O punk rock não morreu, foi a lição que Iggy Pop deu no segundo dia de Festival Super Bock Super Rock. Mas muito mais houve para ver e ouvir, nesta sexta-feira, como os britânicos Massive Attack & Young Fathers, e onde se destacaram ainda Bloc Party, Rhye, Mac Demarco e os portugueses Capitão Fausto.

A lenda do punk rock não vai para nova, mas o espírito mantêm-se bem aceso. Iggy Pop completou 69 anos e apesar de se perceber que, fisicamente, apresenta alguns constrangimentos, nada o detém. Dança, corre, salta, cospe, atira garrafas cheias para o meio do público e distribui mimos: “fuck you! fuck you! fuck you”. Um verdadeiro animal do rock que o Super Bock Super Rock teve o privilégio de receber.

Entrou no palco, de rompante, em tronco nu, espelho de uma vida que deixou marcas no corpo, mas que não procura esconder. É com dois temas dos The Stooges que padroniza as expectativas: “No Fun” e depois “I Wanna Be Your Dog”. Neste segundo tema desce ao público. É uma das muitas vezes que procura um contacto mais próximo e direto com os fãs que deliram com este “avô” tão pouco convencional.

“The Passenger é um hino que se fez ouvir bem alto, apesar de os decibéis já estarem nivelados pelo Everest… Ele estende o microfone na direção da plateia, e com a outra mão incita a que o acompanhem no refrão: “la la la la lalalala”.

A loucura continua em crescendo para “Lust for Life”, tema de 1977 que chegou às mais recentes gerações através da banda sonora de Trainspotting. Na loucura da correria pelo palco tropeça numa das colunas e cai desamparado de joelhos no chão. Mas nada o trava. Fica a dançar no chão até se recompor e voltar ao frenesim. “Five Foot One”, “Sixteen”, “Skull Ring” e depois mais uma dos The Stooges, “1969”. Algumas gerações separam o público do homem que está em palco, mas há uma sintonia na forma como se sente e vive a musica. Mergulha novamente na plateia por todas as entradas possíveis em “Real Wild Child”. E quando sobe ao palco faz questão de acenar freneticamente a quem assiste da bancada “hellooooooo!”. Vai depois buscar uma cadeira para alguma encenação teatral em “Nightclubbing”, encaixa o microfone nas calças e dança de forma provocadora.

Volta ao punk e mostra-se cada vez mais entusiasmado com os círculos que se abrem na multidão de slam dancing e mosh “I  love to see you rockin’!” diz.

É uma banda discreta que o acompanha, mas que ele faz questão de apresentar. Vestidos de preto, tocam com alguma proximidade, numa posição recuada, como se houvesse uma linha imaginária no chão, a dar espaço à estrela, na frente de palco.

“Ceasar” do álbum de American Ceaser é o personagem que encarna já na reta final. Tempo ainda para apresentar um dos novos temas, “Sunday” do álbum Post Pop Depression, editado este ano, com produção de  Josh Homme, vocalista e guitarrista dos Queens of the Stone Age.
Para a despedida, “Search and Destroy” mais um velhinho que data de 1972. Já com a banda fora do palco Iggy continua a alimentar-se de aplausos e a dançar de forma sugestiva. É inacreditável a vitalidade que apresenta. A reforma não parece estar no horizonte e acreditamos que podemos continuar a ter mais de Iggy Pop!

Bloc PartyAntes, no Meo Arena, assistimos ao regresso dos ingleses Bloc Party para apresentar o novo álbum “HYMNS”. E o concerto de abertura do palco Super Bock incidiu sobre este último trabalho, mostrando que os inicialmente inspirados em Joy Division e New Order, estão diferentes. Algumas músicas mais conhecidas foram esquecidas e só “Banquet” fez saltar todos os que marcavam presença no morno concerto.

A contar com um quarto de século de carreira, os britânicos Massive Attack fizeram-se acompanhar pelo trio escocês Young Fathers, num concerto sob o nome de Massive Attack & Young Fathers. Com uma eletrónica inebriante e hipnótica chamada em tempos de trip hop, apresentaram algumas músicas do novo trabalho “Ritual Spirit”. Mas o concerto foi mais do que o novo álbum com uma integração perfeita das vozes do trio Young Fathers, brindando todos com ritmos fortes. Os concertos dos Massive Attack são também formas de agitar as mentes e convicções de todos, cheio de mensagens políticas mais sérias, misturado com outras mais a brincar sobre Luciana Abreu ou sobre a filha de José Mourinho. Mas o tema principal das mensagens foi o terrorismo, tendo dedicado uma música às vítimas do atentado em Nice, culminando o concerto com a forte mensagem de “Estamos Juntos”.

O palco EDP encerrou em polvorosa com o canadiano Mac Demarco, um dos músicos mais reconhecidos da música independente. Num concerto com muita interação com o público, talvez com excessiva conversa e brincadeiras entre os elementos da banda, o público foi reagindo com agrado ao reportório musical enérgico e cheio de boas vibrações.

Antes, Kwabs demonstrou porque é reconhecido como um dos nomes emergentes da música inglesa, onde mistura R&B e Gospel com um soul eletrónico. Também o duo Rhye aqueceu a plateia com as good vibes oriundas da reconhecida sonoridade jazz e R&B. “Open” e “The Fall”, as mais conhecidas, levaram o público a viajar num transe de uma elegância melódica.

No palco EDP passaram ainda Petite Noir, com a sua auto-denomiada “noirwave” e o exótico delírio punk Pás de Problème, a fazer lembrar sons de Emir Kusturica.

No palco Antena 3, atuaram os Basset Hounds com o seu pop psicadélico, o rock tropical do trio do Barreiro Pista e o quarteto de Barcelos com o apaixonante e irreverente garage rock dos Glockenwise. O palco Antena 3 fechou o 2º dia do SBSR com os já consagrados e reconhecidos Capitão Fausto, que trouxeram para apresentar ao vivo o mais recente trabalho “Capitão Fausto têm os dias contados”.

Super Bock Super Rock 2016

O último dia do 22º SBSR, com bilheteira esgotada há semanas, muito por força da presença do rapper do momento, Kendrick Lamar, vai contar ainda com o colectivo hip hop De La Soul e com um tributo a Prince, por Moullinex. Também em destaque no 3º dia do 22º SBSR estarão os portugueses Orelha Negra, Capicua e GNR, com o 30º aniversário de “Psicopátria”.

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