João Onofre Apresenta Once In A Lifetime [Repeat] Na Culturgest

Até 19 de maio está patente na Culturgest, em Lisboa, a mais recente exposição antológica do artista visual português, João Onofre, intitulada Once in a Lifetime [Repeat].

João Onofre (Lisboa, 1976) é sobretudo reconhecido pelo trabalho em vídeo. A sua atividade, no entanto, tem recorrido a muitas outras formas, desde o desenho, a escultura, a fotografia, a performance e as obras sonoras.

A exposição Once in a Lifetime [Repeat], tem curadoria de curadoria de Delfim Sardo, e percorre estas várias e diferentes dimensões do seu trabalho, focando-se na produção dos últimos 15 anos (embora com recuos a obras mais antigas) e inclui uma obra nova, concebida especificamente para esta ocasião, Untitled (zoetrope).

No conjunto do seu trabalho, várias tónicas sobressaem: um interesse pela arte conceptual das décadas de 1960 e 1970, com alusões diretas a obras específicas de artistas que lhe são referenciais; a importância da circularidade e da repetição, fundamental nas peças videográficas, mas também nos desenhos e, globalmente, como processo criativo; a omnipresença da ideia de finitude, de falta, fracasso e de erro como inerentes à vida e, consequentemente, à criação artística; a circulação entre referências eruditas e culturas populares urbanas, apropriadas simultaneamente com humor e empatia.

A exposição é assolada pela omnipresença da música, frequentemente da música pop, como veículo de um existencialismo geracional que, paradoxalmente, possui uma universalidade que pode ser subjetiva e intimamente confirmada.

De enorme rigor, a produção de João Onofre nos vários processos a que recorre, parece reativar uma certa ironia romântica, filtrada pela distanciação analítica do conceptualismo sem, no entanto, perder a dimensão poética, reforçada pelo eterno retorno do mesmo inerente ao uso do loop em muitas das peças videográficas. O ritmo repetitivo e a circularidade reforçam a recorrência dos grandes temas da história da arte: a tensão, o fracasso, a morte, o amor e, como um elo que tudo une, a linguagem.

A obra de Onofre é permanentemente ocupada por uma tónica no performativo, quer presente no desempenho das acções pelos personagens, quer nos atos performativos da linguagem, do som e, em última instância, do nosso desempenho quando confrontados com a fina ironia com que oscila entre a tragédia, a comédia e o conceito.

No dia 28 de fevereiro, pelas 13h00, haverá uma visita guiada com Ana Gonçalves.

A exposição tem um custo de entrada de 4 euros, de segunda a sábado, sendo gratuita aos domingos, e os bilhetes podem ser adquiridos no local.

Autor:Texto de Ana Francisca Bragança
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