Os Deolinda Regressaram Ao Coliseu Com Outras Histórias, Alegrias E Harmonias

Reportagem de Diana Catalino (Texto) e Carlos Paixão (Fotos)

Os Deolinda não dão ponta sem nó. A qualidade musical que assinalam com dez de anos de existência ficou bem vincada no espetáculo que apresentaram no Coliseu dos Recreios, no sábado passado.

O inverno ficou lá fora, porque Ana Bacalhau decidiu que se vestiria de vermelho para uma noite elegante e quente de janeiro. A vocalista, logo nos primeiros versos, demonstra que é natural encher a sala com a sua voz, com a sua presença, com o seu carisma e sorriso gracioso, que a todos contagia. Esta presença em palco, é assim porque partilha o palco com quatro grandes músicos que asseguram que até nos improvisos há sempre um porto seguro, para uma viagem por dez anos de quatro grandes álbuns e muita estrada.

“Não Sei Falar De Amor”, “Lisboa Não É Cidade Perfeita” e “O Fado Não É Mau” são as primeiras da noite e também da vida dos Deolinda, aproveitando Ana Bacalhau por nos relembrar a todos o primeiro ensaio, ali para os lados do Magoito.

Se a interação com o público foi uma constante, a vocalista da banda começa por querer saber quem de entre milhares, que “hoje” enchem o Coliseu, também estivera no primeiro concerto que aconteceu num bar junto ao Castelo de S. Jorge.

Se em “Mal por mal” a letra diga que “mas não quero seguir ninguém” muitos de nós no início dos Deolinda nos lembrávamos de Teresa Salgueiro (Madredeus) e até dos Sitiados. Mas com sons como os de “A Problemática Colocação de um mastro”, “Semáforo da João XXI” ou a “Musiquinha” demonstram que seguiram um caminho diferente e se afirmam em nome próprio.

“Musiquinha” termina mesmo com um momento de rock psicadélico que nos confirma que os Deolinda nos fazem finalmente viajar por uma riqueza musical concretizada com muito bom gosto.

“Pois foi” é o momento ideal para Ana Bacalhau demonstrar o quão confortável está em palco e como a sua expressividade também conquista o público, que de seguida se deixa conduzir por mais dois momentos grandes da noite: “Cozinha de Verão” e “A manta para dois”.

A cumplicidade com o público é ainda mais evidente em “Berbicacho”. É nesta música que o público entra num loop de refrão, que demonstrou que a plateia estava bem ensaiada e sabe ao que veio.

Esta era noite em que filhos, para lá dos seus trintas, saíram à noite com os pais para ouvir os mesmos sons e dançar ao som de “Avó da Maria” e “A Velha e o dj”, músicas do último álbum Outras Histórias. É aqui que Ana Bacalhau se apercebe que se enganou no alinhamento, nada que não se recomponha com o “Seja Agora”. Mais um grande momento da noite aproveitado pela vocalista para apresentar a banda de sempre e o “adotado” Sérgio Nascimento (quem não se lembra deste grande baterista associado a David Fonseca e Sérgio Godinho).

“Movimento Perpétuo” é o mote para que os Deolinda se despeçam por breves momentos para logo de seguida iniciarem o primeiro encore.

Para o final de um grande espetáculo ficou reservado “Fon-Fon-Fon” e “Um Contra o Outro”. Após quase duas horas de espetáculo é momento de o público se levantar e de os Deolinda se aproximarem e como diz Ana tocarem “mais perto dos senhores”. Puxam-se cadeiras e instrumentos para a frente do palco e a cumplicidade entre a banda e o seu público atingia o auge.

A festa do 10º aniversário dos Deolinda terminou com “Fado Toninho” que é mote para uma longa lista de agradecimentos em que Ana Bacalhau, em nome da banda (Pedro da Silva Martins, Luís José Martins, José Pedro Leitão e Sergio Nascimento), agradece à família, amigos e público sem o qual não teriam mais uma vez chegado ao Coliseu dos Recreios.

“Dançar de Olhos Fechados” é a última música porque é desta forma que o público abandona a sala depois da merecida e longa ovação de pé para os Deolinda.

Sabemos que os Deolinda ainda nos vão dar muitas alegrias e que as harmonias das ruelas de calçada de Lisboa e os sons do mundo ainda nos serão apresentados por esta banda, que por certo regressará novamente no Coliseu… afinal não há duas sem três.

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