Jorge Palma Numa Noite Do Palácio Mágica

Por Rosa Margarida (Texto) e Paulo Soares (Fotos)

As Noites Do Palácio, nos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto acolheram na passada noite de 14 de agosto, Jorge Palma para um espetáculo esgotado e, há muito tempo, esperado. Foi o primeiro concerto do cantor após confinamento e Jorge Palma que se confessava “um pouco enferrujado, neste tempo com uma nova dimensão” mostrou que o palco é a sua casa e que tempo algum pode tirar-lhe o engenho e a arte.

O último tema de ontem (“A Gente Vai Continuar”) deixou, mais do que nunca, uma mensagem de esperança porque «enquanto houver estrada para andar», a música há de aliar-se a «ventos e mar» para nos dar uma dose de normalidade nesta «liberdade maluca».

Pouco passava das 21h00 quando Jorge Palma subiu ao palco. “O Meu Amor Existe”, “Passeio dos Prodígios” e “Frágil” foram os primeiros três temas da noite, com Jorge Palma ao piano, para uma plateia sentada e com distanciamento social, mas talvez (um talvez!) nunca tão próxima e tão “abraçada” à música, num concerto que, motivado também pelas circunstâncias atuais, se previa minimalista, intimista e mágico. 

E, “Do Lado Errado da Noite” (1985) chega “Jeremias, o fora-da-lei”. Recuámos uns anos, à “Maçã de Junho” para, num ápice, ir até 2011 (“Acorda, Menina Linda).

O tema “Voo Nocturno”, do álbum homónimo (2007), “inspirado após a leitura de uma obra de Saint-Exupéry”, diz Jorge Palma, deixa o público com «as asas nos bolsos / E o coração a planar». De volta ao álbum Com Todo o Respeito” (2011) ouve-se o tema “A Chuva cai”.

Distinguido pela crítica como um dos álbuns do século XX da música portuguesa (Bairro do Amor, 1989), Jorge Palma presenteia o público com “Dá-me Lume” e “Passos em Volta”, este último “roubado” à obra homónima de Herberto Helder, mas a noite, criança ainda, trouxe temas como “Deixa-me Rir”; “Estrela do Mar”; “Á espera do Fim” e “Bairro do Amor”.

” (1991) não esteve Jorge Palma nesta Noite do Palácio, num serão em nada habitual, com as músicas “Canção de Lisboa”; “Terra dos Sonhos” até ao tema, 10 anos depois, “Dormia Tão Sossegada”.

Jorge Palma agradece aos seus músicos e aos seus técnicos, à parceria das produtoras nacionais, PEV e EIN, à Câmara Municipal do Porto e ao público “pelo luxo e pela sorte extraordinária” da noite. Os presentes devolvem, em palmas, o agradecimento.

“Encosta-te a Mim” ficou para o fim – tão rápido! Mas, ali «vivemos cem mil anos». A plateia, pela primeira vez de pé, aplaude Jorge Palma e os seus músicos, num obrigado velado, pelo magnífico serão.

No encore, “Eu fui um Lobo Malvado”; “Espécie de Vampiro”; “Quero o meu Dinheiro de Volta” e a chave (de ouro) com “A Gente Vai Continuar”.

Havemos de continuar a ouvir Jorge Palma – como se fosse a primeira vez (sempre!), porque foi, de facto, a primeira vez de uma nova era….

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