Mexefest Continua A Ser Uma Inspiração Para Amantes De Música

Reportagem de António Silva, Marina Costa e Tânia Fernandes

Nos dias 25 e 26 de novembro a Avenida da Liberdade, Rossio e Restauradores voltou a mexer ao som do Festival Vodafone Mexefest.

Uma edição com novidades nos espaços, o que não deixa de ser a marca deste evento que permite a turistas, amantes de música e às tribos mais urbanas, vivenciar a música em pleno coração da capital. A inauguração do Capitólio, com três espaços diferentes (Cineteatro, Bastidores e Terraço) e o sótão do Teatro Tivoli foram as novidades deste ano.

25 de Novembro

O Terraço do Capitólio abriu a festa, com o som dançante de Celeste/ Mariposa. A escolha depois multiplicava-se e dificultava a escolha.

Toty Sa’Med encantou com a sua guitarra, a sua voz harmoniosa e aprazível, que ecoava num ambiente intimista e sonhador na Sociedade de Geografia. Para conhecedores e curiosos o rapaz do “Amor da Rua 11”, marcou deixando a alma do público cheia de melodia.

Medeiros e Lucas, numa envolvente sala de espelhos, a Casa do Alentejo, ecoaram poemas numa dicotomia poeta / banda.

Luís Severo reuniu público sem dúvida fã, conhecedor da sua viagem musical e das suas letras. Fez o enterro do álbum “Cara d’Anjo” – “Vou tocá-lo na íntegra pela última vez, a não ser que daqui a 50 anos se faça uma homenagem“. Foi um concerto rodeado de amigos, num espaço que a isso convida, o Palácio Foz.

Na Estação ferroviária do Rossio os Baio provaram que já são um projeto bem conhecido no nosso pais, ao que não será alheio o facto dele ser o baixista da banda indie rock Vampire Weekend.

Jorge Palma foi o convidado do concerto surpresa deste primeiro dia. Um concerto que teve lugar no Largo dos inglesinhos, era aberto a todos e a dar azo a que todos se encostassem uns aos outros…

Talib Kweli, estrela do hip hop incendiou o Capitólio e deixou muitos à porta. O rapper americano, nascido em Nova Iorque, faz parte da vertente undergroung mas tem-se destacado e conseguido chegar às massas.

Um dos concertos mais emblemáticos da noite aconteceu no Tivoli com o projeto Dinamite, homenagem à arte musical de Dina, presente e assim celebrada por grandes nomes da atualidade musical e de géneros diferentes. Nas palavras de Ana Bacalhau, uma das artistas envolvidas, só uma obra de arte com a de Dina seria possível juntar num projeto tantos artistas, tão diferentes nas suas construções musicais e com tanto prazer a subir ao palco, cantar e inovar, os sons que nos são tão familiares da década de 80. A alegria de todos e a sintonia no jogo de vozes e interpretação valeu um espetáculo memorável, com sala cheia e público alegre e envolvido.

No Coliseu, a britânica Nao contagiou com as suas coreografias. Trouxe ao ambiente sonoridades soul,  mixadas com eletrónica e R&B muito alternativo.

Céu esteve no Cinema São Jorge, com um público encantado e fã desta menina e dos seus rapazes brasileiros, que agradeceram o espetáculo que lhes foi proporcionado por uma plateia dançante.

De regresso ao Coliseu, uma pausa para ouvir Carlão, uma das Vozes da Escrita deste festival que trouxe palavras, bem condimentadas. De conguida, os Australianos Jagwar Ma conduziram o público pela eletrónica.

Um dos últimos concertos da noite, num dos espaços mais sui generis deste Festival, o sótão do Tivoli. “Os projecionistas”, mais um projeto de Pedro Coquenão, a embalar os presentes, até as energias permitirem…

26 de Novembro

No cinema São Jorge a noite inicia com Señoritas, não muito o público a quem puderam dizer “bem-vindos ao universo das Señoritas”!

O público já se concentrava para um dos espetáculos mais esperados do festival – Malu Magalhães. Rapidamente o Tivoli encheu com um público ansioso pela menina do outro lado do oceano, agora por cá… Na sua serenidade, beleza natural e encantamento na voz, acompanhada das suas guitarras correspondeu ao esperado, com um profissionalismo e unicidade no que faz. Com o seu assobio e um sorriso presente, proporcionou um dos momentos musicais de top cantando à cappella “Chega de Saudade”, original de João Gilberto. O público foi sempre aplaudindo e cantando temas seus como “Me Sinto Ótima” ou meio seus como afirmou antes de “Janta”. Num espetáculo simplista, à sua imagem, Malu foi muito humilde e agradeceu desde o início, comovida pelo acolhimento e admiração do público para com o seu trabalho.

O mundo do hip-hop enchia a Garagem EPAL numa Ciência Rítmica Avançada, com um ambiente muito característico de quem vive de acordo com as palavras da dupla Beware, uma “atitude e cultura do hip ao hop”. Landim abriu a noite neste espaço, que fechou com Fuse.

Gallant foi uma das grandes revelações deste festival. Vinha recomendado pela imprensa internacional, mas conquistou desde o início. Tem uma voz incrível que vai do falsete à mais alta energia do R&B. Ele explode em círculos, percorre o palco e mantém um registo intenso, em toda a atuação que fez o Coliseu Vibrar.

Mais tarde, Elza Soares, a artista brasileira respeitada e muito aguardada fez-se acompanhar de um espetáculo único, com os músicos excepcionais reunidos em redor de uma voz forte e convicta, assim como as suas letras. O público participativo proporcionou que este fosse um dos concertos marcantes do Festival. Elzinha que poderia aparentar o peso da sua longa carreira ao surgir sentada no alto de uma escadaria, a sua voz continua a ecoar energia, firmeza, as suas letras que percorrem o seu percurso de vida, e que visitam diferentes géneros musicais de samba, a MPB e bossa nova. O público rendeu-se a “A mulher do fim do mundo” que também é “Maria de Vila Matilde”.

Taxiwars fecharam os concertos na Casa do Alentejo, uma fusão sem limites entre Tom Barman (dEUS) e o saxofonista RobinVerheyen. Três álbuns em dois anos é o trabalho deste quarteto de rock e jazz. Numa envolvente psicadélica, deixaram que cada vez mais seja difícil definir o que é jazz, mas que é impossível não admirar o trabalho destes rapazes. Quem chegou antes da hora, conseguiu lugar na sala. A fila para entrar estendia-se à rua.

Branko fechou a noite no Coliseu, com uma composição multimedia de vídeo e som. Uma celebração da música, feita em Portugal que é também das mais internacionais que temos no mercado.

A chuva, neste segundo dia, atrapalhou um pouco das deslocações, mas não desmobilizou a multidão que, munida de capas e chapéus, percorreu os espaços com um único objetivo: ouvir música, descobrir novas sonoridades e conviver. Seja de copo de cerveja ou de chocolate quente na mão.

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