Skunk Anansie – O Rock Reinvindicativo Voltou A Agitar Lisboa

Reportagem de Tânia Fernandes

Skunk Anansie em Lisboa

A celebrar 25 anos de carreira, os Skunk Anansie voltaram a Portugal. Atuaram no Porto, sexta-feira e repetiram a dose, em Lisboa, este sábado. Salas cheias para ver uma banda que combina atuações enérgicas com fortes convicções.

No final dos anos 90, Lisboa vibrava com a pose excêntrica e a atuação provocadora de Skin. Na pequena sala de Alcântara, a Gartejo, a frontwoman da banda explorava todos os cantos do espaço com o corpo, e espalhava palavras de ordem acutilantes. Ao longo dos anos, foi regressando ao país, a espaços maiores, mas sempre com uma energia inesgotável e grande (por vezes demasiada) proximidade com o público. Em 2017, assistimos a uma das suas habituais sessões de stage diving, no Coliseu de Lisboa, em atravessou a sala, nos braços do público. E foi só mesmo esta sua faceta que faltou, na noite de sábado, no espetáculo de Lisboa. Mas já quase no final do concerto, a cantora explicou que os procedimentos de segurança da época de pandemia que ainda vivemos, a impediam de o fazer. As restrições foram sendo eliminadas, mas ainda se impõe o distanciamento entre artistas e público.

Não lhe faltou espaço em palco para correr, dançar e saltar, como é habitual. Mantém as críticas na ponta da língua, mas é mais comedida na forma como o faz. Tornou-se modelo e musa para vários designers e já não de t-shirt que se apresenta em palco. É uma banda que tem conseguido evoluir aos longo dos anos, continua a tirar partido dos êxitos do início de carreira, mas acrescenta valor com o trabalho mais recente. E reivindica mais direitos e melhores condições para todos.

A primeira parte pelos New Pagans

A noite começou com a banda de rock irlandesa New Pagans. Vieram apresentar o trabalho de estreia, The Seed, The Vessel, The Roots and All que referiram várias vezes estar à venda, na bancada do hall. “Venham ter connosco no final do concerto!”. Num estilo entre o pós-punk e o indie rock tratam temas como os relacionamentos e a igualdade de género. Estavam muito felizes de atuar em palco, nesta digressão e relembraram que, uma vez que falharam a celebração nacional de St. Patricks Day, por estarem em viagem, convidavam todos os presentes a juntarem-se a eles depois, para beber um copo. Ou vários.

O regresso dos Skunk Anansie

Às 22h20 as luzes intensificaram-se, o volume do som voltou a subir e os Skunk Anansie entraram para cerca de duas horas de rock duro, sem grandes pausas.
A cabeça rapada de Skin encontrava-se tapada por uma espécie de capacete de medusa. Circulou de forma enérgica no palco, com a estrutura visualmente imponente a dar intensidade às palavras de “Yes It’s Fucking Political”.

Cass Lewis, o icónico baixista, estacionou numa extensão do palco, na lateral e deu o mote para o arranque de “And Here I Stand”. A noite oscilou entre momentos de explosão de fúria, em que Skin é acompanhada pelo público, que incentiva a saltar e aqueles momentos de intensidade, como foi o caso de “Because of You” em que a sua voz explora uma área de dor emocional, crua, mas livre de negatividade. Segue-se “I Can Dream” e Skin aproveita para agradecer a todos a presença. Nesta fase de regresso aos grandes concertos, sente-se grande intensidade de emoções. O público volta a sentir a liberdade de se expressar e sentir a música e os artistas voltam a poder fazer o que sabem.

Sem esquecer os êxitos do início, fez o público vibrar com “Weak”, “Twisted (Everyday Hurts)” e “My Ugly Boy”. Mas reforçou que não vivem só de êxitos do passado. Lançaram esta semana um novo single, “Can’t Take You Anywhere” e mais tarde “Piggy”, para o qual pediram dois voluntários, a quem deram máscaras adequadas e pediram a colaboração para a gravação de um videoclip (interpretações irrepreensíveis!).

“Hedonism (Just Because You feel Good) foi outro ponto alto da noite e mais tarde recuperaram “Brazen” com os arranjos originais de orquestra.

Criticas à intolerância religiosa, ao Brexit, à pandemia e à guerra estiveram na linha de reivindicações da noite. Despediram-se com riffs colossais e em ritmo turbo com uma abordagem muito bem recebida de “Highway to Hell” dos AC/DC, seguida de “The Skank Heads”, com toda a gente de braços no ar e “Little Baby Swastikkka”.

A digressão dos Skunk Anansie segue estrada pela Europa, com concertos agendados em Espanha, Reino Unido, Países Baixos, Alemanha, França, Bélgica, Islândia, Polónia, Eslováquia, Suíça, Croácia, Itália, Dinamarca, Luxemburgo, República Checa e Áustria.

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