Open House Porto – As Cidades Vistas Por Dentro

A 4ª edição do Open House Porto chega nos dias 30 de junho e 1 de julho às três cidades da área metropolitana do Grande Porto. Matosinhos, Porto e Gaia abrem as portas a 65 espaços, normalmente interditos ao grande público. Sob o tema “A Indústria”, o roteiro desta edição faz-se da ligação entre a arquitetura e o trabalho, com espaços que contam histórias e estórias que se cruzam entre espaços. Fábricas em laboração, edifícios industriais transformados em habitação, comércio ou turismo, estruturas reconvertidas e espaços industriais votados ao esquecimento e à ruína são algumas das propostas para um fim de semana em que a arquitetura está de portas abertas.

O Open House Porto (OHP) é o “único no mundo a funcionar em três cidades em simultâneo” referiu Nuno Sampaio, diretor executivo da Casa da Arquitetura (CA), em Matosinhos, aquando a apresentação à imprensa, lembrando que esta é a primeira edição do OHP com a CA já concluída, pelo que “no dia 29 de junho far-se-á nesse novo espaço a estreia do evento com apresentação pública do roteiro e um espetáculo de animação”. Uma edição que põe em destaque o “Porto Industrial, a cidade do trabalho. Com duas grandes áreas de intervenção – um programa de visitas e um programa de atividades, que procuram levar a arquitetura a todos, com espaços de inclusão e áreas pedagógicas que possam fomentar, no público em geral, o gosto pela arte”. “Visitas temáticas, sunset parties, exposições e atividades lúdicas são algumas das propostas do Programa Plus”, um programa paralelo que alia conhecimento e diversão.

“A parceria entre as três câmaras municipais define o OHP” diz Nuno Sampaio, um evento que “só é possível pelo trabalho, dedicação e empenho dos curadores desta edição, Inês Moreira e João Paulo Rapagão, dos membros da produção, dos mais de 100 especialistas e arquitetos para as visitas orientadas e dos mais de 270 voluntários para as visitas livres e outras atividades”.

“O Open House é um festival da arquitetura iniciado em Londres há mais de 25 anos com o intuito de dar a conhecer a cidade aos seus habitantes” contextualiza João Paulo Aragão, “A edição de 2018 do OHP pretende dar a conhecer a indústria atual e os vestígios industriais de estruturas e edifícios das três cidades, abordar a industrialização e a desindustrialização citadinas e ainda criar narrativas que cruzem os edifícios visitados”. Os espaços foram escolhidos “pela relação de proximidade, de forma a facilitar as visitas, pelas leituras arquitetónicas e industriais que cada um oferece, bem como pelas condições de segurança e higiene de cada edifício.”

“Esta é uma oportunidade única de visitar espaços que não estão acessíveis ao público, já que dois terços dos edifícios são propriedades privadas” relembra a comissária Inês Moreira, que sugere um “estudo prévio do roteiro antes da visita, para enquadrar o edifício e a sua história, para saber os horários e planificar um trajeto que permita a visita ao máximo de espaços possíveis”. Partindo da divulgação arquitetónica, o roteiro pretende, de uma forma pedagógica e divertida, abrir as portas de um Grande Porto desconhecido.

Como curiosidade e apelo aos visitantes, ficam algumas informações desta iniciativa organizada pela CA, com apoio das Câmaras Municipais e parcerias com diversas entidades: O OHP 2018 apresenta um roteiro com 65 espaços, sendo 9 fábricas em laboração, 17 estruturas reconvertidas, 13 espaços industriais à espera de reconversão, entre outros, com visitas em horários normal e noturno.”

Numa edição que pretende ultrapassar os 25 000 visitantes do ano anterior, o OHP quer “dar a conhecer e estimular o interesse de todos pela arquitetura através de visitas gratuitas e orientadas a espaços selecionados pela sua relevância arquitetónica e histórica”.

O roteiro, horários, atividades paralelas e outras informações podem ser consultadas na página do Open House Porto.

O C&H foi visitar três dos 65 espaços, um em cada cidade, cada um com uma funcionalidade, tipologia e estrutura diferentes, com indústria ainda ativa, reinventada e transformada. Pela fresta de uma porta que se abrirá totalmente, nos dias 30 de junho e 1 de julho, mostramos-lhe um pouco do tanto que poderá visitar. Prepare-se para uma viagem pelo espaço e pelo tempo!

Germen – Fábrica de Moagem, em Matosinhos

Um espaço industrial ativo onde se observa a íntima relação entre arquitetura, maquinaria e engenharia. Um conjunto de edifícios construídos em diferentes épocas, instalado no centro urbano e central de Matosinhos. Uma visita que passa pela moagem e termina na prova na padaria experimental. Paredes em granito, piso em madeira, escadas em caracol e corrimões de madeira acolhem a tecnologia mais evoluída do setor, numa simbiose entre o antigo e o moderno. Pilares em metal e estruturas reforçadas devido à trepidação das máquinas de moagem afastam a ideia das antigas mós e moinhos de pedra, sem perder o encanto de um espaço único. Uma visita que lhe deixará água na boca e que poderá saciar no final com a degustação dos vários tipos de pão produzidos na padaria experimental da Germen.

Atelier Des Créateurs, no Porto

Antiga sede da Young Men’s Christian Association (YMCA), inaugurado em 1903, o edifício adaptou-se ao longo dos anos e transformou-se num espaço industrial de excelência.

No palacete, sede do famoso clube inglês, foram recuperados, há 11 anos, um pátio traseiro e um acesso à cobertura. O antigo ginásio é hoje uma zona de corte, o saguão de ventilação foi utilizado para passagem de cabos, uma escada de serviço permite acesso a todos os pisos, as vigas de madeira da cobertura foram reforçadas com estruturas metálicas, numa inclinação de teto pouco comum no Porto, o balcão que servia para assistir aos espetáculos e cultos da seita religiosas é hoje uma zona de prensa com vigas e espaços abertos preservados, que uma utilização para habitação não permitiria.

Este edifício, encerrado mais de 20 anos, com 24 herdeiros, foi reabilitado em 2009, para confecção de fatos feitos à medida. Uma produção artesanal que hoje emprega mais de 50 pessoas, numa prova de que a indústria pode resgatar e preservar património no centro urbano.

Três Casas no Cais Capelo Ivens, em Gaia

Três casas em banda, num espaço recuperado em 2016 pela arquiteta Carla Cabral, dona de uma das habitações. Datado do século XIV e com ocupações diversas – quinta, mosteiro, armazém, fábrica, tanoaria e carvoaria – o espaço é hoje ocupado por três casas em banda, terraços da encosta ocupados pelas ruínas numa estreita relação entre antigo e contemporâneo.

A água corre livremente pelas fontes em alguns locais da propriedade, pela mina que alberga, e recebe os visitantes ao som tranquilizador da sua queda. As casas, equipadas com as mais modernas tecnologias, revestidas por paredes antigas e com vão do telhado onde o Douro e as suas margens dominam a passagem, foram pensadas de forma a preservar os espaços públicos existentes e beneficiar ao máximo da luz natural que a tipologia da estrutura dificultava.

Uma breve descrição de três maravilhosos espaços que poderá visitar no OHP. São mais, muitos mais, 65 no total e alguns contar-lhe-ão histórias que nunca ouviu e mostrar-lhe-ão espaços onde pensou nunca ser possível entrar.

 

Autor:Reportagem de Rosa Margarida
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