Marrocos Um País Em Mudança Com Mil E Um Segredos A Descobrir

Reportagem de Elsa Furtado (Texto e Fotos)

O Destino Internacional convidado da BTL 2018 é Marrocos, país do Norte de África, com forte ligação a Portugal, e que fica a poucas horas de avião. Conhecido pela sua diversidade, palete de cores, cheiros e sabores, Marrocos é uma fonte de inspiração para artistas, Chefes, e para quem gosta de viajar e descobrir outras culturas.

Casablanca – A Cidade Branca E Cheia De Luz À Beira Mar

Mas Marrocos está a mudar, uma das mais antigas monarquia do mundo está a modernizar-se, especialmente as suas cidades principais, mudanças que pudemos constatar in loco, numa escapadinha de quatro dias, à boleia da Royal Air Maroc. Partimos de Lisboa para Casablanca – a Cidade Branca, assim chamada pela predominância de edifícios com fachada branca, localizada junto ao mar, a segunda maior de África depois do Cairo.

Aqui encontramos algumas semelhanças com a nossa Lisboa, a luz, as praias, até as casas e a reconstrução da cidade após um grande terramoto, sem esquecer é claro, a Ponte Aérea existente entre as duas cidades no tempo da Segunda Guerra Mundial, imortalizada no filme Casablanca, com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman.

E é por aqui que começamos a nossa visita, chegamos ao fim da tarde à Cidade Branca e fomos até ao Rick’s para jantar e beber uma bebida, a magia do espaço, tal como o vemos no filme não existe, mas a sua memória e influência está lá, nas paredes, no filme projectado no ecrã de televisão e até na música de fundo que vem do piano instalado no piso térreo. De Ricks nem sinais, mas os empregados servem-nos da forma mais educada e simpática possível, num estilo muito ocidental.

No dia seguinte partimos à descoberta da cidade moderna, optámos pelo caminho junto ao mar, passamos pela marina, vimos as praias e seguimos até à Mesquita Hassan II, uma das maiores do mundo islâmico e a terceira maior do mundo, construída entre 1987 e 1993.

A sua imponência e grandiosidade impressionam mesmo ao longe, mas é ao perto que nos sentimos pequeninos perante tamanho e magnificência do edifício, decorado de forma primorosa, com um trabalho quase na sua totalidade feita por artesãos marroquinos. A área destinada às orações ocupa cerca de 20 000 metros quadrados e pode acolher até cerca de 25 000 fiéis, aqui homens e mulheres rezam em separado, em zonas distintas (as mulheres ficam nas mezzanines). Para além da beleza da decoração, tem no tecto principal que abre, uma das suas características principais (simboliza a união entre o céu – Deus, a terra e o oceano. Outra zona de grande beleza arquitectónica fica no subsolo, e é dedicada às abluções e tem 41 fontes em mármore, para além de dois hammams. O minarete desta mesquita tem 200 metros de altura e é um dos mais altos do mundo. A Mesquita Hassan II está aberta ao público em geral, em horários definidos, para visitas, e os muçulmanos não pagam entrada.

É aqui, neste local de culto, que aprendemos um pouco mais sobre o Islamismo e sobre os 5 pilares em que assenta: Existência de um único Deus –  Alá; um Livro sagrado escrito em árabe – Alcorão; reconhecimento de Moamé como o Profeta; a realização de 5 orações por dia (curtas entre 3 a 4 minutos) e a regência dos dias pelo Calendário da Lua.

Seguimos viagem até outra zona da cidade, o Quartier Habbous – também conhecido por Bairro Francês por ter sido projetado por arquitetos franceses, construído entre 1918 e 1955, para acolher os migrantes que aqui chegavam, especialmente famílias de comerciantes. De estilo europeu, é fácil para nós passear por estas ruas, e admirar as suas lojas, visitar as livrarias e sentirmo-nos tentados pelo cheiro dos doces típicos marroquinos, vindos das pastelarias e padarias típicas.

Aqui ainda tivemos tempo para visitar a antiga Casa Governador, atualmente um edifício administrativo do Governo e que parece uma fortaleza, pela sua arquitetura. No interior os pátios estão abertos ao público e é possível admirar a decoração de estilo marroquino. A entrada é livre.

Outro ponto de paragem, neste caso obrigatório para um católico, é a Igreja Católica Notre Dame de Lourdes construída em 1956, segundo projeto do arquiteto Achille Dangleterre, onde se destaca um grandioso conjunto de vitrais da autoria de Gabriel Loire. No exterior, uma réplica da gruta de onde Nossa Senhora da Imaculada Conceição apareceu a Bernadette Soubirous em 1858. Esta é uma das igrejas católicas existentes em Casablanca.

Antes de mudarmos de cidade e paisagem, passámos ainda pela Corniche (uma das zonas panorâmicas mais bonitas da cidade, com vários quilómetros de zona para passeio), ver as praias e o mar, e espreitar o porto e o bairro de Anfa, em tempos local de paragem de fenícios, romanos, piratas e até de portugueses nos séculos XV e XVI. Atualmente é das zonas mais caras da cidade devido à sua localização junto ao mar.

E com isto deixamos Casablanca com o cheiro a maresia, e a vontade de voltar para descobrir mais desta cidade em mudança.

Marraquexe – A Antiga Cidade Imperial Em Que Os Tons Ocres Predominam 

O destino seguinte da nossa viagem é a cidade ocre, onde o vermelho ocre domina a paisagem e os prédios são em terra e barro, aqui não há mar mas sim deserto por todo o lado, mas o encanto e a magia escondem-se atrás de cada esquina e cada porta, tal como os imensos jardins, falamos da exótica Marraquexe, também apelidada de cidade-jardim ou pérola do sul.

Esta não é a primeira vez que aqui vimos, mas é quase como se fosse, a antiga cidade imperial mudou muito desde a última vez, e na antiga Medina há mais para ver e visitar que o velho souk, os riads e kasbahs, há locais novos a descobrir, museus de arte moderna, jardins e novos espaços noturnos e hotéis fora da cidade, até os espetáculos de dança são mais modernos e atrativos.

Começamos a visita pela Medina e pela parte antiga, aqui, no labirinto de ruas estreitas e casas antigas há muito para descobrir, entre lojas de artesão, e museus.

Optámos por entrar na Madraça Ben Youssef, a antiga escola islâmica da cidade antiga, datada do século XIV e que funcionou até à década de 60, onde se aprendia o Corão, a ler e a escrever, álgebra, e direito corânico. Para aqui vinham 264 rapazes com mais de 10 anos de várias zonas do país, especialmente do interior, entre ricos e pobres. O edifício é composto por dois pisos. No piso térreo ficavam o pátio, um espelho de água e as salas de orações e aulas, no piso superior ficavam os quartos dos estudantes, hoje tudo é visitável.

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