanhar a confeção da refeição. A azáfama é ainda maior e são mais do dobro dos convidados da noite anterior, para servir. Os Chefes ajudam-se uns aos outros, mesmo quando não é o seu prato que está pronto para sair e o ritmo de serviço, ao longo da noite, não sofre grandes quebras. Alguns momentos são aproveitados para por a equipa de animação a mostrar as suas proezas.

A primeira estrela a fazer sair o prato é Kevin Fehling. Um carabineiro que veio acompanhado de um pequeno taco. O chefe pode ter três estrelas mas a nós apetece-nos acrescentar outras tantas, pela excelente escolha e fantástica confeção.

Os jornalistas presentes já haviam visto, à tarde, a preparação dos tortellinis verdes que Heinz Beck trouxe para o jantar. E a espera valeu a pena. A massa é a grande especialidade deste chefe, que mais uma vez demonstrou mestria ao juntar um molho de marisco com tomate. O Xerém de bacalhau com bivalves de José Avillez, ainda que saboroso, pareceu-nos demasiado pesado para este tipo de menu. Do que gostámos mesmo foi das duas bolinhas verdes que boiavam no xerém, as suas famosas azeitonas verdes.

O prato de pombo de Jacob-Jan Boerma não foi consensual na mesa. A carne de sabor intenso apresentou-se macia e muito tenra, envolvida num molho de avelã e rodeada de elementos que acabaram por tornar a proposta uma diversão. Sabores diferentes, para nós, um risco muito acertado. Todos os pratos foram, mais uma vez, acompanhados de uma seleção de vinhos nacionais, escolhidos pela equipa de sommeliers.

Terminada a refeição, seguimos mais uma vez malabaristas e músicos para um outro espaço que superou todas as nossas expectativas. O corredor de sobremesas preparado pelo chefe Eddie Benghanem era qualquer coisa de sobrenatural. Difícil, mesmo, foi arranjar espaço para conseguir provar o que a vista insistia em devorar. Combinações de chocolates, caramelos, frutos vermelhos, amêndoas, caramelos, nozes e avelãs… tudo com uma apresentação extraordinária.

A animação continuou pela noite fora, numa noite diferente e encantadora. Um espaço improvisado, uma reunião de estrelas Michelin, uma organização eficiente e muito simpática, fazem que que o nosso desejo de cinderela, que abandona o baile às 12 badaladas, seja o de voltar numa futura oportunidade!

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