No Salão Social do Clube Galp Energia vai ser apresentada, esta sexta-feira à noite, a peça O Velho da Horta. Em palco, a companhia Teatro ao Largo vai contar a história de “um velho rico, gozando dos prazeres da sua horta, que se apaixona por uma jovem que veio para comprar alguns temperos. Uma alcoviteira manhosa oferece-lhe os seus serviços e consegue espolialo de todos os seus bens. O velho, com a vida em ruínas, sem dinheiro e a esposa e as filhas desamparadas, lamenta a sua estupidez”. O espectáculo, que inclui música ao vivo, canções e rotinas de comédia física e explora a riqueza da peça original, é direccionado para toda a família, seguindo a política artística do grupo de levar farsas clássicas ao público em geral.
Na noite seguinte, será a vez da companhia Teatro do Mar apresentar, no Centro de Actividades Pedagógicas Alda Guerreiro, um espectáculo multimédia não verbal. Representado numa estrutura cénica de grande porte, alusiva a uma árvore, Solum cruza o teatro físico e visual com as linguagens do circo/acrobacia aérea, da dança, do vídeo e da música original, debruçando-se essencialmente sobre a natureza humana e a transformação das nossas raízes culturais e afectivas, face a uma ideia de progresso e globalização. Do natural ao artificial, do corpo real ao corpo digital, da partilha ao isolamento, da raiz essencial ao fruto do nosso tempo, Solum acaba por revelar, no final, uma alegoria à árvore “da vida”, uma metáfora da consciência universal, da força criadora de toda a existência.
A encerrar a Mostra, o Teatro O Bando apresenta, no Auditório exterior da Escola Secundária Padre António Macedo, a peça Nós Matámos o Cão Tinhoso, que invoca o coro e a estrutura das tragédias para traçar o conflito que a todos nos percorre. Esta peça fala do conflito que se ergue entre aquilo a que aspiramos e aquilo que fazemos, entre o que lembramos e o que crescemos, entre o que amamos e o que tememos. Segundo a sinopse apresentada pela companhia, “ao olharmos o cão tinhoso vemos também o cão que somos, o cão do medo, o cão da guerra, o cão colonizado, o cão colonizador, o cão coragem, o cão da decadência, o cão de fantasia, o cão da ingenuidade, o cão criança adulta, o cão fatalidade. Porque todos os gestos que desenhamos no exterior já aconteceram antes disso dentro de nós”.
O programa da 12ª Mostra Internacional de Teatro de Santo André engloba 15 companhias profissionais, quatro delas internacionais e um grupo universitário. Que durante 18 dias apresentam, em diferentes palcos de oito localidades distintas, um total de 30 sessões de teatro.
Texto de Cristina Alves