Optimus Alive – Dia 3: O regresso dos Radiohead

Reportagem de Sara Peralta (Textos) e Sara Santos (Fotos)

Em dia esgotado, foram muitos mais os festivaleiros que acorreram mais cedo ao Passeio Marítimo de Algés nesta tarde de domingo.

Os portugueses Paus abriram o palco principal agradando a uma plateia bem composta, numa atuação bem ritmada com o apoio da sua bateria tocada a quatro mãos, convidando o público a dançar, e até a despir as camisolas aquando de “Tronco Nu”, animando a multidão com “Muito Mais Gente” e “Pelo Pulso”, entre outras.

O dia começara com o soul de Eli “Paperboy” Reed, o rock com guitarras portuguesas do disco “Sogra” dos Laia, uma performance roqueira a solo de Miles Kane, e os portuenses Best Youth.

As Warpaint actuaram no palco Heineken com o que pareceu ser menos dedicação do que no último concerto em solo nacional e alguns problemas de som, mas conquistaram os fãs com “Undertown” e “Composure”, e enquanto Márcia presenteava um público numeroso no Optimus Clubbing com os temas do seu álbum “Dá” (apoiados pelo coro dos presentes), já os The Kooks haviam subido ao palco principal.

A banda britânica voltou a animar o público português com os seus temas de um indie rock popular a chamar para a dança e saltos, e a fazer as delícias da sua base de fãs feminina, enquanto Luke Pritchard dançava de forma peculiar em palco. Com uma boa presença e a aquecer o fim de tarde do Alive, a banda de Pritchard com certeza deixou muitas meninas felizes enquanto este cantava ‘I wanna make you happy’ em “Junk of the Heart (Happy)” – acedendo ao desejo de um cartaz entre a plateia onde se lia ‘Luke will you make us happy?’. Abrindo com “Seaside”, passaram por “Sofa Song”, “Do You Wanna” e “She Moves in Her Own Way”, e encerraram com o inevitável “Naïve”.

Os Maccabees fizeram saltar a enchente que se formou no palco Heineken ao som de “Can You Give It”, ao passo que o multi-instrumentista B Fachada apresentou o seu sentido reportório no Optimus Clubbing, para os fãs de discos como o seu homónimo ou “Um Fim-de-Semana no Pónei Dourado”. Mazzy Star, com Hope Sandoval de pandeireta em punho, seguiram-se aos Maccabees, tocando os seus êxitos para uma plateia cada vez mais escassa à medida que se aproximava o concerto de Radiohead.

Mas antes esteve no palco principal Caribou, que tem feito as honras de abertura na digressão de Radiohead. Perante uma multidão que se aglomerava junto ao palco mais para marcar lugar do que para assistir ao acto liderado por Dan Snaith, este dominava sintetizadores frente ao guitarrista, teclista e baterista que tocavam concentrados no centro do palco virados uns para os outros, visitando os temas do seu último álbum “Swim”. Com uma electrónica que não conquistou naquele grande palco antes do anoitecer, Caribou encerrou com “Swim”, após a mais conhecida “Odessa”, ou “Leave House”.

Às 22h30 entram em cena os muito aguardados Radiohead, após uma década de ausência dos palcos portugueses.

Com fama de sobra desde o êxito do single “Creep”, a banda de Thom Yorke não tem receio nenhum em explorar diferentes sonoridades, sempre inovando, sendo apelidados de génios, e reinventando-se com frequência. Após uma sucessão de álbuns bem recebidos e o clássico “OK Computer”, o grupo não repete a fórmula, não quer saber do que será ou não comercial, não se deixa etiquetar, e, continua a ter o público na mão – como se confirma pelas 55 mil pessoas que marcaram presença em Algés. E sem outras bandas a actuar ao mesmo tempo, as atenções estavam mais que seguramente centradas neles.

Os britânicos abriram com “Bloom” do mais recente “The King Of Limbs”, apresentando um alinhamento dominado por este último álbum e maioritariamente pós-“OK Computer”. Porém não esqueceram o referido disco, presenteando os fãs com “Exit Music (For a Film)”, “Lucky” e “Paranoid Android”.

Uma bela “Separator”, uma explosiva “Bodysnatchers”, uma introdução com “The One I Love” dos R.E.M. antes de “Everything In It’s Right Place” e “Idioteque”, ou “Reckoner”, agarram o público que pode ainda admirar o incrível jogo de luz e vídeo, sendo visíveis nos ecrãs laterais todos os elementos da banda, divididos por quadrículas e rodeados de luzes mutáveis (pena que tais ecrãs tão cheios de informação não consolassem quem não conseguia ter vista desimpedida para um Thom Yorke de braços ondulantes à beira do palco, entregando-se à sua música).

Os Radiohead seguem o seu próprio caminho evoluindo no sentido que mais lhes aprouver, dedicados à sua arte, e continuam a agarrar fãs, enquanto mostram uma execução louvável e verdadeira dedicação em palco. Não falam muito, mas confessaram reconhecer que 10 anos é muito tempo, e prometeram tentar regressar dentro de menos tempo.

Pouco antes do final do concerto de Radiohead, subiam ao palco Heineken os SBTRKT para dar uma pitada de discoteca ao espaço, e Carbon Airways invadiam o Optimus Clubbing.

E à 1h30 era a dupla de  Alison Mosshart e Jamie Hince que enchiam a Heineken para um grande momento roqueiro. Abrindo com “No Wow”, os The Kills, acompanhados de dois percussionistas, focaram-se em êxitos do último álbum, mas não esqueceram “Kissy Kissy”, “Tape Song”, “Fuck The People”, ou “Monkey 23”, passando por “Heart is a Beating Drum” e “The Last Goodbye”. Pelo meio, a vocalista interrompeu a actuação para se certificar de que estava tudo bem com um espectador que havia desmaiado, apenas retomando a mesma após este ser levado para o backstage, num momento admirado pelos presentes. Frente a uma plateia completamente rendida, a dupla ficou visivelmente emocionada, levando Alison a exclamar “You guys are fucking amazing!”, satisfeita com a recepção.

Após as actuações de Moullinex + Xinobi e de Seth Troxler no Optimus Clubbing, foi a vez de Metronomy – apesar da hora tardia – provocarem outra enchente no palco Heineken. Já depois das 3h da manhã, a dita tenda entrava assim ao rubro ao som do colectivo electrónico que, com “Radio Latio”, encerrou esta edição do Optimus Alive.

O Optimus Alive regressa em 2013, a 12, 13 e 14 de julho para mais uma edição que promete ser memorável, no Passeio Marítimo de Algés.

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