North Music Festival Deu Pontapé De Saída Para Os Festivais

Reportagem de Rosa Margarida (Texto) e Paulo Soares (Fotos)

Eis que, por fim, a época de festivais está oficialmente inaugurada. As honras de abertura foram reservadas ao North Music Festival, a acontecer por estes dias, na Alfândega do Porto.

E se é verdade que, de 26 a 28 de maio, a «bússola aponta para Norte», também aponta para maravilhosos dias de sol, um cenário único à beira Douro, um cartaz musical apurado e eclético, wine experiences, street food, sunset e after hour parties, passeios de barco rabelo e uma panóplia de atividades numa programação complementar especial.

Os festivaleiros podem preparar sorrisos – finalmente sem máscaras, munir-se de alegria e boa disposição, cantar, dançar e viver dias inesquecíveis e construir memórias de um tempo atemporal: os Festivais estão de volta!

O primeiro dia do JN North Festival, 26 de maio, acolheu o rock nacional, com o Ornatos Violeta a fechar em grande. E, numa viagem ao passado, talvez possamos começar pelo fim e ir desfiando o rock que passou pelo Palco Principal.

Ornatos Violeta, 30 Anos Regados Com os Maiores Sucessos

A banda de Manel Cruz nunca desilude! Que festa foi esta? Num «cenário de excelência da música de Ornatos», a banda pisou o palco já um novo dia tinha começado. Precisamente à 0h20, soaram os acordes de “Capitão Romance”. Seguiram-se, no alinhamento, “Para nunca mais mentir” ; “Pára de Olhar para mim”; “Dia Mau” e “Tanque”, do extraordinário álbum O Monstro Precisa de Amigos (1999) e já o Manel Cruz tinha largado a t-shirt e cativado o público há muito.

Nas voltas do tempo, recuamos um pouco mais, até 1997 e ao álbum Cão!, com “A Dama do Sinal”, para, de novo, voltar ao Monstro, com o entoado e celebrado “Ouvi Dizer”.
E o rol de temas de sucesso continuou, com cerca de duas horas de boa música, na presença sempre hipnotizante dos Ornatos.

Uma nota para a «preferida» do Manel, “Deixa Morrer” e nas palavras da banda portuense:

E aparece assim
Acendeu-se a luz
Estão vivos outra vez
Se é tão bom de ouvir

Porque afinal não conseguimos (nem queremos) deixar «o nosso amor morrer».

 

O “Errôr” dos Linda Martini

O mais recente álbum Errôr, lançado em fevereiro deste ano, guiou o concerto da banda, que subiu ao palco às 22h30. Com foco nos temas deste novo disco, como “Eu Nem vi”; “Rádio Comercial”, “Super Fixe” ou “taxonomia”, a banda foi voltando atrás, de quando em vez, para gáudio dos fãs.

O estilo da banda lisboeta, que celebra no próximo ano, 20 anos de existência e com a saída recente do guitarrista Pedro Geraldes, continua inconfundível e convidativo, numa descoberta cenográfica cuidada e nos diálogos que as vozes de André Henriques e Cláudia Guerreiro continuam a querer alternativo e único.

O concerto, num recinto já bastante preenchido, manteve os fãs entusiasmados, ao longo de mais de uma hora e meia.

Os Zen “Partiram a Louça Toda”

Rui Silva, mais conhecido como Gon, e a sua banda subiram ao palco do JN North Festival, pelas 21 horas e deixou de haver horas para tamanha (in)sanidade! A banda rock / punk, formada na década de 90 no Porto, prendeu os festivaleiros, do primeiro ao último segundo.

Numa revisitação pelos temas do álbum The Privilege of Making the Wrong Choices, o concerto de cerca de uma hora, trouxe de volta a peculiar performance de Gon, cigarro numa mão e cerveja na outra, danças desconjuntadas, atitude desafiadora e uma incrível interação com o público, que não deixou nenhum festivaleiro indiferente.

Haveria de se escutar, entre outros, “Not Gonna Give Up” ou “Price of a Better Life”, que personificam a essência dos Zen. Para o fim ficou o maior êxito dos “U.N.L.O. (The Urgency Of The Need Lingers On)” e ainda “11 A.M”.

PAUS em Modo “Yess”

A banda lisboeta PAUS tomou conta do palco pelas 19h30. O recinto, bem mais composto, do que nas horas iniciais, estava pronto para as baterias e o baixo, para a percussão única, para a intensidade do mais recente álbum da banda, Yess, lançado em 2019.

A mistura eletrónica, pop e rock distinguem a banda que, em ano de lançamento do último álbum, celebrou 10 anos de existência.

O “Mo People”, do álbum Mitra (2016) haveria de ser dedicado «à família à mesa e ao pessoal técnico dos concertos e festivais que precisa de pagar contas».

É verdade que Yess tem já três anos, mas a pandemia obrigou-o a uma apresentação tardia, mas nunca tarde demais. O quarteto reinventa-se a cada álbum, mas volta aos seus maiores êxitos, com “Deixa-me Ser” ou “Era matá-lo”.

Da Cidade Berço, os Paraguaii

O duo vimaranense acompanhado de baterista convidado trouxeram a estética eletrónica ao palco. O horário do concerto (às 18h30) foi prejudicado pela ausência de um público numeroso, porém os primeiros festivaleiros fizeram-se ouvir, ao som de temas como “Skeleton”, do mais recente álbum Propeller (2021) ou nas viagens ao som de algumas músicas de Dream About The Things You Never Do (2016).

Entre sintetizadores e beats, começava a desenhar-se uma noite memorável!

S. Pedro e o Privilégio de Inaugurar o Palco

A música genuína e as letras exímias de Pedro Pode marcaram o início do festival. Às 17h30 em ponto S. Pedro sobe ao palco acompanhado da banda, em “pandã” de amarelo e branco.

Eram ainda (muito) poucos os festivaleiros no recinto, mas o pop alegre e elegante, as letras incisivas e pontuadas de humor, as histórias do dia a dia, na voz de S. Pedro haviam de conquistar os presentes.

Ao som de temas como “Fala-me ao ouvido” ou “Amamanhã”, do álbum Mais Um (2019), sem esquecer o tema de apresentação “Passarinhos” ou o tema de sucesso “Apanhar Sol”.

A plateia rareava, é verdade, mas as letras, na ponta da língua, nas palmas das mãos, de um S. Pedro original, bem disposto e descontraído marcaram o arranque do Primeiro Festival pós-pandemia.

O Lado B do JN North Festival

Longe do palco principal continua a respirar-se música, entretenimento e diversão, com os espaços da Alfândega a oferecer atividades únicas aos festivaleiros. O palco sunset é porta de entrada no festival, com música ambiente aprimorada e um pôr do sol único, num cenário idílico. O espaço lounge convida os festivaleiros para um corte de cabelo, uma maquilhagem ou um penteado diferente, uma tatuagem e até mesmo um rodeo, no touro mecânico.

Os passeios de barco rabelo, com vista para a Ribeira e para o Cais, ao som da melhor música e o espaço clubbing, a fechar as noites do festival, com DJs nacionais e internacionais são outros dos destaques.

Indispensável em qualquer festival, a zona de restauração e bar, com uma variedade de street food.

Por fim, uma Zona VIP, com localização privilegiada e bares exclusivos, para os festivaleiros que queiram viver uma experiência exclusiva.

E a festa continua hoje, com Don Diablo, Robin Schulz, Capicua, Domingues, T-Rex, Cassete Pirata e muito (muito) mais!

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