Obra Completa do Padre António Vieira é uma das apostas editoriais do Círculo de Leitores para 2013

vieiraO nome Padre António Vieira é sinónimo de palavra, mundo, viagem, pensamento, fé, sabedoria e tolerância. Tanto num só nome, que passaram mais de quatro séculos sobre o seu nascimento e só agora, em pleno séc. XXI, é que é editada a sua obra completa, pelo Círculo de Leitores.

O ambicioso projeto é concretizado pelo Círculo de Leitores (edição exclusiva) como resultado do extensivo trabalho de pesquisa e procura sob a direcção de José Eduardo Franco e Pedro Calafate (investigadores da Universidade de Lisboa).

Numa edição em 30 volumes, que abarcam as cartas, sermões, profecias, poesia, teatro e textos vários do Padre António Vieira, uma equipa de especialistas luso-brasileiros desenvolveu ao longo da última década um trabalho de pesquisa e procura de toda a obra publicada e dispersa do jesuíta português que nos leva aos alvores do império português, às suas contradições e vitalidade.

Vieira foi não só um dos grandes oradores de sempre, mas também um defensor de tolerância entre diferenças, da busca do saber e da harmonia entre povos. A sua obra lega-nos todo um património de pensamento e domínio da palavra – essenciais para a definição do que fomos e do que podemos ainda ser.

Usando as palavras de Fernando Pessoa, Vieira é o “…Imperador da língua portuguesa”.

O Padre António Vieira é natural de Lisboa, onde nasceu no ano de 1608. Aos 6 anos parte para Jesus da Baía, no Brasil, onde completa a sua formação na Companhia de Jesus. Cedo afirma os seus dotes de oratória tornando-se pregador e o professor. Em 1644 o rei ? D. João IV ? nomeia-o pregador régio mantendo-o entre os seus conselheiros. Participa então em várias missões diplomáticas pela Europa que lhe darão uma visão cada vez mais abrangente do mundo. Manifesta-se contra a Inquisição, defende uma legislação que proteja a liberdade dos Índios e a integração nos Judeus na sociedade portuguesa, o que lhe grangeia inimigos entre os setores mais conservadores. Em 1663 cai nas malhas do Tribunal do Santo Ofício a que escapa apenas por indulto real. Parte para Roma onde permanecerá até ao ano de 1675. Apesar do indulto real e da imunidade que lhe foi atribuída pelo próprio Papa, não se sente bem-vindo no regresso a Lisboa, voltando a partir para o Brasil já com 73 anos de idade. Ali se dedica às suas missões do Brasil ao Maranhão iniciando a escrita daquela que chamava a sua obra magna – A Chave dos Profetas. Morre em 1697.

A obra tem direcção do historiador José Eduardo Franco, atualmente Diretor do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Doutorou-se pela EHESS de Paris. Coordenou e concluiu com sucesso vários projetos de investigação, entre os quais se podem destacar o Dicionário Histórico das Ordens, a Obra Completa do Padre Manuel Antunes em 14 volumes e o projeto Arquivo Secreto do Vaticano editado em 3 volumes. Da sua vastíssima bibliografia destacam-se os seus estudos aprofundados sobre Vieira, os Jesuítas e o Marquês de Pombal.

Pedro Calafate é filósofo e professor catedrático da Universidade de Lisboa, especialista no estudo do barroco e do racionalismo iluminista do século XVIII. Foi professor Honorário da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Autónoma de Madrid e professor Visitante da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e coordena o Centro de Filosofia da Univ. de Lisboa.

Texto de Sandra Dias
Artigo anteriorJoão Só lança vídeo É P’ra Ficar
Próximo artigoFestival Terras Sem Sombra no Alentejo alia arte à biodiversidade

Leave a Reply