Teatro Do Bairro Apresenta DON JUAN De Molière

O Teatro do Bairro, em Lisboa, assinala os 400 anos de Molière com a apresentação da peça Don Juan, até dia 27 de fevereiro de 2022.

A peça conta com encenação de António Pires e tradução de Luís Lima Barreto e Fátima Ferreira e interpretação de Carolina Campanela, Carolina Serrão, Catarina Vicente, Francisco Vistas, Hugo Mestre Amaro, Jaime Baeta, João Barbosa, Luís Lima Barreto, Mário Sousa.

O tema de Don Juan surgiu pela primeira vez por volta de 1630, com uma peça de Tirso de Molina (El Burlador de Sevilla y convidado de piedra) que apresentava o destino implacável de um homem dissoluto e imoral, incapaz do arrependimento. Foi nela que Molière se inspirou para escrever o seu Don Juan ou le Festin de Pierre, que se estreou no Palais Royal a 15 de janeiro de 1665.
Escrita logo a seguir a Tartufo, na qual Molière fustigava a hipocrisia de alguns beatos, Don Juan parece fazer uma apologia da libertinagem. Ambicioso, mentiroso, sedutor, infiel, orgulhoso, insolente, Don Juan rejeita os valores cristãos dominantes na época (honra, casamento, família, religião) e vai ainda mais longe ao recusar o arrependimento, mesmo na hora da morte. Algo incompreensível para o seu criado, Esganarelo, que recrimina o amo e chama a atenção para as consequências dos seus actos, como uma espécie de “consciência crítica” de Don Juan. Esganarelo encarna, de certo modo, os valores morais e sociais vigentes na época, sendo um criado característico do teatro clássico, poltrão, interesseiro e guloso, que acompanhando o seu senhor praticamente em todas as cenas, se torna numa espécie de alter ego do seu amo, chamando-o à razão, tentando a cada momento que ele se integre na sociedade, lembrando-lhe as hipotéticas consequências da vida que leva. No entanto, para Esganarelo a religião assemelha-se muito a uma superstição, o que acaba por ter um efeito mais cómico. As outras personagens, D. Elvira, os irmãos dela, o Pai, os camponeses, defendem os valores sociais que regiam a sociedade francesa da época, os nobres caracterizados por uma enorme dignidade, os camponeses com uma divertida rusticidade.

A peça é uma Co-Produção do Teatro Municipal Joaquim Benite, está classificada para maiores de 12 anos, e pode ser vista de quarta a sexta, às 21h30, e sábado e domingos às 18h00.

Os bilhetes custam entre 7 e 12 euros e podem ser adquiridos online e no local.

Autor:Texto de Elsa Furtado
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