O Regresso Dos Foo Fighters – Rock Domina O Segundo Dia De NOS Alive

Reportagem de António Silva, Marina Costa e Tânia Fernandes

Duas horas e meia de rock’n’roll puro e duro a fechar o palco maior do Passeio Marítimo de Algés. Os Foo Fighters entraram com vontade de “tocar a noite toda” e apesar do adiantado da hora, o público não baixou os braços e esteve sempre com eles em modo “up”. Antes, Courteeners, The Kills e The Cult trataram de aquecer o público que foi borrifado, ao longo da noite, por uma grande nuvem que se instalou nos céus de Lisboa. Também veio assistir aos concertos?

O segundo dia do Festival Alive começou cedo, numa noite que se esperava a mais longa. Com o sol escondido, nada impediu que o recinto cedo começasse a encher para uma noite de lotação no Passeio Marítimo de Algés. Atravessar o recinto, depois das 19h00 era já um sério problema e há espaços como o Fado Café, que mais uma vez, só ficam acessíveis a quem vai marcar lugar muito antes do início dos concertos. O rock espalhou-se pelos palcos, mas a maior concentração foi junto ao palco NOS, com as pessoas a marcar lugar desde o final da tarde. Foram muitos a querer garantir visibilidade para o mais pedido da noite: Foo Fighters.

Cinco minutos depois da hora marcada, Dave Grohl entra em palco com os seus seis escolhidos, as suas “esposas” como mais à frente lhes chamou. E a histeria do público era grande, a maioria escolheu esta data para ver ou rever a banda que há seis anos pisou este mesmo palco. Abrem com “All My Life” e conduzem de seguida o público por um dos refrões mais melodiosos em “Times Like These”. Desde o início, há uma interação próxima com os fãs, um diálogo que é recíproco. Dave Grohl grita e o público responde, ao ponto de ele ter perguntado se iam repetir tudo o que ele diria nessa noite. Como a resposta foi positiva, ele, na brincadeira, arremessou o Supercalifragilisticexpialidocious do musical Mary Poppins e não ficou sem resposta.

O concerto atravessou a carreira da banda, mas contou também com novos temas do álbum com edição prevista para setembro. “La Dee Da” é uma dessas novidades e Dave Grohl convidou Alison Mosshart dos The Kills a juntar-se a ele, em palco. Anunciou ainda que ela vai fazer parte do próximo trabalho, Concrete & Gold, em várias músicas e esta é uma delas. Dois monstros do rock, a dividir o microfone, numa exibição de exuberância vocal e capilar.

Os Foo Fighters surpreendem sempre e trazem surpresas na manga. Trocam canções, ensaiam acordes “Espera lá, isto não é dos Cult?”, quando um dos temas resvala para “Wild Flower” e dão um concerto além de tudo, bem disposto. “Learn to Fly”, “Something From Nothing”, “The Pretender” (grande hino de rock!) e “Cold Day in the Sun” a pisar “Another One Bites the Dust”, dos Queen.

Em “Monkey Wrench”desceu ao fosso, onde ficou mais próximo de público. Rebentou tímpanos com “White Limo”, mas deu também tempo para um aconchego na versão lenta de “Wheels”. Despediram-se com “Best of You” e “Everlong” e a promessa de voltar. “E não vai demorar seis anos!” disse o vocalista.

A noite, para os que com o Dave não gastaram toda a energia, continuou no Clubbing onde Bandido procuraram fechar a noite em grande sonoridade. Esta dupla, com o seu profissionalismo não deixaram os festivaleiros indiferentes que, procurando a saída ou restabelecer de energia, foram ficando, mexendo, sem querer que o dia acabe…

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Os norte-americanos Local Natives fizeram uma entrada surpreendente no palco Heineken. E não fosse o horário do concerto sobrepor-se ao início de Foo Fighter, teriam agitado bem (mais) a tenda. Há talento e energia no quinteto liderado por Taylor Rice, que ao terceiro tema, não hesitou em abandonar o palco e descer para o meio da multidão, sem largar o microfone. Sonoridade indie pop com garra, influenciada por guitarras, forte percussão e grande harmonia. Para dançar e vibrar.

The Kills, tão esperados neste seu regresso a este recinto (estiveram no Heineken em 2012), no palco principal mostraram porque são um dos nomes de reconhecimento do rock. A dupla Alison Mosshart/JamieHince está envolvida num rock sedutor, arrepiante, por vezes intimista e avassalador. Alison que com o seu cabedal respira rock, não deixou indiferente com a sua ocupação de palco. O som de guitarra domina a sonoridade destes meninos eletrizantes, não fossem eles uma banda de rock.

Trouxeram temas do seu mais recente álbum, Ash & Ice, lançado em 2016, e fecharam com “Love Is a Deserter” e “No Wow”.

Uma viagem no tempo, a quem cresceu nos anos oitenta a ouvir rock, foi o que proporcionaram os The Cult. O cabelo de Ian Astbury encolheu uns palmos, a voz por vezes já não é suficiente para cantar os temas, mas continua a vontade de ser uma grande estrela e de dar cartas em palco. Com os palavrões alinhados na ponta da língua, o vocalista veste a personagem de bad boy e acabou por dar uma prestação que, não sendo brilhante, faz jus à memória da banda. “Wild Flower” e “Rain” no arranque. Ian Astbury está sempre de braços no ar, a pedir para o público o acompanhar. A meio do concerto avisa “só temos vinte minutos”, é a ordem para dar tudo! Em “Sweet Soul Sister” tira os grandes óculos de sol e deixa ver um rosto castigado pela passagem do tempo. É pela música que regressamos ao passado com “She Sells Sanctuary”. Tece elogios a Lisboa, que apelida de “land of rock’n’roll”. Dois grandes temas para a despedida: “Fire Woman” e “Love Removal Machine”.

No palco Heineken, os rapazes britânicos Wild Beasts,  embalaram com a sua pop eletrónica. Apresentaram, como o esperado, muito do último álbum editado, e a voz inconfundível de Hayden permite-nos perceber a sua constante reinvenção musical e a originalidade já premiada.

O palco EDP Fado Café teve como residente a Carminho, que cativou, encheu, este espaço que pela sua adesão e musicalidades únicas, se torna pequeno e comprometedor na qualidade do som.

Golden Slumbers foi um dos grupos que teve a cargo a ocupação do Coreto neste segundo dia de festival. Duas vozes em sintonia perfeita e acompanhados de uma banda sui generis na sua atitude em palco, as harmonias em simbiose perfeita… Vamos ouvir falar mais destes meninos!

Antes, os Courteneers marcaram pontos pela simplicidade e simpatia com que se apresentaram. O vocalista trazia uma t-shirt de Lisboa, sinal de que quer levar algo mais do que memórias deste festival. Vieram do Reino Unido para apresentar o seu mais recente longa-duração “Mapping The Rendezvous”.

As moças do Rock invadiram o palco Heineken com as Savages e seguindo-se as Warpaint. Num dia dedicado ao rock este palco é invadido por duas bandas seguidas só de mulheres que permitiram matar saudades. Emily, Theresa, Jen e Stella arrancaram dança, saltos e coroa um público que espera o seu sempre regresso: “Obrigada. We’ll see you again!”, disseram, no final de “Disco//Very”.

A abertura do palco maior, em noite de rock, fez-se de forma ligeira, com o português Tiago Bettencourt. Ainda que o ambiente aguardasse por sons mais pesados, houve alguma tolerância para receber melodias mais pop. Começou com “O Jogo” e continuou para a versão de António Variações de “Canção do Engate”. Agradeceu a presença do público, “tão cedo” e deu, de presente, a novíssima “Partir Pedra”. “É uma música que lançámos há oito dias e que tem a ver com perseverança, com a luta por algo que acreditamos que vale a pena”. Fechou com “Morena”, um tema que condiz com o ambiente vivido neste festival NOS Alive.

O último dia de NOS Alive 2017 avança hoje, com Depeche Mode, Imagine Dragons e Kodaline no cartaz. Os bilhetes já se encontram esgotados.

Foto de Foo Fighters de Hugo Macedo

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