Slash A Viver O Sonho Em Lisboa

Reportagem de Tânia Fernandes

slash

O rock mais pesado não morreu. Slash e os seus amigos (o cantor Myles Kennedy e a banda The Conspirators) proporcionaram, esta sexta-feira, uma noite do mais genuíno hard rock , no Campo Pequeno. Casa cheia, com temperatura próxima do inferno, para viver o sonho.

Living The Dream é o quarto disco de originais, editado por Slash. O guitarrista que se celebrizou pelo talento musical e personalidade polémica, enquanto membro da banda Guns’n’Roses, tem vindo a construir a sua carreira a solo. Reintegrou a banda em 2016, tendo até atuado em Portugal com Axl Rose, mas aproveitou uma pausa de atividade do grupo para, em 2018, por cá fora um trabalho com doze temas. Integra, nesse registo, a voz de Myles Kennedy e o apoio da banda The Conspirators.

Foi com este elenco que Slash regressou a Portugal. Não foi, por isso estranho, que tenha deixado de fora os temas dos Guns’n’Roses. Apesar de saber que ia também deixar de lado a conquista fácil. Deu-nos apenas “Night Train”, uma espécie de bombom saboreado com avidez.

O alinhamento contou, essencialmente, com temas do mais recente trabalho Living The Dream. Abriram com “The Call of The Wild”, a marcar o ritmo do que viria a ser a noite: veloz e cortante. Estamos em 2019, mas podia ser 1989. Figuras esguias, compostas por cabelos longos a esvoaçar (com a ajuda estratégica de ventoinhas na frente de palco), pernas afastadas, guitarras em evidência e um canto felino gritado. Há uma diferença: a possibilidade de mobilidade dos músicos que, em era de ligações sem fios, estão livres para montar a sua própria coreografia. Assistimos assim, a Slash a rodopiar sobre si próprio e a atravessar o palco para interagir com os outros músicos, sem constrangimentos.

Não é gente de grandes discursos. A noite correu fluída, com os agradecimentos e as apresentações a chegar só próximo do final. Neste concerto, houve momentos de rock mais metálico, como em “Mind Your Manners”. E solos intermináveis em que Slash, que chamou a si o protagonismo, como em “Wicked Stone”, com o público a vibrar.

Percebe-se que é um público mais velho, que preenche o Campo Pequeno. Trouxeram as t-shirts pretas, de letras góticas, de diferentes bandas de metal. É uma espécie de noite para reunir a comunidade, que cresceu a ouvir rock pesado. Alguns já trazem os filhos pela mão e cantam as letras do mestre. Os pais bebem cerveja e os filhos comem pipocas.

“Back form Cali”, um dos primeiros temas da carreira a solo de Slash, é recebida com euforia. Myles Kennedy tem o timbre e a energia adequada ao lugar. Sabe puxar pelo público e ceder a posição da frente ao nome maior do cartaz , quando este dá o passo em frente e levanta o braço da guitarra para se fazer ouvir.

Há dois temas em que cede mesmo o microfone a Todd Kerns, baixista dos The Conspiracy, que reina num apocalíptico “We’re All Gonna Die” seguido de “Doctor Alibi”.

A noite teve também os seus momentos românticos. “Starlight” e “The One You Loved Is Gone”. Parece que os duros também precisam de uns momentos para descompressão dos males de amor.

Duas horas depois, começam as despedidas. O conhecido senhor de cabeleira escura farta, óculos de sol e cartola na cabeça, abriu a boca para agradecer ao público e para dar a sua opinião sobre o uso do recinto. “Para que haja mais concertos de música e que acabem com as touradas”.

“Anastasia” encerrou o concerto de forma épica.

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