“Um grupo de atores ensaia uma peça de Tchékhov num teatro de São Petersburgo. Lá fora, os oficiais do czar disparam contra o povo, que marcha para melhorar as suas condições de vida. É janeiro de 1905 e, no inverno, a margem do Neva é impossível de imaginar.” É assim que o chileno Guillermo Calderón começa por descrever o seu texto multipremiado que sobe agora ao palco do Teatro Carlos Alberto (TeCA).
Com encenação de João Reis, Neva conta a história de três atores – onde se inclui Olga Knipper, mulher de Tchékhov que morreu há seis de tuberculose – que se fecham num teatro para ensaiar o Cerejal, do dramaturgo russo, enquanto lá fora acontece o que ficou conhecido como “domingo sangrento”. O espetáculo reflete, assim, sobre o teatro e sobre as suas limitações, abordando o drama privado da morte e o drama público da violência política. Sobre isto, Guillermo Calderón acrescenta que “talvez o teatro não sirva para nada, mas pelo menos serve para nos juntarmos com outras pessoas e esperar por um momento de lucidez”.
O espetáculo conta com interpretações de Lígia Roque, Sara Barros Leitão e Cristóvão Campos, e tem os cenários e figurinos a cargo de Nuno Carinhas, diretor artístico do TNSJ. Neva é uma coprodução entre Teatro Nacional São João e O Lince Viaja e está em cena às quartas-feiras, às 19h00, de quinta a sábado, às 21h00, e aos domingos às 16h00. O preço dos bilhetes é de 10 euros.
Texto de Sandra Mesquita