Esta semana aprendi o quanto é fácil contentar o Tuga: uma queda em directo e temos o país a reluzir de felicidade, a estrebuchar de contentamento, a esquecer a crise, o défice, o orçamento e, sobretudo, a pequenez que, somada, leva confrangedoramente a este estado alarve ao qual nos fomos placidamente acomodando. Ao ter caído no programa da Sic, Ídolos, levei a casa de cada um de nós um pouco de esperança, de luz, da ambição há muito perdida. Ainda coçando a careca que embateu no chão, e sob os holofotes cáusticos do povo de gengivas abertas, já eu me apercebia de que a miséria humana dos outros leva cada qual a sentir-se maior e mais poderoso ainda que por breves instantes. Valha-nos a net, o Youtube, o Facebook e afins.
Pedro Abrunhosa nestas crónicas utiliza a mesma linguagem que utilizou na construção dos retratos sociais/musicais que usou nas canções Balada para Gisberta, Novos-pobres ou Eu sou o poder. Aborda temas como a corrupção, os Sms de Natal, a vontade de ser famoso ou os ginásios que se converteram em discotecas diurnas.
Pedro Abrunhosa é fundador da Escola de Jazz do Porto. Em 1994, com os ‘Bandemónio’, edita o primeiro álbum (“Viagens”) e atinge a tripla platina, com 240 mil exemplares vendidos. Seguem-se Tempo (1996), Silêncio (1999), Momento (2002), Luz (2007) e Longe (2011), com os Comité Caviar. Lança também diversos álbuns ao vivo. Percorre mais de 20 países, com mais de 3000 espectáculos. Conta com a colaboração de nomes internacionais nos seus concertos e discos, como Nelly Furtado, Maria Bethânia, Maceo Parker e Caetano Veloso. Realiza conferências, aulas, debates, colabora e escreve para diversos músicos. Dá corpo aos Boom Studios e respectiva editora, para apostar em autores que escrevam em português. Actualmente está a escrever o seu sétimo disco de originais.
Crónico, de Pedro Abrunhosa, com a chancela da Babel, com 112 páginas, disponível desde dia 22 pelo preço de 9,95 euros.
Texto de Clara Inácio