Mimo Festival Em Amarante – É Arte Com Amor

Reportagem de Rosa Margarida (Texto) e Paulo Soares (Fotos)

A 4ª edição do MIMO Festival decorreu de 26 a 28 de julho, em Amarante, cidade portuguesa que acolheu a internacionalização de um festival com mais de 15 anos de história(s). O C&H passou por lá e conta-lhe como foi – com os (muitos) motivos, no permeio, porque não deve faltar à próxima edição!

Há no MIMO Festival, feito de música, de palestras, de exposições, de filmes, (…), palavras que saltam à vista: “Amor”, “Arte” e “Entrada livre”. Num tempo em que os festivais são “fábricas de fazer dinheiro” e a arte e educação ainda é vedada “a algumas carteiras”, um evento que combina (magistralmente) tantas expressões artísticas, distribuindo-se – e mesclando-se, pela cidade, a custo zero, é digno de nota.

Passaram pelo Parque Ribeirinho nomes como Samuel Úria, Salif Keita, Criolo, Bixiga 70, Frankie Chavez, Mayra Andrade, Rubel, Stereossauro com Camané e Capicua, entre muitos outros artistas nacionais e internacionais, com concertos inesquecíveis, a lotar o espaço do Parque principal, numa edição que bateu o recorde de participação. Recorde-se que a edição de 2018 contou com 70 mil pessoas. E ainda a primeira edição do Prémio MIMO de Música, entregue a Chico da Tina, e a nomeação de Russa como Artista Revelação.

O programa musical contou ainda com concertos no Museu Amadeo de Souza-Cardoso, com nomes como Lívia Nestrovski & Fred Ferreira, Delia Fisher, Fortuna e Violons Barbares; na Igreja de São Gonçalo, com a Orquestra do Norte, Stefano Bollani & Hamilton de Holanda e na Igreja de São Pedro, com Ana de Oliveira & Sérgio Ferraz. Assistir a um concerto num espaço “fora da caixa” é uma experiência avassaladora e uma das imagens de marca do MIMO Festival.

O MIMO faz-se de Cinema, com sessões no Cinema Teixeira de Pascoaes e sessões Open Air, no Museu Amadeo de Souza-Cardoso. Nesta edição foram exibidos os filmes Com a Palavra, Arnaldo Antunes, O Barato de Iacanga, Ela é Uma Música, Miles Davis: Birth of The Cool, Têtê, 7 Évoras em Kepa e Onde está você, João Gilberto. Documentários que se entrelaçam com a música – e as palavras e (re)visitam o universo de grandes músicos, de instrumentos musicais, de lendas.

Há também o “Fórum de Ideias”, no Museu Amadeo de Souza-Cardoso. Por lá passaram, entre outros, “A música como instrumento de consciencialização”, com Criolo e Dandan, moderada por Tito Couto. Conversas que são encontros e trocas de energia, onde se fala de música e de palavras, de amor e do ambiente, do planeta e do povo… E, ainda, onde se passam mensagens, se ensina e se aprende, se dá e se recebe!

O Centro Cultural de Amarante é outro dos espaços do MIMO Festival, com o “Programa Educativo”, com palestras  e workshops. A edição de 2019 ficou marcada pela Música Armorial, pelo Cancioneiro Ladino, pelas Guitarras do Mundo, (…), num espaço onde se partilhou a “Música das Palavras” e as “Técnicas de Improvisação Vocal para um Canto Criativo”, entre outros temas.

Para ver até ao dia 27 de outubro, o MIMO Festival inaugurou, no Museu Amadeo de Souza-Cardoso, a exposição Abstração. Arte Partilhada, da Coleção Millennium BCP. Com curadoria da Professora Raquel Henriques da Silva, as 36 obras de 18 pintores revelam uma «linguagem pictórica que marcou profundamente o século passado: a 

Abstração.» António Monteiro, Presidente da Fundação Millennium bcp. De acordo com a curadora a mostras reúne obras de artistas que «contribuíram para afirmar o dinamismo, a originalidade e a actualidade da arte, reduzindo o lugar dos temas e enfatizando a linguagem própria da pintura: formas e cores entrosadas que geram ritmos expressivos, por vezes, enigmáticos».

Nota ainda para o Roteiro Cultural, uma visita guiada aos patrimónios religiosos amarantinos, com “Música para Ouvir Ao Lado dos Anjos”. E, por fim, a Chuva de Poesia, uma distribuição de “Amor em Versos”, com lançamento de poesia no Largo de São Gonçalo. Milhares de papéis coloridos que sobrevoam a praça e caem nas mãos abertas de quem espera uma mensagem:

Li um dia, não sei onde
Que em todos os namorados
Uns amam muito, e os outros
Contentam-se em ser amados.
Fico a cismar pensativa
Neste mistério encantado…
Diga prá mim: de nós dois
Quem ama e quem é amado?…

Florbela Espanca, “Li Um dia, Não sei Onde”

O Mimo Festival Amarante “ama e é amado”! Das praças à ponte de São Gonçalo, das margens do Rio Tâmega à praia fluvial, do museu ao parque, passando pelas igrejas, a “Arte com Amor” do MIMO “invadiu” (tão bem!), em definitivo, a terra de Pascoaes.

Nas palavras de Lu Araújo, fundadora e diretora do MIMO Festival «é sempre com grande emoção que vemos milhares de pessoas a viverem a arte de forma tão intensa e diversa. O MIMO Festival é positivo, inclusivo, democrático e abrangente, faz parte de Amarante e dos amarantinos, mas também dos milhares de pessoas que nos visitam anualmente. Este sucesso vem provar que estávamos certos ao apostar em Amarante e estamos muito felizes por ver o interior do país no mapa dos festivais de Verão. Em apenas quatro anos conquistámos o público e os artistas não esquecem a sua passagem por Amarante».

Escrito num dos mais belos cenários portugueses, o MIMO Festival regressa a Amarante em 2020. O Rio de Janeiro e São Paulo recebem-no no próximo mês de outubro.

 

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