Crónica: Cultura Para Todos

Nº 44: Para Que Serve Um Museu?

Confesso que sou um grande apreciador da doçaria portuguesa, acho que é certamente a melhor do mundo. Mas esse sentimento só o tenho por ter provado e saboreado estas obras-primas da Gastronomia, saber um pouco da sua História e descobrir os ingredientes que compõem um determinado doce. Não faria sentido se a minha experiência gastronómica se limitasse a observar as peças pela vitrine de uma pastelaria ou através do vidro da arca frigorífica onde estão mousses, leites-creme ou semifrios.  Como é que eu poderia adivinhar o sabor só pela visão?

É um pouco esta a sensação que tenho quando entro num museu que se limite a ter uma exposição estática de alguns dos objetos que compõem a sua coleção. Claro que é legítimo questionar: mas a definição do museu não implica a existência de uma coleção, que deve ser conservada, exposta e divulgada? Correto. Mas nos dias de hoje em que somos invadidos por uma quantidade imensa de estímulos informativos, recreativos e culturais é suficiente para um museu permanecer de portas abertas com os objetos na vitrine, legendas e textos de parede?

A resposta é não, não chega, além da exposição o museu tem de fazer muito mais pela sua coleção, tem que disponibilizar uma diversidade de atividades que podem até não estar diretamente relacionadas com o seu acervo, mas que ajudam a dar a conhecer a entidade junto da população e indiretamente, e o mais importante de tudo, divulgam a coleção. Ou então as atividades podem ter uma finalidade educativa e pedagógica e aí temos múltiplos casos interessantes  de serviços educativos não apenas para crianças, com workshops para adultos.

Já existem celebrações de “datas especiais” concentrados em 24/48 horas, como acontece com o Serralves em Festa. Outro caso com uma lógica diferentes era o Belém Art Fest um festival de música a decorrer nos museus de Belém, em Lisboa, um caso paradigmático de concentração de espaços museológicos numa área reduzida. Com o objetivo de revelar artistas emergentes, o evento concentrava em dois dias um elevado número de concertos de curta duração. Como se vê as hipóteses são muitas o que importa é que os dirigentes tenham coragem de arriscar na programação e dar-lhe originalidade.

Por Óscar Enrech Casaleiro – Comunicador cultural desde 1997, atento à atualidade desde sempre.

N.R.: Esta crónica tem periodicidade quinzenal e é da inteira responsabilidade do seu autor

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