Feist No Coliseu: Canadiana Declara-se A Lisboa

Reportagem de António Silva (fotografia) e Pedro Fonseca (texto)

Feist
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Leslie Feist encantou os que marcaram presença este domingo no Coliseu dos Recreios em Lisboa. Nem a constipação, rouquidão e falta de voz impediram a cantautora canadiana de apresentar o seu mais recente álbum Pleasure (2017) juntamente com os outros êxitos dos álbuns anteriores no seu estilo inconfundível.

Bem disposta e humorada, começou o concerto com o auxílio de um tradutor electrónico para gargalhada geral. Na dificuldade natural de se exprimir em Português, serviu-se do aparelho para justificar o problema de saúde e a insegurança na voz, apelando à compreensão de todos.

“Pleasure”, canção que dá nome ao último álbum, abriu o concerto e fez logo sentir a força da guitarra, a interligação com os elementos da banda e a expectativa do público.

Num concerto em crescendo, seguiram-se recordações do álbum anterior Metals (2011) como “The Bad in Each Other” ou “How Come You Never Go There”, onde contou com a colaboração da sua conterrânea e amiga Ariel Engle / La Force que preencheu a primeira parte do concerto.

Seguiu-se o som mais intimista e suavizante de “Get Not High, Get Not Low” e “The Wind”, músicas do último álbum, para logo se envolver e entranhar nos corações de todos com “Any Party”, através de uma improvisada dedicatória a Lisboa. Reconhecendo a dificuldade que é encarar o envelhecimento, deixou todos à vontade para que pudessem admiti-lo aproveitando o escuro, e revelando que “I’m Not Running Away” a ajudou a encarar de uma forma mais positiva o passar dos anos.

O público estava conquistado, se dúvidas restassem. A insegurança da voz estava ultrapassada e voltámos a temas de Metals (2011) com as respeitáveis “Anti-Pioneer”, que andou a saltar de álbum em álbum até ser editado e “A Commotion”.

“A Man Is Not His Song” e “I Wish I didn’t Miss You” finalizaram a apresentação de “Pleasure” (2017), um álbum que mostra um lado mais folk de Feist.

Estava na hora de voltar aos primórdios de Feist e aos álbuns The Reminder (2007) e Let it Die (2004), aquela melodia indie pop que faz bater o pé quase involuntariamente e ganhar molas nas pernas para balançar o corpo de forma mais ou menos ritmada e coordenada. “The Limit to Your Love”, mais conhecida através da voz de James Blake, iniciou o que “I Feel it All” não conseguiu parar. Uma onda de boas vibrações a fluir no ar que fez o público levantar-se das cadeiras aos pulos. Com “Sealion” e “My Moon My Man” a atmosfera dançante continuou contagiante com Feist a incentivar ainda mais um público já por si rendido. A calma arrepiante de “Let it Die” confortava todos, com mais elogios a Portugal, à costa portuguesa e aos pastéis de nata em jeito de despedida de palco.

O encore teve Feist a solo em palco, iniciando com “So Sorry” que dedicou a um velho amigo e parceiro na composição, Mocky, e que reside actualmente em Lisboa.

“Mushaboom” e “Gatekeeper”, esta dedicada a Chilly Gonzalez, anteciparam o final do concerto com uma versão muito peculiar de “1234”. Uma canção que fez Feist equacionar como a vida pode mudar tanto num espaço de 10 anos. Com coros diferentes para as diferentes partes do Coliseu, fruto de um trabalho minucioso mas descontraído da artista, recebeu no fim a companhia dos restantes membros da banda, e incentivou a todos que continuássemos a cantar daquela forma à saída para a rua.

Vénias do público a uma artista que conseguiu ultrapassar uma fase mais difícil da sua vida e que voltou com mais um álbum para se degustar e muita energia para os palcos, apesar do infortúnio vocal que viveu em Lisboa.

Ariel Engle, que assume o nome artístico de La Force, assegurou a primeira parte do concerto. Apresentou a sua música, pop electrónica, feita de melodias sedutoras.

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