Rock, metal, stoner, mas também sons mais psicadélicos passaram, durante três dias, nos palcos do Reverence Festival. Esta segunda edição iniciou a 27 de agosto, no parque de merendas em Valada, e vou a trazer os mais fieis e genuínos festivaleiros.
Na quinta-feira sete bandas animaram os primeiros festivaleiros, no palco Rio. O recinto, constituído por três palcos, teve este ano novidades como a Feira das Almas, mais demonstrações, espaço para street art e o Cinema Reverence. O ambiente de festival continua fiel à sua origem, com enorme facilidade e gosto por circular em todo o recinto, podendo o festivaleiro estrategicamente seguir todas as bandas distribuídas pelos 3 palcos. A zona da restauração sem confusão, tinha nesta edição sugestões mais tradicionais como o porco assado no espeto. O parque das merendas permite, a todos, usufruir de um espaço à sombra com o início das primeiras bandas, ainda com o sol muito alto.
Bom Marido iniciaram o encadeamento das bandas, mas o recinto compôs-se com os esperados Stoned Jesus. Seguiram-se os também aguardados Grave Pleasures que apesar de alguns problemas de som, o público não deixou Mat McNerney abrandar. As guitarras soaram e chamaram mais gente com os Chetahs que deram aquecimento ao concerto tão esperado de Process of Guilt. Com os amantes do metal e stoner a compor o público estes rapazes que não tocam música para meninos, chegaram e arrasaram. Este concerto só igualado a Bizarra Locomotiva, com o Sidónio a descer ao público, na sua figura sempre estonteante e imprevisível que faz com que estes rapazes sejam um culto. Sempre com a preocupação, neste primeiro dia, de tocar aos gostos de todos os estilos e amantes de rock, os psych-fuzz trio Black Rainbows são a prova. Ainda a destacar a simplicidade do dream-pop dos Alcest, passando pelo cenário visual original dos Ufomamnut. Os amantes de rock velha guarda tiveram também no palco Reverence Jon Spencer Blues Explosition que, como se ouvia comentar no público, “a melhor banda de sempre”.
Os tão aguardados Sleep não se fizeram esperar entrando em palco pouco antes da 01h00 da manhã e fazendo com que grande parte do público no recinto se juntasse no palco Reverence para ouvir o baixo de Al Cisneros e a figura subtilmente provocadora de Matt Pike. Tocaram mais de uma hora deixando de alma cheia os amantes destes senhores da Califórnia que fazem puro stoner. Na noite avançada seguiram-se sons mais eletrónicos, elegantes distorções com Ancient River e Eletric Eye. O recinto começa a esvaziar pela 03h00, mas Saturnia movimenta os resistentes, já sentados, mas embalados ao som destes portugueses. A noite termina com o sol a descobrir ao som de Sunrise Jam Session. O campismo acolhedoramente desordenado espera os resistentes para o último dia deste Festival, ao natural e que acolhe, à semelhança da edição passada, festivaleiros de outros países e de todas as idades, que nasceram com o rock.
O último dia de festival do Reverence inicia com um recinto mais vazio e com os festivaleiros a circular lentamente e a usufruir da relva para descansar, num clima quente e abafado, apesar de junto ao rio. O palco Praia inicia a ordem de trabalhos com Celica XX e Jennifer. Com o espaço de restauração e das artes performativas a atrair a atenção, enquanto o ambiente aquece para mais uma noite de rock… O público começa a chegar e Samsara Blues Experiment tocam para uma plateia considerável que aplaude estes rapazes alemães a fazer psyche e doom rock desde 2007. Os portugueses The Jack Shits e as suas guitarras animam e comunicam com um público, que apesar de escasso, no palco Praia, revela verdadeiros fãs a gritar as letras e a aplaudir! O palco Reverence abre com 10000 Russos e o seu som distorcido e as posturas em palco enigmáticas deste trio português. O público move-se em direção ao palco Praia à procura do som The Act-ups. Mesmo que desconhecidos, a sonoridade das guitarras e a voz não deixam ninguém indiferente. O auge do experimental psychedelic rock foi ao som de One Unique Signal.
O último dia do festival possibilitou uma multiplicidade de sons agradando a públicos diversos que se entusiasmavam ou aguardavam mais uma bandado que outra, e que inevitavelmente descobrem um ou outro som, que os leva a procurar no alinhamento ou a perguntar quem são e de onde vêm…Este último dia foi dos portugueses, dando-se o apogeu no palco Reverence com a prestação de Sean Riley & The Slowriders. Os admiradores aclamaram, os que os ouviam pela primeira vez dançaram. Bastante comunicativos, os rapazes agradeceram o concerto num cenário ideal! O concerto mais aguardado pelos que adoram e pelos curiosos acontecia no palco Reverence, cheio, com os Amon Düül II. Estes senhores fizeram justiça à excentricidade da origem da banda…
O rock surgiu admiravelmente pelos italianos Calibro 35 que captaram atenção numa mistura de funk, jazz que soava a diálogo entre todos os músicos numa sintonia perfeita. Os internacionais The Horrors fizeram a sua entrada à 01h00 no palco principal, com um concerto por muitos aguardado, com enorme espetáculo de sons e luzes que fizeram estes rapazes brilhar, no seu ar pop british! Com um historial considerável de discos editados testemunharam o sucesso conseguido! O metal rock seguia-se com os mais recentes Lâmina, e com a certeza de que estes rapazes e rapariga (bateria) vão dar que falar! O palco Rio acolhe as últimas bandas da noite como Eletric Moon e Magic Castles que embalam os resistentes num fim-de-semana que já vai longo!
Acid Acid terminam este festival entrando em placo às 05h15 e ecoando sons pelo campismo e pelo sfestivaleiros que se afastam na esperança de que esta segunda edição seja a afirmação de um festival que veio para ficar!
Reportagem de Marina Costa (Texto e Fotos)