Os últimos dias do FMM são sempre marcantes, com grande expectativa, com mais público, com mais horas de música e de dança e com mais energia, quase como se não houvesse amanhã. É talvez mesmo por isso, porque se sentem as últimas vibrações a sair do palco e se sabe que só regressam dali a 12 meses, que todos parecem viver o FMM com maior intensidade quando já está perto do fim.
Este ano não foi diferente. Após mais de 40 concertos com sonoridades das mais diversas origens do mundo, Angélique Kidjo, vinda de Benim, subiu ao palco para cantar e dançar com o público, mas também para deixar uma mensagem. Dirigindo-se a todos, fez questão de lembrar a importância pelo respeito entre todos e por cada um, pela diferença e pela entreajuda.
Angélique cantou para e com o público, dançou para e com o público. Desceu do palco para se misturar com a multidão que assistiu ao concerto e no fim, levou para o palco quem com ela quis subir para dançar ainda mais. Largamente aplaudida no final, numa despedida demorada e difícil, abriu o apetite para o concerto dos israelitas a residir nos EUA, Balkan Beat Box, que abriram “iluminados” pelo tradicional fogo-de-artifício que marca o último concerto do FMM entre muralhas.
Sempre a pular em cima do palco sem perder o fôlego, os Balkan Beat Box conquistaram o público, que não só dançou, como aplaudiu e assobiou em apoio aos apelos feitos por Tomer Yosef, vocalista da banda, pelo “fim da guerra no Médio Oriente e a Paz em Israel e na Faixa de Gaza”.
Mas de muito mais “descobertas” se fez este festival, com ritmos africanos, europeus, orientais e americanos. Anthony Joseph, de Trinidad, foi incansável em palco, a portuguesa Gisela João provou que o fado não é apenas para ouvir sentado, os caboverdianos Mó Kalamity & The Wizards puseram a Avenida Vasco da Gama a dançar ao ritmo do reggae, os chineses Ajinai, inspirados em música da região da Mongólia Interior, surpreenderam com os ritmos rock com que inovam canções folclóricas mongóis, os sul-coreanos Jambinai deixaram de queixo caído o público com um rock experimental pesado e melancólico, mas profundo e melodioso ao mesmo tempo.
Porto Covo voltou a ser “Palco do Mundo”
O regresso a Porto Covo passados quatro anos sem festival, foi uma das novidades recebidas com agrado pela maior parte das pessoas, que passaram pelas ruas da aldeia turística do Concelho nos três dias de espectáculos.
Com lugares sentados em frente ao palco, instalado na Praça Marquês de Pombal, o FMM conseguiu um regresso calmo a Porto Covo, onde os concertos tiveram sempre acesso livre, com muitas famílias, com crianças, adolescentes, pais, avós, jovens e menos jovens entre o público.
Música indiana pelas ruas, o beatbox de Krismenn/Alem, da França, a música multilingue de Karolina Cicha & Bart Palyga, a energia em palco de Selma Uamusse e os sons tradicionais dos colômbianos Cimarrón, entre outros, marcaram o tom multicultural recebido de braços abertos por uma audiência ansiosa pelo início de mais uma viagem pelo mundo da música.
Muito mais do que música, o Festival Músicas do Mundo proporciona experiências para todos os gostos, seja em estilos sonoros, seja com cinema documental, exposições, conversas com escritores e com músicos, workshops para os mais pequeninos, contos infantis, feiras de roupa, artesanato, livros e discos e tasquinhas com sabores regionais.
Para o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, a 16.ª edição do FMM foi sem dúvida “um êxito”, com “espectáculos excelentes” e um “record de bilheteira” no último fim-de-semana de concertos no Castelo.
“Isto para nós é também o reconhecimento de que este festival tem grandes potencialidades e será certamente uma aposta para continuar”, assegurou Nuno Mascarenhas.