Corto Maltese dá o mote a exposição na Fundação Eugénio de Almeida

A Fundação Eugénio de Almeida dedica uma exposição a uma das figuras míticas da Banda Desenhada,  Corto Maltese: Viagem à Aventura  Corto Maltese, a personagem criada por Hugo Pratt, que se tornou uma referência cultural no mundo da Banda Desenhada e da literatura do século XX, vai estar em exposição de 25 de Julho a 2 de Dezembro.

A exposição Corto Maltese: Viagem à Aventura apresenta 51 obras originais de Hugo Pratt, desde aguarelas, a tinta-da-china e guache, que retratam as viagens de Corto Maltese,  a Veneza, passando por África, de Samarcanda à Polinésia, do Caribe à ilha de Escondida.

Pioneiro na arte de misturar Banda Desenhada com literatura, Hugo Pratt dá a conhecer as aventuras de Corto Maltese, seu alter-ego, criado em 1967 com traços de desenho simples, mas com grande rigor histórico. Corto encontra e conhece figuras célebres da cultura global como Rasputin, Butch Cassidy, Ernest Hemingway ou Joseph Stalin. O capitão maltês de Pratt atravessa ainda períodos históricos como a colonização da Oceania, a guerra Russo-Japonesa, a primeira guerra mundial, a revolução russa, a revolução de outubro e a Itália fascista de Mussolini. Os cenários das histórias de Pratt passam pela Etiópia, França, Irlanda, Sibéria, Oceania, Serrado Baiano, Caribe, Amazônia, Cordilheira dos Andes e China, entre outros.

O percurso da exposição Corto Malteses: Viagem à Aventura, foi organizado, segundo Stefano Cecchetto, comissário da mostra, para “refletir sobre o tema dos lugares e das distâncias (…) e destacar a disponibilidade do viajante para com os outros – as muitas personagens das suas histórias – e para com os companheiros de viagem desconhecidos com os quais o artista passa algumas horas de conversação febril e que se tornam presença insubstituível de um itinerário do pensamento, finalmente tornado visível no papel.”É também curador da xeposição Cristina Taverna.

Corto Maltese é um marinheiro errante, nascido em Malta a 10 de julho de 1887, filho de mãe cigana (espanhola) e pai marinheiro (inglês), Corto Maltese é alto, de brinco na orelha esquerda, usa patilhas compridas, boné de marinheiro e não dispensa um cigarro. É um verdadeiro (anti-)herói romântico, que vive intensamente as primeiras décadas do século XX, surgindo nos mais remotos lugares como testemunha da História.

Hugo Pratt nasceu em Rimini, em 1927. Foi para a Etiópia com dez anos, acompanhando o pai na invasão ordenada por Mussolini. Hugo e a mãe acabaram prisioneiros de guerra, pelas tropas inglesas. Enquanto esteve preso comprava livros aos quadrinhos aos soldados ingleses  e assim nasceu a sua paixão pel a banda desenhada. Durante a sua juventude, na década de 30 e até à Guerra Civil Espanhola, viajou pelo mundo. Por volta de 1945, conhece o desenhador Mario Faustinelli e inicia-se na BD. Em 1950 mudou-se para Buenos Aires,  onde trabalhou com Héctor Oesterheld, um dos maiores nomes da banda desenhada mundial. Nas décadas seguintes, Pratt viajou várias vezes entre os dois lados do Atlântico. Após alguns anos em Londres, regressa a Italia onde conhece Florenzo Ivaldi, com quem criou a revista Sgt. Kirk. Nesta publicação, mais precisamente na página 5 da estória Una Ballata Del Mare Salato (A Balada do Mar Salgado), nascia o mito da literatura, Corto Maltese. A esta novela gráfica, seguem-se histórias poéticas, literárias, utópicas que serviram de inspiração para as gerações seguintes e colocaram a banda desenhada num patamar artístico acima da cultura popular. Morreu na Suíça, aos 68 anos, vítima de cancro. “Os escorpiões do deserto”, “As Célticas”, “Corto Maltese na Sibéria” e “Mu – A cidade perdida”, são algumas novelas gráficas protagonizadas por Corto Maltese.

Corto Malteses: Viagem à Aventura, na Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, de 25 de Julho a 2 de Dezembro,  diariamente das 9h30 às 19h00. O bilhete de entrada custa 1,00 euro.

Texto de Clara Inácio
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