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mundo espalhado pelos 1500 metros da Avenida Decumano, a refletir sobre uma alimentação sustentável. Feeding the Planet, Energy for Life é o tema da Exposição Universal 2015 que está a decorrer em Milão, até ao dia 31 de outubro de 2015.
A Expo Milão tem promovido reflexão sobre as contradições do mundo atual: por um lado a fome, que atinge cerca de 870 milhões de pessoas e por outro lado, a obesidade e os riscos associados a uma alimentação pobre em nutrientes. Procuram-se também soluções para as toneladas de comida desperdiçada todos os anos. Os 140 países participantes trazem para este espaço o seu contributo em matéria de soluções para um consumo saudável e sustentado de recursos, mas também a sua identidade, numa vertente cultural, lúdica e turística. Portugal não tem representação oficial.
É muito simples orientar-se na Feira. Há uma larga avenida central, que se estende de ambos os lados, com pavilhões. Essa avenida é intersetada pela rua Cardo, onde se encontra a zona dedicada a Itália. Uma das extremidades tem um lago, de onde nasce A Árvore da Vida, uma estrutura com 37 metros de altura que é uma das grandes atrações da Expo Milão. Durante o dia, de hora a hora, há um pequeno espetáculo, com a duração de 3,5 minutos, que combina luz e som, e efeitos especiais. À noite o espetáculo é prolongado e acompanhado da composição musical preparada pelo Maestro Roberto Cacciapaglia.
Há inúmeras conferências a decorrer no espaço, eventos, mas também muita animação. Foody é a mascote do evento, que desfila com os seus amigos diariamente no recinto (às 12h00 e às 16h00). Sendo uma Exposição Universal, esta é também uma viagem à volta da arquitetura mundial, uma vez que a maioria dos participantes tem pavilhões próprios.
O especial enfoque na alimentação faz com que a gastronomia se encontre em destaque nesta feira. A maioria dos pavilhões tem restaurante próprio com provas, workshops e menus de degustação específicos. Pode viajar pelas mais típicas mesas do mundo e provar alimentos tradicionais de cada país, ou até adquiri-los nos espaços que os comercializam.
Há um autocarro gratuito a circular dentro da expo. Chama-se People Mover e percorre o perímetro da feira, de forma a ajudar as pessoas nas deslocações. Circula no sentido dos ponteiros do relógio, faz 10 paragens e passa de 5 em 5 minutos.
Os Pavilhões
Cada pavilhão oferece a sua própria experiência em matéria de impacto sensorial. Trazem as cores, cheiro e imagens de cada país, juntamente com as suas propostas inovadoras de poupança e respeito ambiental. Há quem se destaque pela forte componente tecnológica, como a Coreia com as suas apresentações futuristas recorrendo a avançados suportes e quem evidencia a sua posição pela simplicidade e diferencia, como a Austria, que ali “plantou” uma pequena floresta.
Dada a elevada afluência da Expo, há longas filas para alguns dos pavilhões, cujas apresentações não permitem uma circulação fluida. Há, no entanto, alguns espaços, que vale mesmo a pena visitar. Países que estão a planear exposições nos próximos anos, estão obviamente a aproveitar esta Expo como cartão de visita. Nos Emirados Árabes Unidos, passámos por várias apresentações multimédia, com recurso a hologramas bastante reais e surpreendentes. A visita termina com a maquete da Expo 2020 que irá ter lugar no Dubai. O Cazaquistão recorre também à tecnologia 3D para mostrar o que está a preparar para a Expo 2017, que irá decorrer em Astana.
Atravessamos um autêntico campo agrícola, com grande variedade de alimentos cultivados a caminho da França. O amplo pavilhão aberto dá-nos conta dos produtos franceses que competem por um lugar no mercado internacional, fazendo desta visita um interessante exercício de reconhecimento. Muito concorrido é o pavilhão da Alemanha. Lúdico, interativo, pretende promover a geração de ideias nos visitantes. Recebem, à entrada, um livro em branco e é com ele que vão ativar muita da informação disponível na área, relacionada com a inovação em termos de produção, nutrição e consumo de alimentos. O espaço exterior foi também bem aproveitado, com agradáveis miradouros sobre a Expo. À noite, abre a pista de dança, e o espaço torna-se concorrido pela presença de DJs.
Há pavilhões cuja construção se baseia em objetos tradicionais: é o caso do Qatar, com uma estrutura semelhante à dos cestos que recolhem alimentos ou a Tailândia que remete para os populares chapéus de palha. Há uma tendência recorrente de apresentações projetadas em salas espelhadas, como é o caso da Tailândia ou mesmo do pavilhão de Itália, em que temos uma visão caleidoscópica das maravilhas destas nações.
A Suíça apostou num conceito mais conceptual. O seu pavilhão é um conjunto de quatro torres. Acede-se ao topo da primeira de elevador e com as boas vindas explicam-nos que entrámos num supermercado, onde podemos levar tudo o que quisermos, sem pagar nada (café, sal, copos e água). No entanto, pedem-nos responsabilidade na atitude, uma vez que o stock disponível não será reposto e é suposto que dure toda a exposição. Os pisos estão assentes nos caixotes que guardam os bens disponíveis e à medida que as pessoas os recolhem, o chão vai descendo. Uma metáfora inteligente para o consumo equilibrado de recursos que é acompanhada de informação detalhada sobre a confederação helvética. De regresso ao piso de baixo, encontrámos ainda três espaços para visitar: o da Nestlé com inúmeros jogos interativos sobre nutrição onde é explicada a importância de uma das ações quotidianas mas básicas: comer! Uma outra área de exposição sobre Zurique, enquanto cidade sustentável, e ainda uma sala dedicada ao maciço de Saint-Gotthard, com os rios que correm nos seus 4 cantões (Graubünden, Uri, Ticino e Valais) e que fornecem a água à Europa. Trata-se de uma maquete impressionante das montanhas, feita em granito (20 toneladas dele).
Também o Reino Unido optou por uma solução pouco obvia, que aliou uma forte aposta no design, simples, mas tão eficiente, de nos sentirmos uma abelha, a percorrer os jardins e a entrar numa colmeia, a gigante estrutura metálica de favos, onde não há quem saia sem a sua selfie…
Os dias nacionais têm um papel importante no calendário de eventos e permitem que os participantes celebrem o seu envolvimento com a exposição, promovendo a participação nas suas atrações culturais.
Há também áreas temáticas interessantes, que agregam várias nações em torno da produção de arroz, café, cacau e chocolate, cereais, fruta e legumes, especiarias, ilhas, mar e comida e zonas áridas. Scent of a dream é a exposição de fotografias de Sebastião Salgado sobre campos de café em países emergentes, que decora a zona do café.
Outro espaço curioso é o Supermercado do Futuro, em que a tecnologia substitui na totalidade as pessoas no espaço comercial e a informação relativa a cada bem inclui o seu valor nutricional.
Allavita – o Espetáculo do Cirque du Soleil
Allavita conta a história de Leonardo, o menino que um dia recebeu uma semente da sua avó, a qual gerou o seu amigo Farro. É com este amigo imaginário que Leonardo embarca numa viagem mágica de esperança e desafios à lá Cirque du Soleil. Começa com a habitual interação entre personagens e plateia, com o Chefe de um restaurante a “implicar com os seus clientes”, neste caso o público, ou a perseguir os empregados que vão fazendo das suas. Um momento de diversão antes de avançar para os 14 quadros de fazer cortar a respiração, onde a dança, o risco, a multiculturalidade mas também a alegria e a boa energia têm lugar.
Milão – Uma Volta Pela Cidade
Indicações Úteis
A Expo Milão fica localizada na zona noroeste da cidade, junto ao centro de exposições da Feira de Milão. A melhor forma de lá chegar é de metro (linha M1) e sair na estação Rho-Fiera. A estação de metro está diretamente ligada a uma das entradas. O bilhete do centro de Milão para a feira custa 2,50 euros e aconselha-se a comprar logo ida e volta (5 euros) de forma a evitar as filas no regresso. A viagem, desde a estação do Duomo dura cerca de 25 minutos.
A exposição abre, diariamente, das 10h00 às 23h00, até ao dia 31 de outubro. Os bilhete diário normal custa 34 euros. Há descontos para estudantes, +65, crianças dos 4 aos 13 anos, famílias, bilhete sem data marcada, só para a noite. Há passes para dias consecutivos ou intercalados (2 ou 3 dias) ou passes para a época. Os bilhetes podem ser adquiridos on-line ou localmente nas bilheteiras.
Viagem e Estadia
Para quem viaja de Portugal para Milão basta o Cartão de Cidadão, já a diferença horária é apenas de mais uma hora.
A língua é o italiano e a moeda o Euro.
A TAP tem voos diários para Milão. Do aeroporto de Malpensa pode chegar ao Centro da cidade de comboio, que tem depois ligação ao metro ou de autocarro. Há autocarros a fazer a ligação direta entre o aeroporto e a Expo Milão.
No alojamento as opções são muitas, mas se a sua ideia é só um hotel onde possa dormir e bem, o C&H sugeres que opte por uma das várias unidades hoteleira da cadeia ibis, em Milão, pela combinação satisfatória entre preço e qualidade. As tarifas têm pequeno almoço disponível e há internet wi-fi gratuita em todo o hotel.
O C&H agradece à TAP Portugal o apoio para a realização da reportagem e ao hotel ibis Milano Ca Granda o apoio no alojamento