O Zapping Musical Do Super Bock Em Stock

Reportagem de Tânia Fernandes (Texto e Fotos) e António Silva (Fotos)

Django Django

Com um cartaz diversificado, preenchido de talento emergente, mas também com alguns nomes já conhecidos, o Super Bock em Stock voltou a dar vida aos palcos da Avenida da Liberdade. Salas compostas, de público ávido de assistir a espetáculos de música ao vivo, para cantar e dançar.

Sem um nome especialmente sonante no cartaz, o festival cumpriu o propósito que tem vindo a construir. Levar as pessoas a descobrir novas sonoridades, dar palco a quem está a começar na música e revelar-nos boas surpresas. “Viemos descobrir coisas novas” disse-nos um simpático casal, numa das muitas viagens partilhadas de tuk-tuk que fizemos pela Avenida da Liberdade.  “Compramos sempre bilhete para vir assistir a este festival porque gostamos de conhecer novas bandas” explicaram-nos quando perguntámos o que os tinha levado, este ano, ao Super Bock em Stock. Isso, e muita vontade de voltar a um festival.

Primeiro Dia de Zapping Musical

Às 19h30, a temperatura já era tórrida na sala do Palácio da Independência. Com curadoria da Cuca Monga, a criatividade estava assegurada pela dupla Fernão Biu e Rapaz Ego. Início de noite animado com esta desgarrada musical. Saltámos para a Casa do Alentejo, onde a presença de Acácia Maior e os sons de Cabo Verde mantiveram os ânimos e a temperatura em alta.  A artista combinou vários estilos musicais, atravessando da morna ao reggae, do hip-hop ao funaná.

Enquanto isso, no Capitólio, o rapper e produtor T-Rex pode finalmente extravasar a sua energia e partilhar os novos temas com o público. Passámos depois pela estação ferroviária do Rossio onde Narciso fazia as honras de maestro num registo de banda sonora de filme, com forte influência de jazz, pop e indie rock.

No Teatro Tivoli BBVA, Tomás Wallenstein deu um concerto memorável. Já é conhecida a facilidade com que troca de instrumentos. Para esta apresentação trouxe o piano, os amigos e a família. E toda a emoção da indie rock que lhe conhecemos.

No Coliseu dos Recreios Sam The Kid e Mundo Segundo tinham o público na mão. Braços no ar e poesia cantada de forma veloz. O sucesso desta dupla nacional do hip hop, um é de Chelas ou outro de Gaia, comprovou-se mais uma vez.

De volta ao Rossio, saboreava-se o groove de Filipe Karlsson, enquanto que no São Jorge, muitos descobriam Nena, um nome para seguir com toda a atenção no atual cenário da música portuguesa.

Difícil mesmo foi voltar a estrar no Palácio da Independência, onde Atalaia Airlines, o trio lisboeta, voava para paragens da pop e do jazz. Casa cheia também na Casa do Alentejo para assistir ao concerto de Paulo Novaes, o compositor, cantor e instrumentista de São Paulo.

Django Django foi um dos nomes maiores do cartaz e um regresso ao festival de Lisboa. The Legendary Tigerman, em versão one man show, foi uma das últimas confirmações deste festival. E das que valeu mesmo a pena. Um só músico, a soar como uma banda composta de vários elementos, cheia de energia. Preparou temas como “Naked Blues”, “ Mississippi River Blues” e “Black Hole”, entre outros, acompanhou muitos dos temas com belíssimas sessões de cinema e ainda ironizou com a situação atual que vivemos “Aproveitem para ver concertos, sair a noite e fazer amor, porque sabe-se lá como é que vai ser no próximo fim-de-semana!”.

Atravessámos a rua ainda para conhecer a bomba Lava la Rue, que prometeu voltar na noite seguinte, integrada no Nine8 Collective, um coletivo de criadores de Londres e voltamos a subir para abanar a anca ao som de Miraa May. A comunicação com o público foi uma constante ao longo do concerto da artista nascida na Argélia. A resposta foi  rápida e calorosa, com a plateia do S. Jorge de pé, a aplaudir e a dançar.

Uma última viagem para a zona sul da Avida para assistir à fúria e irreverência de Sports Team, que depois entregam ao público uma versão melosa de “Angel” de Robbie Williams. A noite termina no Coliseu, onde vingam os anos 80, com a dupla Rui Pregal da Punha e Paulo Pedro Gonçalves.

No sábado, a iluminação de natal, ligada nesse dia, trouxe à baixa de Lisboa mais do que festivaleiros. Com o trânsito completamente parado na Avenida da Liberdade, a “peregrinação” entre palcos começou mesmo a pé. Começámos com Bejaflor, que trouxe alguns convidados para um devaneio pop, na estação do Rossio.

Seguimos para o Palácio da Independência onde, mais uma vez, já se tornava difícil conseguir ver de perto El Salvador & João Sala. Animação muita!  Na Casa do Alentejo,  Bia Ferreira juntava às suas doces melodias palavras de ordem contra o racismo e a xenofobia. Recordou o aniversário de Erica Malunguinho da Silva, primeira deputada transsexual do Brasil e a artista Bianca. Pediu uma salva de palmas para ambas e dedicou-lhes um tema.

Bateu Matou, o super grupo formado por Ivo Costa (Batida, Sara Tavares), Quim Albergaria (Paus) e Riot (Buraka Som Sistema) arrasou com o ritmo frenético que trouxe ao palco do Tivoli. As cadeiras só atrapalharam neste concerto cheio de animação, que contou com a participação de convidados como Blaya, Favela Lacroix ou Marcus Veiga. O mais delirante baile da noite.

No Coliseu, o artista pop holandês Benny Sings trouxe boa disposição e cativou o Coliseu para os seus temas. Enquanto isso, na Garagem da Epal assistia-se à a presentação de Monday, o projeto a solo de Cat Falcão (Golden Slumbers). A artista contou com Samuel Úria, em palco.

No São Jorge ninguém ficou indiferente à garra de Charlotte OC. A pop alternativa da cantora britânica provou que é uma das grandes vozes do panorama atual.

De volta ao Coliseu, os dinamarqueses Iceage aproveitaram bem a mudança de sala de última hora. Trouxeram mais sombra do que luz, numa apresentação carregada de energia. À mesma hora, na sala ao lado, Leo Middea dançou e pos todos a cantar, com a sua leveza carioca.

Cláudia Pascoal montou um cenário pop na sala pequena do São Jorge e rapidamente pôs o público a dançar (e a rir) com a sua postura descomplicada “Estava com tanto medo que não aparecesse ninguém”. Cantou alguns temas do seu primeiro disco e introduziu alguns novos.

No Teatro Tivoli BBVA era grande a enchente com Miguel e David. O dueto (David Bruno e Mike El Nite) fez sucesso com os seus temas românticos, pose arrojada, sofrimento lusitano. Dali seguimos para o Capitólio, para um encontro com Stckman e Kyle Quest. A bola de espelhos gigante desceu do teto, no início da atuação e deu o mote para  a hora seguinte.

Priya Ragu, foi uma das boas surpresas da noite. Uma voz poderosa e presença singular. Agradeceu a presença do público e contou que quase perderam a ligação de avião de Hamburgo, nessa manhã. Todos agradecemos esta estreia em Lisboa.

A noite terminou no Coliseu, para o baile final com Moullinex e Anna Prioré, a baterista da banda Metronomy.

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