Casas Pardas cartografa Lisboa no final dos anos sessenta, em plena agonia do regime salazarista: crise política e social, rumores das guerras coloniais e dos tumultos estudantis. O Portugal pardacento à espera do terramoto que virá em 1974, enquanto se escreve o caos afetivo em comunidade, por dentro das casas do amor e desamor de Elisa, Mary, Elvira e companhia. MasCasas Pardas é acima de tudo a casa da língua portuguesa e dos seus vários linguajares, aqui em jubiloso processo de miscigenação com outras falas do mundo, através do grande virtuosismo da escrita de Maria Velho da Costa.
Maria Velho da Costa foi Prémio Camões 2002. Ficcionista, ensaísta e dramaturga é co-autora com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta de Novas Cartas Portuguesas. A sua escrita situa-se numa linha de experimentalismo linguístico que viria a renovar a literatura portuguesa nos anos 60.
Texto de Tânia Fernandes