O Deus Das Moscas Tem Fome E O Primeiro Detetive Do Oculto Nacional

O romance O Deus das Moscas Tem Fome, de Luís Corte Real, com chancela Saída de Emergência, chegou aos escaparates das livrarias portuguesas em abril. A primeira obra do editor/autor apresenta aos leitores Benjamim Tormenta, «o primeiro detetive do oculto nacional».

O C&H esteve à conversa com o autor, sobre esta «espécie de X-Files na Lisboa de Eça de Queiroz». Alegrem-se os fãs desta nova série: o segundo romance chega no final do primeiro trimestre de 2022.

Quem é Benjamim Tormenta, o famoso detetive do oculto que se move na Lisboa do século XIX?
Benjamim Tormenta. Figura elegante e misteriosa, tanto é avistada nos salões luxuosos da capital como nas ruelas decadentes de Alfama, em palacetes de Sintra ou casas de ópio de Macau. Cruzando-se com figuras como o rei D. Luís, Fontes Pereira de Melo ou Eça de Queiroz, ele usa as suas habilidades na Lisboa secreta: a dos deuses negros convocados por burgueses ociosos, das aberrações vindas do outro lado do Cosmos, dos livros amaldiçoados e da mais perigosa sociedade secreta do império português: a Irmandade da Serpente Verde.
O que poucos sabem é que também Tormenta esconde um segredo tenebroso. Preso no seu corpo pela magia de muitas tatuagens está um demónio milenar que se quer soltar e espalhar a destruição, primeiro em Lisboa e depois no mundo.

Porquê O Deus das Moscas Tem Fome? O que o levou a este título?

O Deus das Moscas é uma divindade bíblica. E um dos adversários que Benjamim Tormenta, detetive do oculto, tem de enfrentar nas páginas do livro. A criatura solta-se num chalé de Sintra e pretende primeiro engolir Lisboa, e depois destruir o mundo.

Como definiria este livro? É uma antologia de contos ou o primeiro romance de uma coleção? Ou ambos?

Posso dizer que é um romance em partes – como uma série de televisão que se divide em episódios. Todos eles com uma história completa mas havendo um arco narrativo que abraça todos as partes.

Em poucas palavras, qual a sinopse perfeita para O Deus das Moscas tem Fome?

É uma espécie de Ficheiros Secretos (X-Files) na Lisboa oitocentista de Eça de Queirós.

Qual o processo para uma descrição tão sucinta e vivida da Lisboa de Eça de Queirós?

Ler a obra inteira de Eça, incluindo a não ficção; ler outros autores portugueses da época; ler livros de História sobre o Portugal oitocentista; ler biografias de figuras contemporâneas; ler textos académicos sobre a época; nunca deixar de procurar referências que possam ser interessantes, curiosidades, nomes, etc. E depois ter tudo isso organizado de forma a ser útil quando estou a escrever. O DEUS DAS MOSCAS TEM FOME é 50% pesquisa e 50% inspiração.

Como caraterizaria o detetive Benjamim Tormenta? O apelido não foi obra do acaso? Considera-o, de facto, o primeiro “detetive do oculto” português, como lhe chamou Luís Filipe Silva? Qual a sua inspiração para a criação deste protagonista tão peculiar?

É um homem com um segredo terrível: carrega dentro de si um demónio milenar com quem tem uma relação de amor-ódio – ou talvez de ódio-ódio O apelido revela aquilo que lhe vai na alma: uma tormenta constante e cruel. O Luís Filipe Silva chamou-me a atenção para o facto da ficção especulativa nacional ainda não ter um detetive do oculto. Pois agora já tem: bem como uma galeria de adversários terríveis. A minha inspiração, como acontece com todos os criadores, foi a obra de outros que vieram antes de mim: dos meus heróis da literatura, da BD, da televisão, do cinema. 

A origem da ligação entre Tormenta e Lamashtu vai continuar um mistério por desvendar?

Pretendo ir desvendando esse mistério aos poucos, conto a conto, volume a volume. No segundo, que já está muito adiantado, já se encontram algumas respostas. Que até Tormenta desconhece.

O público pode esperar pelo romance seguinte?

Claro que sim, sai no final do primeiro trimestre de 2022. Com uma aventura no Egipto e mais algumas por Portugal. Neste momento estou a escrever uma que se passa no Porto.

Quais os argumentos que usaria para promover esta saga?

São as aventuras do primeiro detetive do oculto português, num ambiente que recupera a escrita e até as personagens de Eça de Queirós; as aventuras estão repletas de ação e drama e nunca mais vamos olhar para Lisboa da mesma forma!

Autor:Por Rosa Margarida
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