Bordéus – A Cidade, O Vinho E A Arquitetura

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Bordéus é uma das cidades que, recentemente, ascendeu ao ranking de destinos turísticos a não perder. A este fenómeno, não será alheia a abertura, em junho de 2016, de La Cité du Vin. O novo museu combina três atrativos essenciais: arquitetura, tecnologia e vinho.

É como se estivessem definidas novas fronteiras para a cidade. A linha do rio tem agora animação até La Cité du Vin, o novo espaço da cidade que se dedica a uma das atividades mais importantes da região: a produção de vinho. No entanto, a mensagem não é local, mas global.

O Edifício

A audácia arquitectónica do projeto é fruto de uma parceria entre a empresa francesa XTU e os especialistas ingleses em design de museus da Casson Mann. Fisicamente, La Cité du Vin, é uma interpretação poética da alma do vinho. Na estrutura do edifício encontra-se implícito o movimento do vinho ao cair no copo. Mais movimento do que forma, é a perceção que temos.

A exposição permanente, que ocupa 3000 m2, propõe uma experiência multi-sensorial e interativa sobre a cultura do vinho. É composta por 19 espaços temáticos e a visita faz-se com um dispositivo electrónico, acompanhado de suporte áudio, que ativa muitos dos conteúdos disponíveis. É possível assim, mergulhar em vinhas do mundo inteiro, assistir a episódio históricos representados em hologramas ou sentarmos-nos à mesa com os mais conceituados especialistas e ouvir o que tem a dizer sobre o vinho. A produção, os cheiros, a cor, a sua relação com as artes são também vertentes desta inovadora exposição. Cada pessoa, de acordo com o seu interesse, procura o conhecimento que pretende assimilar, sendo que estão disponíveis conteúdos para 10 horas de visionamento.

A visita termina com uma subida ao oitavo piso, o Belvedere. A 35 metros de altitude, é uma varanda transparente, com vista de 360 graus sobre Bordéus. Se o tempo o permite, é possível aceder a uma zona exterior. E sentir a brisa, como se estivéssemos no topo do copo.  Lá dentro e sob um teto de garrafas, alinham-se os exemplares de prova, num balcão corrido. Diariamente, há dez vinhos diferentes para experimentar: cinco franceses e cinco de outras regiões do mundo.

Há zonas de La Cité du Vin podem ser visitadas de forma livre, sem necessidade de adquirir bilhete. No primeiro piso, há uma sala de consulta de documentação e livros sobre o vinho, que inclui exemplares escritos em várias línguas.

O hall de entrada dá acesso a um café, onde servem refeições ligeiras. Num espaço contíguo, comercializam-se garrafas de vinho do mundo inteiro. É uma espécie de mapa mundo onde encontrámos alguns exemplares de vinho da região do Porto. Há também uma loja do museu onde, a par do merchandising do espaço, se vendem todo o tipo de peças relacionadas com o vinho, deste acessórios a produtos alimentares, passando pela cosmética.

La Cité du Vin tem uma programação regular de atividades, que inclui, entre outros, workshops e ateliers, conferências, debates e espetáculos destinados a diferentes tipos de público.

Carte blanche For Isabelle Rozenbaum é a exposição temporária de abertura do espaço, uma retrospectiva fotográfica da construção do edifício. A artista Isabelle Rozenbaum teve acesso livre, durante as obras e documentou , com a sua objetiva, 36 meses de trabalho, combinando sempre  matéria com as pessoas em atividade. Pode ser vista até 31 de dezembro.

A primeira exposição artística, Bistrot! De Baudelaire a Picasso inaugura a 17 de março e vai poder ser vista até 21 de Junho de 2017. Esta mostra incidirá sobre a importância dos cafés e bistrots na Sociedade do século XVIII a meados do século XX.

A entrada na La Cité du Vin custa 20 euros (adulto). Os guias áudio estão disponíveis em 8 línguas, que não inclui o português. No inverno, abre ao público das 10h00 às 18h00.

Bordéus – A Cidade

O centro histórico de Bordéus é pedonal e de fácil acesso. Fervilha de lojas de grandes marcas, mas também de pequenos negócios originais. A ladear o labirinto de ruas comerciais encontram-se as diferentes portas da cidade que assinalam marcos históricos de Bordéus. O centro foi classificado, em 2007, Património Mundial da UNESCO.

O local de paragem obrigatória para registo fotográfico é junto ao rio, frente ao Palácio da Bolsa. Procurando recriar o fenómeno natural que ocorre na Praça de São Marcos, em Veneza, o “Espelho de Água” é um dos elementos do projeto do arquiteto Michel Courajoud de renovação das margens do rio Garonne. Um retângulo com 2 centímetros de água permite que os visitantes, mesmo com parcos conhecimentos de fotografia, consigam um registo excepcional do prestigiado monumento.

Outra visão da cidade obtém-se do rio. Com partida do cais, saem várias vezes ao dia, cruzeiros em bateaux mouche, que permitem conhecer um pouco mais da cidade e também das pontes que a atravessam. Os passeios, têm duração de cerca de duas horas e permitem relaxar sobre as águas tranquilas do Garonne.

A norte da cidade, junto a La Cité du Vin sente-se o crescimento de novos espaços e a atividade urbana contemporânea. A não perder, é o espaço La Base Sous-Marine. Uma antiga base de submarinos, da IIGGM, desativada, onde encontrámos a exposição Probabilité du Miracle do fotógrafo Gérard Rancinan.

Junto ao rio, entre esta nova e a velha cidade, há também uma ligação pedonal cheia de vida. Os antigos hangares foram transformamos em espaços comerciais e encontra-se ocupados por lojas (outlet), bares e restaurantes modernos. São muitos os que aproveitam o bom tempo para passear ou mesmo dar uma corrida entre o Quai des Marques e o Chartrons.

Natal Em Bordéus

A época de Natal traz a população à rua que encontra também animação nos populares Mercados de Natal. O maior e mais animado localiza-se num jardim, com entrada principal junto ao Grand Théâtre. Artesanato, venda de produtos natalícios, cosméticos, carrosséis, gastronomia francesa, queijos, enchidos e o popular vin chaud (vinho quente com especiarias) são algumas das atrações deste espaço, que se torna especialmente concorrido ao final do dia.

Informações Úteis

A cidade é servida de uma boa e eficiente rede de transportes públicos. Cada viagem custa 1,5 euros e o bilhete diário custa 4,6 euros. Para quem está de visita turística, pode ser interessante adquirível o city pass (1, 2 ou 3 dias). Para além de acesso livre aos transportes (autocarro, tram e barco) oferece também entrada gratuita na maioria das atrações culturais. Custa 26 euros (1 dia), 33 euros (2 dias) e 40 euros (3 dias).
Há ligações diárias diretas entre Lisboa e Bordéus. A viagem tem duração aproximada de 1h30 minutos.

O C&H viajou visitou a cidade com o apoio do Turismo de Bordéus

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