Homenagem Aos Queen, Fado De Mika E Atributos De Fergie No Segundo Dia De Rock In Rio

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Perpetuar a memória de Freddy Mercury e manter vivos os antigos êxitos dos Queen, continua a ser a linha de atuação da banda. Antes Mika aventurou-se pelo fado e Fergie pôs todos a dançar com um mix de êxitos, captando a atenção de todos pelos seus atributos (que não propriamente os vocais). De acordo com a organização, entraram no recinto, nesta segunda noite de Rock in Rio Lisboa 2016, 74 mil pessoas.

Passavam 30 minutos da hora marcada quando Brian May e Roger Taylor e o atual vocalista da banda Adam Lambert entraram em cena. Duas gerações, a partilhar o palco, com o objetivo de recriar o espírito daquela que foi uma grande banda e recordar a figura que a liderou e que já não se encontra presente: Freddy Mercury. O concerto é um bom espetáculo de homenagem a essa glória do passado. Um alinhamento de sucessos, como “Break Free”, “Somebody to Love” ou “Love of My Life” onde não falta sequer a imagem, em vídeo, do antigo vocalista. “Só há um Freddy Mercury” esclarece Adam Lambert no início da atuação, reforçando o seu contributo sem pretensão a substituir o insubstituível. Ainda assim, a panóplia de acessórios que exibe e a postura que assume confirmam a sua admiração pelo artista. O cantor ficou conhecido durante a 8ª temporada do programa American Idol e a primeira atuação conjunta com os Queen deu-se na final do programa, em 2009.

Todos conhecem os temas e a euforia sobe de tom a cada tema. “Underpressure”, “Crazy Little Thing”, “Another One Bites de Dust”, “I Want It All”, o profético “Show Must Go On” e o marco da história musical “Bohemian Rhapsody”, mais uma vez cantada a duas vozes (a deste e a do outro mundo).

Já em encore regressam para o estrondo que é “Radio Gaga” agora, numa versão mais melodiosa, pelo timbre de Adam Lambert. Terminam com os temas universais que muitos outros utilizam, ainda, para os mais variados propósitos: “We Will Rock You” e “We Are The Champions”. Adam Lambert é o rei da noite, com de coroa na cabeça e a despedida é apoteótica, com direito a chuva de confettis.
“Who wants to live forever?” Arriscamos a dizer que serão os Queen.

O palco mundo abre diariamente com O Musical do Rock in Rio. O espetáculo tem a duração de cerca de 50 minutos e conta a história do Rock in Rio, com episódios das diversas edições, nas quatro cidades onde já teve lugar: Rio de Janeiro, Lisboa, Madrid e, mais recentemente, Las Vegas. Isaac Alfaiate é o único ator português num elenco que conta com Thati Lopes, Hugo Bonemer e Ícaro Silva nos principais papéis. A peça tem texto e direção de Rodrigo Nogueira, direção musical de Tony Lucchesi e coreografia de Ciça Simões.

Conta ainda episódios peculiares que aconteceram com os diversos artistas que passaram pelos diferentes palcos e países do Rock in Rio, não deixando de lado, o momento da primeira edição em que Freddie Mercury cantou “Love of My Life”. Relembra ainda as 500 toalhas brancas que Prince pediu e que fez com que a organização recorresse a todos os hotéis da zona para as conseguir, quando, afinal, ele apenas usou duas… Para além de alguns momentos do festival, este musical conta também o romance de um casal que se conhece no primeiro Rock in Rio, em 1985, e que sonha reencontrar-se a cada edição.

Muitos queixos caíram com a entrada Fergie no palco. Os atributos físicos da cantora norte-americana sobressaem aos dotes vocais, exacerbados pelas poses sensuais. Uma carreira bem sucedida a solo, mas também nos The Black Eyed Peas trazem muitos admiradores ao Rock in Rio. O recinto transforma-se numa gigante pista de dança, com os seus êxitos, mas também com os que recupera, como “Start Me Up” dos Roling Stones ou “Whole Lotta Love” dos Led Zeppelin. A capacidade de cruzar sonoridades improváveis é incrível, mas quem assiste, vibra com esta atuação, em modelo Dj. Anuncia nova música, e deixa um excerto do novo videoclip a passar nos ecrãs, enquanto aproveita para trocar de roupa. Em “Love is Pain” presta homenagem a Prince interpretando “Purple Rain”.

Além dos bailarinos que a acompanham, desde o início, traz para o palco um novo personagem: um guerreiro cuja farda é composta por coloridos brinquedos. A performance de Fergie continua a fazer brilhar olhos, com “Rock that body” e o mote é mesmo de festa (“Don’t Stop The Party” e “Party All the Time”). Os sofás espalhados pelo recinto passaram a mero objeto decorativo quando recupera “I Gotta Feeling” dos The Black Eyed Peas.

Mika foi uma surpresa constante. Uma alegria inesgotável, boa energia e capacidade de entrega. Abriu com “Big Girl” e agarrou desde logo o público com a sua pop contagiante. Por várias vezes deixou o recinto iluminado com as luzes dos telemóveis. “Vocês não são apenas pessoas, são dezenas de milhares de luzes” disse em “Underwater”. Em “Lollipop”, junta os seus músicos à volta das teclas, a marcar o ritmo com baquetes, enquanto conta uma história cantada. Traz depois para o palco dois músicos portugueses, um deles o conhecido Jorge Fernando. Partilha que esteve numa casa de fados, na noite anterior e lhe pediram para cantar fado. Percebe-se que é admirador do género e é a medo que diz que vai fazer em palco, algo completamente inédito, que é cantar uma música que escreveu aos 16 anos. A sonoridade é a que sai das guitarras portuguesas dos músicos e o momento torna-se solene.

Voltamos ao ambiente de festa e a surpresa final chega em “Love Today”, quando o cantor sai de palco e surge com a cantora portuguesa Mariza às cavalitas, para o ajudar a traduzir uma mensagem ao público. Mais uma vez, queria ver as luzes e sentir a energia de um recinto todo iluminado de pequenos pontos brancos. Mika, com a sua poderosa voz de falsete trouxe um verdadeiro espetáculo não só em termos musicais como visuais.

Pelo palco Vodafone passaram, nesta sexta feira, os Pista, depois os Sensible Soccers e a fechar a banda brasileira de rock psicadélico Boogarins.

Na Rock Street a tarde começou com Carlinhos de Jesus, bailarino Brasileiro traz a sua personagem de “Malandro da Lapa” para Lisboa, com o desafio “Vem dançar comigo”. Foi o passinho de dança brasileiro, com jeito malandro,  que se aprendeu e praticou por aqui.

A cidade do Rock encosta a porta durante os próximos dias, para a voltar a abrir sexta-feira, dia 27 de maio, com os Hollywood Vampires, Korn e Rival Sons. Os bilhetes diários de acesso ao Rock in Rio Lisboa encontram-se à venda nos locais habituais e têm um custo de 69 euros.

 

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