Blur a Provocar a Euforia no Segundo Dia de Festival Super Bock Super Rock

Blur

No 2º dia do 21º SBSR aguardava-se com muita expectativa Blur, os cabeça de cartaz, mas também os menos conhecidos Benjamin Clementine, Savages, Bombay Bicycle Club, e naturalmente o dueto de Jorge Palma e Sérgio Godinho.
No palco EDP, Benjamin Clementine encantou o muito público presente, ainda o sol escondido por trás das nuvens passeava alto no céu. Com uma história de vida singular, o artista nascido em Londres vagueou por Paris por um período de tempo, cativou o público com os seus ritmos poéticos que misturam uma panóplia de sentimentos ao longo das músicas. Tal como no álbum At Least for Now, lançado este ano, em palco explora toda a plenitude da sua portentosa voz, já comparada à de Nina Simone e Edith Piaf. Um artista a ver, rever e ouvir com muita atenção.
Os americanos The Drums, abriram o dia do palco Super Bock com o indie pop que os caracteriza. A acústica deste palco não tem ajudado as bandas. Algo que é realçado ainda mais quando se encontra pouca gente no recinto, tal como no concerto deste duo nova iorquino. Ainda assim brilhou na atuação “I Can’t Pretend”, o segundo single do terceiro álbum lançado em setembro passado, Encyclopedia.
Após a passagem de Kindness pelo palco EDP, em que se destacava o fato azul de Adam Bainbridge misturado com o groove funk da banda, este foi “assaltado” pelas Savages. A banda pós-punk feminina, encheu um palco em tons monocromáticos que se tornava pequeno a cada minuto da atuação, tal a energia, a força e mensagens arrasadoras das letras, bem demonstradas logo de entrada em “City’s Full”. Num concerto em que foi explorado o único álbum deste quarteto londrino, Silence Yourself, ainda se ouviram algumas canções novas e os rasgados elogios ao público português por parte da vocalista Jehnny Beth.

 

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Jorge Palma e Sérgio Godinho voltaram a fazer o dueto que maravilhou quem assistiu aos concertos no Centro Cultural Olga Cadaval, em maio. Estes dois monstros da música portuguesa demonstram ser uma dupla entrosada, que se parece entender às mil maravilhas em palco. Alternando as músicas do reportório de cada um, da mesma forma que alternavam a colocação dos óculos para acompanharem as letras das músicas do companheiro de palco, Palma e Godinho foram cativando e envolvendo o público presente, com as conhecidas músicas e letras fortes, e algumas mensagens nas entrelinhas como em “Os Conquistadores” ou em “Só”. Com Jorge Palma a saltar entre a guitarra acústica e o piano, começaram por tocar “Dá-me Lume” e “Minha Senhora da Solidão”, e mais tarde “Frágil”, “Só” e “Terra dos Sonhos”, sempre acompanhados pelo público e muito aplaudidas! Já Sérgio Godinho teve as honras de abrir o concerto com duas músicas, “Lá em Baixo” e “Mudemos de Assunto”. Foi em “Elixir da Eterna Juventude” e “O Primeiro Dia” que o público mais participou, sendo neste ponto apenas ultrapassadas pela sede de “Liberdade” que vivemos a cada dia, a cada momento. “Deixa-me Rir”, serviu de uma espécie de introdução para um “Portugal, Portugal” que espera e desespera por algo com “um pé numa galera e outro no fundo do mar”. O concertou encerrou cheio de carisma e de motivação para todos em “A Gente Vai Continuar”, porque afinal “enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar, enquanto houver estrada para andar”.
Os belgas dEUS entraram no palco Super Bock com uma moldura humana muito agradável que os esperava. Bem sabemos que, muitos guardavam já lugar para os muitos esperados Blur, mas o público presente era conhecedor das músicas desta banda que passa muito tempo em Portugal. Disto foi prova as inúmeras intervenções de Tom Barman num português fluente e perceptível. Com o greatest hits lançado em 2014, com o nome Selected Songs 1994-2014, como alinhamento para o concerto, os dEUS recordaram as músicas que os tornaram conhecidos nos anos 90.
A encerrar o dia no palco EDP, Bombay Bicycle Club puxou do seu indie rock, alegre, divertido, espontâneo, e fizeram o público não arredar pé sob a pala do Pavilhão de Portugal. Com o último álbum lançado em 2014, So Long, See You Tomorrow,  puxaram por “Overdone” e “It’s Alright Now”, para ao longo do concerto não esquecerem músicas de álbuns anteriores, como “Shuffle”, “Lighs Out, Words Gone”. Tal como começaram, foram ao último álbum buscar a energia positiva e contagiante de “Carry Me” para encerrar um concerto que contou ainda com divertidas animações no fundo do palco.

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Havia tanta coisa para dizer sobre o concerto de Blur, mas… não temos tempo! Apenas e só porque o tempo do concerto passou a correr, nem se deu conta que a banda de Damon Albarn passou quase 120 minutos em palco (para os identificados, o equivalente a um jogo de futebol com direito a prolongamento), tal o alinhamento do concerto que não dava tempo para respirar entre duas músicas, qual delas mais conhecida. Não é indiferente o facto dos Blur terem mais de 25 anos de carreira, e de não serem mais os garotos londrinos irreverentes e inovadores dos anos 90, ou de terem acumulado sucessos atrás de sucessos musicais, ainda hoje atuais. Prova disto os muitos jovens presentes no palco Super Bock que certamente não eram ainda nascidos quando foi lançada em 1991 “There’s No Other Way”, que abriu o concerto logo após “Go Out”, um dos singles do último álbum Magic Whip, lançado já este ano.
Num palco decorado com gigantes cones de gelados coloridos, e com três octógonos (facilmente associados à “Dharma Initiative” da série Lost), ao som de um prolongado xilofone, qual música de embalar, entram os Blur. Damon Albarn, com um blusão muito anos 90 e com a mesma irreverência desses anos a atirar água para o público, uma, duas, três, quatro vezes. O concerto desenrolou-se entre as músicas do último álbum, “Lonesome Street” e muitos dos sucessos da banda “Coffe & TV”. Quando chega “Beetledum”, Damon decide convidar um fã para vir cantar ao palco, mas «preciso de ter a certeza que sabes a letra, só para não fazeres figura de parvo», diz. Ainda não era o momento! Damon Albarn decide aproximar-se dos fãs, depois de atirar mais um pouco de água para o público, e a música “Trimm Trabb” desenrola-se toda aí, junto aos fãs num corredor apropriado para o efeito. E prossegue ao mesmo ritmo acelerado com “He Thought of Cars”, “End of a Century”, “Tender” e “Troublr in the Message Centre”.
E chega o tal momento de ir um fã ao palco, quando Damon diz “Your time is coming!”. E eis que sobe um fã ao palco, com uns tropeções em resultado de um nervosismo e excitação difícil de esconder. Com “Parklife”, temos a extrema dedicação do fã a cantar não só o refrão quando o microfone lhe chegava, como toda a música. E pelo meio, a correria no palco atrás de um Damon Albarn que aparentava ser o coelhinho do anúncio das pilhas inesgotáveis. A presença em palco do fã acaba entre cumprimentos a toda a banda, com um forte abraço ao vocalista.
Seguiu-se “Ong Ong”, que serviu para acalmar um pouco e baixar os níveis de adrenalina. Mas durou pouco tempo, pois logo após a saudável loucura instala-se no Meo Arena, com “Song 2”. Muitos empurrões na plateia, algumas pequenas clareiras, mas tudo a decorrer sem problemas de maior.
O encore, muito esperado pois faltavam ainda alguns dos grandes sucessos dos Blur, começa com “Stereotypes” e é seguido de imediato por “Girls & Boys”. Nas bancadas todos de pé a cantar e a dançar este grande sucesso lançado em 1994. O concerto aproximava-se do fim, mas ainda havia tempo para “For Tomorrow” e para finalizar com “The Universal”.
Não durou 5 horas, como o recente concerto na Dinamarca, em que Damon Albarn se recusava a sair do palco, mas foi sem sombra de dúvidas um concerto memorável dos Blur, e que podemos considerar como um dos melhores deste ano em Portugal, até ao momento. A energia, força e garra de toda a banda, a disponibilidade e alegria em palco, continuam a ser uma imagem de marca da banda, em conjugação com o rock alternativo, funcionam perfeitamente.
Talvez tenham faltado êxitos como “Country House” ou “Charmless Man”, mas como se ouvia dizer à saída «Blur, foi um concerto do caraças».
 
No palco Antena 3, marcou presença o vencedor do concurso de bandas Anthony Left, bem como White Haus, Da Chick e Best Youth.
Este sábado, no terceiro e último dia, as despedidas do 21º SBSR vão ficar a cargo de Florence + The Machine. Antes ainda teremos Franz Ferninand & Sparks, Crystal Fighters, e a voz doce de Malu Magalhães com a Banda de Mar.
Reportagem de António Silva, Pedro Fonseca e Tânia Fernandes
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