Crónica: Cultura Para Todos

Por Óscar Enrech Casaleiro

Nº 14 – Para que servem os Dias Internacionais e Mundiais?

Não resisto a uma introdução à “velhote”: no meu tempo…só comemorávamos o Dia Mundial da Árvore e festejávamos os Dias da Tríade dos Santos Populares: António, Pedro e João. De há alguns anos a esta parte explodiram Dias Nacionais, Internacionais e Mundiais, com uma média de um ou dois por dia, o que dá o arrepiante número de quase quatrocentos dias especiais de corrida. De tal forma que estas efemérides também se encontram numa quantidade aceitável na área cultural: dias da dança, da música, do teatro, dos museus, do património, da poesia, livro ou direitos de autor só para citar os mais falados….E a pergunta é para que é que servem estas vinte e quatro horas temáticas?

Confesso a minha embirração com estas celebrações episódicas. As instituições culturais tendem a programar as suas principais atividades nestes dias com o falso motivo de querer marcar o dia, como se isso trouxesse algum valor acrescentado para o seu público. Não nego que pode por vezes resultar numa iniciativa de sucesso por uma conjugação de fatores que nada têm a ver com aquele dia, no entanto esgota-se naquele período, torna-se episódico. Por outro lado estes dias especiais são isso mesmo, ideais para que aqueles responsáveis de espaços culturais possam mostrar a sua obra celebrando a efeméride. Torna-se assim uma forma perguiçosa de programar a cultura.

Por outro lado estes dias internacionais e mundiais são também uma forma molengona de muitos meios de comunicação social divulgarem assuntos culturais. Não é preciso muito tempo a ler jornais e sites, ouvir rádio ou ver televisão para constar o reduzido peso que a cultura tem na atualidade noticiosa durante 358 dias anuais é repentinamente compensado por sete dias temáticos. O problema é que estes eventos espalham-se por tantas cidades e vilas que não chegam a ter uma cobertura digna. É a cultura das efemérides.

Por Óscar Enrech Casaleiro – Comunicador cultural desde 1997, atento à atualidade desde sempre.

N.R.: Esta crónica tem periodicidade quinzenal e é da inteira responsabilidade do seu autor

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