A soul dos The Black Mamba e o rap eletrizante de Capicua a fazer uma noite marcada por um ritmo mais dançável no Caparica Primavera Surf Fest.
O trio formado por Pedro Tatanka (voz e guitarra), Ciro Cruz (no baixo) e Miguel Casais (na bateria) abriu a noite do Caparica Primavera Surf Fest. O perfil inconfundível de Tatanka, com o seu chapéu e presença carismática cedo tomou conta do público que se mostrava inicialmente pouco embrenhado na música. Abriram com “I Want My Money Back” de Dirty Little Brother, lançado em 2014 e mostraram, ao longo de toda a apresentação o domínio nas áreas da soul music, do blues e do funk.
“Venham mais para a frente” insistia Tatanka para com as presenças tímidas que polvilhavam o espaço. Certo é que, à medida que o concerto se desenrolou, o público foi aquecendo, e ganhando ritmo, chegando a acompanhar a banda nos seus temas mais conhecidos como “Wonder Why” no original, gravado com Áurea ou “I’ll meet You There”. Para o fim, ficou “Still I Am Alive” em que, mais uma vez, a assistência participou de forma agora mais entusiástica.
Grande presença de palco e uma cumplicidade entre todos os elementos em palco, fizeram deste um excelente começo de noite.
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Sem papas na língua, irreverente e ao mesmo tempo com extremamente calorosa, Capicua pisou o palco decidida a fazer uma grande festa. “Jugular” e “Medo do Medo” são a abertura de uma apresentação feita em conjunto com os habituais companheiros de palco, D-One (DJ) e M7 (MC). O alinhamento combina temas de Sereia Louca com os do mais recente Medusa e nesta nova incursão, o concerto é mais visual do que nunca, graças à participação de Virtus nas teclas, mpc e programações. Para cada tema, Vítor Ferreira, ilustrador, trabalha imagens em palco, numa espécie de imagem visual de cada canção.
“Maria Capaz”, “Tabu”, “Medusa”, Alfazema”, “Mão Pesada” vão sendo reinventadas e fielmente seguidas pelo público que se percebe, é conhecedor da sua carreira. Temos a sensação, em alguns momentos, de que a tenda virou pista de dança, tal é a sua energia eletrizante, sempre a apelar “Façam baruuuulho!”.
Um rap emocional, mas também político, que chama palavras de ordem em “Liberdade” o tema que já partilhou noutras ocasiões, em palco com Sérgio Godinho. Sempre interventiva, de palavras a sair espontâneas, mas sentidas, ergue a voz a favor das mulheres e dos seus direitos.
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E porque esta é uma artista sem papas na língua, avisou logo que não ia fazer o número de “fingir que me vou embora, para depois vocês fazerem barulho e eu ter de voltar. Vou cantar mais duas músicas, mas vocês têm de fazer já muito barulho!” “Vaiorken” é a um dos pontos altos da noite, com muitos braços no ar, a que se segue “Barulho”.
Reportagem de Tânia Fernandes