O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago, foi a temática proposta aos concorrentes, que depois foi avaliada pelos membros do júri, composto por António Mega Ferreira, Jorge Vaz de Carvalho e João Francisco Vilhena, que se reuniram no dia 9 de abril, e dedidiram atribuir o 1.º Prémio a Maria de Lurdes Poças, uma jurista da Função Pública de Viseu.
Para Maria de Lurdes Poças a passagem do livro que a inspirou na imagem agora premiada foi esta: “Fernando Pessoa levantou-se do sofá, passeou um pouco pela saleta, no quarto parou diante do espelho, depois voltou, É uma impressão estranha, esta de me olhar num espelho e não me ver nele, Não se vê, Não, não me vejo, sei que estou a olhar-me, mas não me vejo, No entanto, tem sombra, É só o que tenho.“
O 2.º Prémio foi atribuído a Pedro Teixeira Neves (Jornalista – Alto de Algés, Oeiras), com o trabalho A Vida Que Há em Si, inspirado na citação: “… então Ricardo Reis diz, Vou beijá-la, ela não respondeu, num gesto lento segurou o cotovelo esquerdo com a mão direita, que significado poderá ter o movimento, um protesto, um pedido de trégua, uma rendição, o braço assim cruzado por diante do corpo é uma barreira, talvez, uma recusa, Ricardo Reis avançou um passo, ela não se mexeu, outro passo, quase lhe toca, então Marcenda solta o cotovelo, deixa cair a mão direita, sente-a morta como a outra está, a vida que há em si divide-se entre o coração violento e os joelhos trémulos“.
Por fim, Fábio Roque (fotógrafo freelancer – São João das Lampas, Sintra) foi quem recebeu o o 3.º lugar, pela fotografia com o título Mensagem, inspirado em: “… por baixo da porta apareceu um papel dobrado, branco, avançava muito devagar, depois com um movimento brusco foi projectado para diante.“
Texto de Sandra Dias