De comboio até às cerejas do Fundão: uma tradição deliciosa

Para celebrar a Festa das Cerejas no Fundão, a CP  (Comboios de Portugal) criou um programa para todos aqueles que gostam de juntar o útil ao agradável, conhecer uma nova região e viver a tradição da apanha da cereja.

E foi precisamente com o objectivo de visitar pomares de cerejeiras e na esperança de participar na sua apanha, que partimos de Santa Apolónia, em Lisboa, às 8h06 da manhã, no sábado passado (26 de Junho), no comboio regional, reservado para a Festa das Cerejas, em direcção a Castelo Branco.

Pelo caminho tivemos a possibilidade de desfrutar da magnífica vista da viagem pela linha da Beira Baixa, tendo o Tejo como companhia, até às Portas de (Vila Velha de) Ródão, onde o rio se despede do viajante, seguindo depois para Espanha, deixando para trás vistas privilegiadas, nomeadamente sobre as cegonhas nos seus ninhos equilibrados nas chaminés das fábricas e também do Castelo de Almourol.

Cerca de quatro horas depois chegámos à estação de Castelo Branco e apanhámos o transfer até ao Fundão, onde tivemos direito a usufruir de um agradável almoço na Estalagem da Neve. Como iguarias regionais foi-nos servida uma sopa de feijão, seguida de um arroz de carqueja com enchidos e para encerrar com chave de ouro, um semi-frio de leite condensado com calda de cereja, ou não estivessemos nós na terra em que este delicioso fruto é rei.

Acabado o almoço é chegado um dos momentos altos do dia: a ida a um pomar de cerejeiras, onde tivemos a possibilidade de participar na colheita e nem a chuva nos demoveu do nosso intento… bem pelo contrário! Sob um calor de 30ºc nada nos impediu de comer, logo após os ter colhido, o máximo de frutos que a nossa gula permitisse. Uma experiência provavelmente única, principalmente para quem nasceu e sempre viveu na cidade e que pouco ou nenhum contacto teve com a lide do campo.

Por mais que quiséssemos eternizar o momento, o passeio teve que continuar e por isso partimos com destino à Aldeia Histórica de Alpedrinha, um centro de turismo situado a 556 metros de altitude da Serra da Gardunha. Aí chegados visitámos o Palácio do Picadeiro.

O edifício composto por dois andares, cuja construção desafiou o passar dos séculos, nunca chegou a ser acabado “devido a um embargo real, pois era uma obra de tal sumptuosidade que o rei teve inveja de um palácio assim e proibiu a sua conclusão”, segundo nos foi explicado pela nossa guia. O palácio tem como limite o próprio céu já que o telhado foi recentemente construído em vidro deixando em aberto a imensidão do universo. No interior é proposto ao visitante uma viagem pelo território concelhio – desde a geografia, a arte, a pastorícia e muito mais, recorrendo às novas tecnologias virtuais.

De Alpedrinha seguimos para outra Aldeia Histórica: Castelo Novo. À chegada fomos recebidos pelo Grupo de Bombos do Souto da Casa, que nos fez uma pequena demonstração da sua arte. Nesta aldeia encontramos um castelo erguido sobre um afloramento rochoso na vertente leste da chamada serra da Gardunha.

Em tempos esta fortaleza constituiu um pólo militar em torno do qual se desenvolveu a povoação de Castelo Novo, sucessora da de Castelo Velho, no topo da serra. O castelo encontra-se ligado ainda à presença da Ordem dos Templários na região, razão pela qual alguns autores atribuem a sua edificação ao Mestre da Ordem, D. Gualdim Pais, sob o reinado de D. Sancho I (1185-1211).

Logo ao lado houve ainda tempo para visitarmos a Igreja Matriz ou de Nossa Senhora da Graça, que embora remonte ao período medieval, foi totalmente remodelada no século XVIII e possui no seu interior elementos do estilo barroco.

Já a caminho do autocarro passámos pela praça central, onde está a Casa da Câmara (que funcionou no 1º. andar) e a prisão ( no piso térreo). Na sua frontaria pode ver-se o chafariz D. João V e no centro da mesma praça está plantado um importante pelourinho manuelino decorado com esferas armilares, flores de lis e cabeças de serpentes.

Infelizmente o nosso programa chegou ao fim e é chegada a hora do regresso. Temos apenas 15 minutos para chegar até ao Fundão, de onde sairá o Comboio Intercidades às 18h17, com destino à estação de Lisboa, Stª Apolónia.

À medida que nos vamos aproximando de Lisboa, o comboio vai ficando mais vazio, já que, assim como aconteceu na viagem inicial, todas as estações podem ser ponto de embarque ou desembarque. Para aqueles que só saem no final, o percurso termina às 22h00.

Apesar do cansaço de um dia que começou antes das 8h00 da manhã, fica-nos aquela sensação boa, de um dia vivido em pleno, em que se ficou a conhecer um pouco mais da história e cultura da região da Beira-Baixa.

Até 17 de Julho, a CP vai continuar a organizar, todos os sábados, este passeio turístico até ao Fundão, que inclui visita a localidades históricas, a pomares de cerejeiras com a possibilidade de participar na sua apanha, almoço em restaurante regional e muito, muito mais.

O preço único para o Programa Festa das Cerejas é de 48 euros para os adultos e 26,50 euros para crianças dos 5 aos 12 anos e inclui viagem de comboio (ida e volta), transfer em autocarro com acompanhamento de guia, almoço, visitas, animação e seguro de acidentes pessoais.

Texto de Cristina Alves
Fotos de Telmo Marques
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