No Pavilhão Preto serão apresentados cerca de 80 trabalhos que dão a conhecer a variedade e criatividade da obra de Arthur Bispo do Rosário (1909-1989), um dos artistas mais reconhecidos do Brasil.
As obras expostas são representativas das principais características do trabalho de Bispo do Rosário, que passou 50 anos internado num hospital psiquiátrico do Rio de Janeiro, a Colônia Juliano Moreira, e lá criou seu ateliê. Admitido no hospital aos 29 anos, as suas criações foram feitas em completo isolamento do meio artístico. No entanto, a sua arte “outsider” tem sido admirada pela sua técnica e abordagem imaginativa no trabalho com materiais com que nos deparamos diariamente.
O artista utilizava materiais incomuns como lençóis encardidos, botões cariados, suspensórios de doutores, as linhas que desfiava de uniformes novos e usados de internos da Colônia Juliano Moreira. Com estes materiais classificava, ensinava e apresentava em formas de brinquedos, instrumentos musicais, arquitetura, objetos do quotidiano. Estandartes, roupas, faixas de miss, barcos a vela, tacos de golfe, raquetes de tênis, argolas de ginástica olímpica que mostram a poética da junção de materiais descartados, bordados, consertos, sobreposições, escritas e desenhos. As obras aqui apresentadas demonstram o fascínio de Bispo do Rosário pela reapropriação de objectos que manipula para criar peças escultóricas elaboradas.
Texto de Clara Inácio