Melanie Martinez Pintou O Campo Pequeno De Um Cor De Rosa Perturbador

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Melanie Martinez

Melanie Martinez apresentou, esta terça feira, no Campo Pequeno, uma produção de teatro musical. Esta digressão vem promover o seu segundo disco, K-12, que é também um filme escrito e dirigido pela cantora norte americana. Foi como se o público tivesse a oportunidade de espreitar os videoclips Melanie Martinez, de estilo “fofinho-infantil”, repletos de cor e cheiro adocicado, mas de mensagem perturbadora.

Às 19h30, quando entrámos no recinto, já não era fácil encontrar um lugar central na bancada do Campo Pequeno. Foi uma espécie de matiné tardia a que as mães e pais levaram os filhos e os amigos dos filhos. O público juvenil – muitas raparigas vestidas de meninas de escola –  esgotou o Campo Pequeno e recebeu com grande euforia Melanie Martinez.

Quando as luzes se apagaram, os gritos abafaram qualquer possibilidade de ouvir o que quer estivesse a acontecer. Um vídeo, com uma professora de olhar sinistro e voz robótica introduz o espetáculo, mas era impossível decifrar o discurso.  E teve início o concerto. Ou antes, o musical. Todo o espetáculo é uma sucessão de quadros, montados em diferentes cenários. Na maior parte dos concertos, o público anseia por ouvir “aquela canção”. A euforia, neste concerto, foi um ato contínuo, do primeiro ao último tema.  Todos as canções tinham vídeo de suporte e cenários a condizer, com a equipa de bailarinos a ajustar o guarda roupa às exigências do guião.

O alinhamento do concerto seguiu também o do álbum, como se de uma história se tratasse, desde “Wheels on the Bus” a “Recess”. Os fãs puderam acompanhar toda uma encenação, de impacto, em que a cantora, ao seu estilo, abordou questões políticas e sociais, num cenário pop quase infantil. No mínimo perturbador. A passagem entre músicas é longa, por vezes na semi obscuridade, apenas com momentos instrumentais. Certamente, um compasso de espera para a mudança de vestuário. Mas dado o impacto visual dos cenários, ninguém se parece importar com as quebras.

A sinistra professora voltou a aparecer, entre músicas, a deixar mais recados (difíceis de perceber, dado o entusiasmo dos fãs). “Show & Tell” transforma Melanie Martinez numa marioneta, puxada por fios numa caixa gigante em forma de coração. “Nurse’s Office” revela um desconcertante hospital; em “Strawberry Shortcake” a cantora surge mínima, numa saia de balão que faz lembrar um bolo gigante e o público é literalmente pulverizado de um aroma adocicado. “Orange Juice” transporta-nos para um cenário idílico, de laranjeiras (e cheira a laranja!),  mas “Detention” e “Teacher’s Pet” voltam a revelar uma faceta mais perturbadora.

Melanie Martinez

Para encore, ficaram temas do primeiro trabalho, Cry Babe: “Mad Hatter”, “Alphabet Boy” e “Fire Drill” (um inédito). Este momento final, foi o único em que a cantora esteve livre de adereços e, juntamente com a banda e corpo de bailarinos se mostrou mais espontânea. Agradeceu ao público e cantou de forma livre. “Obrigada Lisboa! Este foi o nosso melhor espetáculo. Obrigada por terem vindo!”.

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