Desde agosto que o país anda em vindimas, especialmente no Alto Douro e no Alentejo, regiões onde este ano as uvas amadureceram mais cedo. Na região de Torres Novas, mais concretamente na Quinta S. João Baptista, de onde é original o vinho Cabeça de Toiro, a vindima decorreu por estes dias, e nós fomos vivenciar a experiência e descobrir como este vinho é feito.
Tudo começa na Quinta de S. João Batista, localizada nas proximidades da Reserva Natural do Paúl de Boquilobo (reconhecida desde 1981 pela Unesco como Reserva Mundial de Biosfera), zona de toiros e cavalos, que foi adquirida em 1987 pelas Caves Dom Teodósio (empresa que mais tarde integrou o Grupo Enoport United Wines); e nas vinhas, com castas com provas dadas na região, plantadas nas últimas décadas, que ocupam 97 ha da propriedade.
Entre as castas plantadas, a maioria são para vinhos tintos (cerca de 76 ha), com castas tradicionais Portuguesas, como Castelão, Trincadeira Preta, Touriga Nacional e Touriga Franca (50%), e castas internacionais como Syrah, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon (50%). As castas brancas, plantadas em 1991, ocupam cerca de 21 ha, e incluem as tradicionais na região do Tejo: Arinto, Fernão Pires e Malvasia (65%) e ainda castas internacionais como o Chardonnay e Sauvignon Blanc (35%).
O sistema de produção aqui é integrado, dando preferência aos métodos ecológicos. A rega é de gota-a-gota, e as vinhas estão aramadas para permitir a vindima mecânica. Ajudam à boa qualidade das uvas e dos vinhos o excelente micro clima (próximo do Rio Tejo) e a qualidade do solo.
Quando chega a altura da vindima, as uvas são apanhadas (quase na sua maioria) mecanicamente, só uma pequena parte é apanhada manualmente (como a que tivemos o prazer de vivenciar) e depois levadas para o centro de vinificação (com capacidade para vinificar 1.500.000 kilos de uvas). Aqui existe também uma adega tradicional, onde se combina tradição com inovação, usando novas tecnologias, como controle de temperatura em todas as cubas de fermentação e revestimento a epoxi nos depósitos de cimento, além de uma prensa pneumática. Aqui, são vinificados vinhos brancos e tintos, DOC e Regionais, alguns dos quais depois vão para a sala de estágio de vinhos de qualidade.
Depois de “prontos” é altura de engarrafar e rotular os vinhos, passando à fase seguinte: distribuição e comercialização até chegar ao consumidor e à mesa.