Na Sala que Agora é Quarto, ou o Elogio de Uma Vida Vazia – em Faro

DSC_8084-2Depois de uma antestreia no Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves, o espetáculo Na Sala que Agora é Quarto, a partir do texto A Poltrona, de Cláudia Lucas Chéu, estreia no próximo dia 22 de fevereiro, no Teatro Municipal de Faro, pelas 21h30.

 Na Sala que Agora é Quarto é uma reflexão sobre três fases da vida de uma mulher solitária. O espetáculo inicia-se com a aparição de Lídia ainda jovem, protagonizada por Gabriela Santana, dançando no fulgor da sua juventude. Depois de colher um girassol, persegue-o, qual sonho colorido, para fora de cena. É a altura em que Lídia entra, na maturidade dos seus 45 anos mas com a irreflexão dos 20.

A atriz Ana Oliveira interpreta essa mulher em duas fases diferentes do seu desenvolvimento: na idade adulta e na velhice. Na idade da suposta maturidade, Lídia apaixona-se por um casaco de peles e jura a si própria fazer de tudo para o poder comprar. Nem que tenha de se esmifrar toda ou passar quatro meses a comer arroz branco e água. A cena muda, a música despe-se dos artefactos supérfluos e Lídia surge envelhecida e vestida com as memórias de uma vida falhada em várias linhas.

DSC_7985-2

DSC_8084-2António Gambóias, para além do cuidado com a direção de atores, criou um desenho de luz apurado e original, onde jogam várias intensidades e intenções. A luz geral das montras contrasta com a luminosidade crua que define o exame de consciência da velhice. Entre estas duas intensidades, pequenos pontos, plantados na cena, surgem como diamantes, iluminando o caminho, quer do deslumbramento, quer da consciência de uma vida que se viveu em vazio.

Com Ana Oliveira na interpretação, Gabriela Santana nas coreografias e António Gambóias na encenação e no desenho de luz, Na sala que agora é quarto revela-se um espetáculo pleno de surpresas, e que conta com a interação de mais um elemento: A música é de Éric Satie.

Reportagem de Paulo Sopa
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