Entre Lisboa e Nova Iorque n’O Bairro de Ana Bacalhau e Júlio Resende

AReportagem de Tânia Fernandes e António Silva

O Bairro de Ana Bacalhau e Júlio Resende não tem localização definida. Fica entre Nova Iorque e Lisboa, com tudo aquilo que pode improvavelmente haver em comum entre o jazz e o fado. Na apresentação única, que teve lugar este sábado, no  bar Ondajazz, na Fábrica do Braço de Prata, ficámos a saber que também lá vivem, neste bairro, artistas como António Variações, Jorge Palma, Sérgio Godinho ou Carlos do Carmo.

Desviando-se do percurso que lhe deu popularidade, Ana Bacalhau tem feito alguns parêntesis na carreira dos Deolinda para se atirar as outras sonoridades. No final de 2013, no  Teatro São Luiz, recuperou as músicas da sua adolescencia e desta vez encostou a sua voz ao piano de Júlio Resende. E há, neste projecto, mesmo dois protagonistas, com espaço para cada um. Não é um pianista a acompanhar a cantora, ou a voz que canta as melodias do piano. O talento de Júlio Resende baralhou-nos os sentidos ao permitir-nos identificar fado através das teclas do piano e não da guitarra. E Ana Bacalhau deu-nos uma versão do “Fado Toninho” com a sonoridade típica do Harlem.

O amor e os bairros de Lisboa foram temas recorrentes esta noite. A noite começou com “Rua do Capelão” de Amália Rodrigues, passou por “Mouraria” de Ana Moura que endureceu ao passar para “Parva que sou” dos Deolinda. De “Fado Toninho” passaram para outra surpreendente versão de “Lisboa que Amanhece” de Sérgio Godinho. Seguiu-se um solo de Júlio Resende, que nos fez pisar as pedras da calçada íngreme de Lisboa, com melodias que todos reconhecem.

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“Estou Além” de António Variações marca o regresso de Ana Bacalhau ao microfone apetecendo-nos responder “Estou Bem”. A sala está repleta. Não cabem mais cadeiras na plateia e os mais atrasados ficam de pé nas laterais a assistir a este concerto único. O silêncio de respeito venera quem os brinda com um serão tão especial.  Mas difícil é conter a emoção com a versão de “Canção de Lisboa” de Jorge Palma. Terminam com um blues de Billie Holiday. Mais contido do que o habitual, Ana Bacalhau refere apenas que “este foi um dos primeiros blues que cantei quando era miudinha”.
Um encore para se despedirem com “Loucura” de Carlos do Carmo.

Chorai, chorai
Poetas do meu país
Troncos da mesma raíz
Da vida que nos juntou
E se vocês não estivessem a meu lado
Então não havia fado
Nem fadistas como eu sou 

Aguardamos mais noticias deste Bairro!

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