Gravuras de Foz Côa: Cultura, Passeio e Natureza

foz_coa_museu_gravuras (23)

O Parque Arqueológico do Vale do Côa é o maior parque de gravuras ao ar livre do mundo, com cerca de trinta quilómetros de extensão, contendo gravuras pertencentes ao período Paleolítico Superior (entre trinta e dez mil anos antes da modernidade), e classificado deste 1998 como Património Mundial pela UNESCO.

As viagens para os sítios de arte rupestre não são as mais confortáveis devido ao difícil acesso e má condição do carreiro, mas a paisagem típica do vale, parte do Douro Património Mundial, mais que compensa, e se feita com boa disposição pode ser bastante divertida.

Em cada uma das três localizações preparadas para receber visitas é possível observar meia-dúzia de rochas, contendo cada uma delas uma multitude de gravuras sobrepostas, sobretudo de animais (cavalos, cabras, veados, auroques), e menos frequente, figuras humanas.

O que mais impressiona são as raras figuras humanas, sobretudo as sombras esticadas, a noção de movimento expressa nas gravuras e os recorrentes tópicos sexuais, sugerindo que em parte asa gravuras serviriam para sinalizar zonas de reprodução das espécies animais que habitavam o vale.

O passeio junto ao rio, afastado de qualquer sinal de civilização para além das gravuras, permite passar uma tarde muito agradável e descontraída, ficando totalmente embrenhados por um vale virgem, para além de vinhas e as cicatrizes da barragem que em tempos se esteve por construir.

Já o Centro Interpretativo conta com uma arquitectura única, extraordinariamente bem integrada na paisagem e que só por si vale a visita. Contém exposições temporárias e permanentes, concentrando-se nas representações gráficas e na história de arte préhistórica.

Apesar de o Centro não conter uma única gravura (apenas réplicas), o espólio é muito variado e original, com uma componente de multimédia que complementa a exposição. As constantes reflexões presentes nas paredes sugerem a modernidade do Homem do Paleolítico e o que em nós há de primitivo.

O percurso pelo Centro Interpretativo é uma viagem pela comunicação gráfica da Humanidade, um regresso às origens que nos permite conhecer um pouco melhor e com uma estranha familiaridade gravada nos nossos genes.

A Fundação Côa Parque disponibiliza por 10 euros (por pessoa e viagem), visitas guiadas a três localizações com as gravuras rupestres do Côa, apenas acessíveis com os todo-o-terreno da Fundação, através do vale que faz parte parte do Douro Património Mundial e sendo recomendado marcação prévia.

Está aberto todo o ano (excepto segundas-feiras) , das 10h00 horas às 17h30.

Reportagem de Duarte Harris Cruz e Fotos de SB
Artigo anteriorAmos Oz, escritor israelita, recebeu Prémio Franz Kafka 2013
Próximo artigoMarózia promete ser o livro mais perturbante do ano

Leave a Reply