Cascais Music Festival aqueceu ao som de Xavier Rudd e Donavon Frankenreiter

Reportagem de Sara Peralta (Texto e Fotos)

Em final de tarde solarengo, Cascais recebeu dois músicos surfistas para mais um dia do Cascais Music Festival com boas vibrações asseguradas, na passada segunda-feira à noite.Dois pelo preço de um, o multi-instrumentista australiano Xavier Rudd, e o norte-americano Donavon Frankenreiter, acompanhado pela sua banda, marcaram presença no Hipódromo Manuel Possolo, animando uma plateia pronta a dançar.

Antes das 21h00, ainda o sol ía alto, encontrava-se à entrada do recinto Donavon Frankenreiter, junto à zona de merchandising, descontraído e disposto a receber fãs para autografar bilhetes ou tirar fotografias. Isto para surpresa dos presentes, que entravam e reparavam na estrela da noite logo ali, como dizia uma fã, algo em tom de brincadeira, “Olha o Donavon mesmo aqui, vou desmaiar”, enquanto outra após ver assinado o seu bilhete exclamava para a amiga “Os olhos do homem…!”, e se formava uma fila para levar um autófrago ou fotografia para casa.

Rumores de um atraso no voo de Xavier Rudd faziam adivinhar um início de concerto mais tardio. A plateia vai enchendo, mas não chega a um cenário a que se poderia chamar de bem composto, nomeadamente tendo em conta que Rudd já tocou perante uma Aula Magna ou um Coliseu dos Recreios bem mais recheados de fãs.

Aguardando a música, o público vai-se sentando descontraídamente pelo recinto, mas quando se apagam as luzes da plateia, já todos estão de pé e de olhos postos no palco, que sob luzes magenta ostenta o habitual estrado multi-facetado do músico, evidenciando o espectáculo de percussão, sopros e cordas a duas mãos que se avizinhava.

As luzes baixam e sob aplausos entra em palco um Xavier Rudd descalço, saudando o público, pronto a tomar o seu lugar: sozinho, com todos os seus intrumentos concentrados no centro do palco, à sua volta, o músico deixa chão desimpedido mas com certeza enche o palco com som.

E à primeira música, não é a ausência de letra que impede o público de vibrar, apreciando a explosão de percussão e didgeridoos que abre o concerto. Plateia escassa mas entusiasta, dança e pula ao som das longas e melódicas músicas do artista.

Mãos, lábios, pés, de tudo o artista faz uso para tocar a sua bateria, didgeridoos, guitarra, harmónica, e mais, dando aos seus fãs a vontade de dançar e um sorriso no rosto. “Messages” e “Let it be” arrancaram a maior reacção à multidão, já familiarizada com as letras.

Entre músicas, Xavier Rudd aproveita para deixar o seu arsenal de instrumentos e aproximar-se da beira do palco, começando a saltar, puxando pelo público e incentivando que este puxe por si, e a dançar, arrancando até algumas gargalhadas da plateia.

Talentoso e simpático, Xavier conduz a sua performance com segurança, comunicando com o público (mesmo se por gestos) por entre a sua actuação, enérgica e alegre. No final, despede-se com uma ligeira vénia e abandona o palco.

No entanto, acessível, aparece alguns minutos depois junto à entrada para o backstage, presenteando os fãs com abraços, fotografias, e autógrafos.

Para um registo algo diferente, mais mainstream talvez, mas igualmente animado, entra em palco Donavon Frankenreiter com a sua guitarra, acompanhado de outro guitarrista, um baixista, um baterista e um teclista.

Com o groove esperado do músico surfista amigo de Jack Johnson, Donavon percorre o seu repertório agarrado à sua guitarra, animando o público, e dirigindo-se pontualmente ao mesmo em castelhano. Pede mais tarde desculpas por ainda não saber falar português e apenas espanhol, enumerando as poucas palavras portuguesas (entre as quais “obrigado”) que conhece e afirmando que se tem “safado” bem assim.

Músicas todas elas repletas de voz e letras contrariamente às do seu antecessor, fazem a plateia cantar refrões em coro, dançar, e aplaudir. Donavon arrisca com a sua guitarra, em riste, fazendo alguns solos enérgicos, e na voz, é afinado, mas infelizmente monocórdico, mantendo-se sempre no mesmo registo.

O público vibra claro com o mais conhecido single “Free” ou com “Lovely Day”, e na recta final do concerto, Donavon convida o seu filho a juntar-se a ele. E assim, uma criança pequena muito loura entra em palco, e senta-se no lugar do baterista acompanhando efectivamente o pai ao longo de toda a música. O público delicia-se, e o rapaz mostra gosto, algum talento, quem sabe um futuro na música.

Para encerrar, com “It Don’t Matter”, Donavon chama membros do público para cantarem em palco. Um rapaz prontamente salta da plateia para o fosso e de seguida para o palco, para, sob a orientação de Donavon, cantar inteiramente a solo o refrão. E assim repete “If it don’t matter to you, it don’t matter me” múltiplas vezes com grande entusiasmo, tentanto puxar pelo público, que recebe bem o momento. Após este abandonar o palco, Donavon quer mais um “artista”, e sobem duas raparigas que, à vez, voltam a repetir o refrão.

A plateia recomeça também a cantar e é neste momento de boa disposição que Donavon se despede, deixando o palco (onde ainda ficam as raparigas no seu instante de “fama”).

E com bom ritmo e boas vibrações, onde não faltou o dito groove e a dança livre, se passou mais uma agradável noite no Cascais Music Festival.

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