Música Para Todas As Gerações No Primeiro Dia De O Sol Da Caparica

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Festival O Sol da Caparica

Um alinhamento variado, ajustável ao gosto de várias gerações, trouxe músicos lusófonos de diferentes quadrantes aos palcos de O Sol da Caparica. Na primeira noite ouviu-se o ritmo quente de Bonga, sentiu-se a intensidade do fado de Mariza, riu-se com as anedotas que chegaram à boleia dos cantares tradicionais de Os Tais Quais, pulou-se ao som do rapper Criolo e do hip hop de Regula, dançou-se ao som dos HMB e viajou-se no rock da margem sul com o projeto À Sombra do Cristo Rei.

Pelas 18h00, quando os Fogo-Fogo abriram o primeiro palco, eram já muitas as famílias que preenchiam a zona de entrada do recinto. Francisco Rebelo (Orelha Negra), João Gomes (Orelha Negra) e o cantor David Pessoa trouxeram o funaná de Cabo Verde à Costa da Caparica, envolvendo quem já ali se encontrava. Seguiu-se o lendário cantor Bonga, que contagiou com o seu amor pelo semba, símbolo da identidade angolana que deu origem à kizomba.

O rodar da cortina trouxe uma sonoridade completamente diferente a este palco: as guitarras do algarve de Sam Alone. A viragem abrupta da sonoridade e a coincidência com o arranque do outro palco acabou por esvaziar esta área do recinto. Poli Correia, o vocalista, acabou por admitir que “não era fácil tocar a seguir ao Bonga”, acrescentando entre risos que “não devia ser sequer permitido!”.

Os Tais Quais alinharam-se no palco principal, numa espécie de arranque em modo de agradável e ligeiro entretenimento. João Gil, Vitorino, Tim, Jorge Palma, Celina da Piedade, Paulo Ribeiro e Sebastião combinaram violas, acordeão e percussão com vozes únicas e tão conhecidas do público. Juntaram às canções de inspiração popular anedotas e episódios caricatos.

Seguiu-se Mariza, neste palco, que trouxe uma dose generosa de energia e boa disposição ao início da noite. Foi um concerto ao qual trouxe momentos de intensidade, com o seu fado. Mas também muita alegria “Um brinde ao festival Sol da Caparica!”. Deixou ainda recados ao público, de indumentária e decoro. Os temas “Barco Negro”, “É ou não é” e “Rosa Branca” ficaram para o final do concerto. Voltou ainda para uma espécie de encore, em que desceu junto ao público para cantar “Ó gente da minha terra” e despediu-se de seguida não sem antes repor a alegria no recinto.

No outro palco, Trevo, banda a atuar em casa, regressou aos palcos da Caparica, com muitos admiradores a acompanhar as letras. Tinham marcado presença no anterior Caparica Primavera Surf Fest e voltaram a apresentar os temas do mais recente trabalho. Letras pop, que entram no ouvido e se tornam fáceis de repetir, onde não faltou a balada “Quero-te mais que uma semana”.

À Sombra do Cristo Rei, o projeto de tributo a três décadas de rock em Almada, fechou o palco secundário. Tim, o vocalista dos Xutos & Pontapés, os seus filhos Sebastião e Vicente Santos e o baixista Nuno Espírito Santo contaram uma história que tanto disse aos presentes. Foi grande a afluência com faixa etária a condizer com o discurso. O concerto começou pelo primeiro single dos UHF, “Jorge Morreu”.
Seguiu-se uma viagem única que passou por “Patchouly” do Grupo Baile e “Malta à Porta” de Iodo. Midus, baixista e vocalista, da banda Roquivários foi a primeira convidada da noite. Acompanhou no baixo em “Ela Controla” e pegou no microfone em “Cristina”.
Juntaram-se depois em palco, de forma quase inédita duas lendas do rock português : Tim e António Manuel Ribeiro. Faziam-se apostas sobre o número de vezes que esse encontro se havia dado antes: Três?

À Sombra do Cristo Rei lembrou ainda temas das duas das bandas de Almada que se afirmaram no 5.º Concurso de Música Moderna do Rock Rendez Vous, os Margem Sul com “Pelas ruas da cidade” e os Agora Colora com “O homem da lua”. Este capítulo do rock da margem sul fechou-se com os Da Weasel e a muito aplaudida presença em palco de Carlão para “Casos de Polícia”. O rock de Almada passa obviamente pelos Xutos e Pontapés, e a representar a banda (além de Tim), marcou presença João Cabeleira, um dos guitarristas. Tocaram “Quem é Quem”. O tributo fechou com todos os músicos do projeto em palco e convidados para “Cavalos de Corrida”, o hino rock dos UHF.

No outro lado do recinto, ficaram concentradas as gerações mais jovens, seguidoras do rapper brasileiro Criolo e depois do português Regula. Ritmo e palavras batidas para cantar e gritar como em “Nada a Ver” ou “Mêmo a Veres” e, já perto do fim, passagem por “Solteiro”, dos Orelha Negra.

Os HMB foram a última banda a atuar e recordaram, com felicidade, que há dois anos, aturam neste mesmo festival, num espaço mais pequeno. A celebrar dez anos de carreira, a banda trouxe um novo cenário, visualmente interessante, onde emergem os elementos da banda. Deram um bom concerto, conseguiram por todos a dançar e bater palmas ao seu ritmo. Abriram com “Não me leves a mal”, “Feeling”, uma versão mais lenta de “Não me deixes partir”, “Dia D” e muito funk para o fim em resposta à pergunta: “Como é que é o amor para vocês?”. Fecharam com “Naptel Xulima” e muitos balões gigantes a saltitar por cima do público.

A boa disposição e uma mensagem especial a fechar esta primeira noite de O Sol da Caparica: “tudo na vida rima, se prestares atenção”.

A música regressa hoje ao Parque Urbano da Costa da Caparica com António Zambujo, Carlos do Carmo, Mafalda Veiga e Xutos e Pontapés. Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam 15 euros.

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