António Zambujo em entrevista: um “Quinto” feito de fado e não só

Tendo o fado como matriz, António Zambujo costuma introduzir na sua música elementos de outros géneros como o jazz, a bossa nova, a morna ou o canto alentejano. O resultado do seu trabalho pode ser escutado em Quinto, o mais recente álbum que o músico lançou no passado mês de Abril. Em entrevista ao C&H, António Zambujo confessou que não perde muito tempo a tentar definir a musica que faz, a qual “é influenciada por vários géneros musicais”. “Esta é a musica que eu gosto de fazer, sem rótulo”, defende o música bejense.

Quinto é, precisamente, o quinto disco da carreira do cantor e, à semelhança de todos os outros, “é o registo do momento”: “Apesar de todas as influências se manterem, há sempre outras coisas que acabam por influenciar, por isso, e pelos temas originais, todos os discos são diferentes uns dos outros, apesar de sempre haver qualquer coisa que os une”, explica.

Além de originais de António Zambujo, este disco conta também com composições de Pedro Silva Martins dos Deolinda, Márcio Faraco, Rodrigo Maranhão e Miguel Araújo Jorge, dos Azeitonas, e letras de João Monge, Nuno Júdice, Maria do Rosário Pedreira e José Eduardo Agualusa, entre outros, tudo produzido sob a coordenação de Ricardo Cruz (produtor e músico). “A maior parte das parcerias já vinham de discos anteriores, com excepção do Pedro da Silva Martins, todos os outros já são parceiros antigos, que admiro muito e com quem gosto muito de fazer musica”, disse António.

 Sucesso além-fronteiras

Com dez anos de carreira, a sua obra tem sido elogiada e referenciada em todo o Mundo, talvez em parte por também possuir diversas influências internacionais.

As suas escolhas surgem após ouvir muita música, aliás, é o próprio que confessa que é na música que ouve que vai buscar a sua inspiração: “É sempre a musica que me dá tudo. Por exemplo, em relação à musica brasileira apaixonei-me quando ouvi o João Gilberto a primeira vez – curiosamente, Caetano Veloso considerou António Zambujo o João Gilberto de Portugal –, em relação à musica de Cabo Verde foi quando ouvi a Cesária, e ao jazz o Chet Baker”, refere. No entanto, e apesar das influências internacionais, António Zambujo garante que é “fundamental” cantar em português: “Não me imagino a cantar noutra língua”, afirma.

Os próximos meses serão de concertos e António regressa este mês aos Estados Unidos para a sua segunda digressão em território norte-americano. Brasil, França, Itália e Holanda serão outros dos destinos do músico, que realizará uma tournée em Portugal no final do Verão.

Em palco, surgem, ao lado de António Zambujo (na voz e guitarra clássica), Ricardo Cruz (no contrabaixo e na direcção musical), Bernardo Couto (na guitarra portuguesa), Jon Luz (nos cavaquinhos) e José Miguel Conde (no clarinete).

Para o cantor, o reconhecimento do seu trabalho além-fronteiras é uma coisa que não o preocupa muito e que considera uma questão de geografia. “Para mim é igual cantar em Portugal ou em qualquer outra parte do mundo. O concerto é sempre o mesmo, o publico felizmente é sempre muito generoso também e isso deixa-me muito feliz”, explica.

Entrevista por Cristina Alves

Fotos gentimente fornecidas pela Universal Music

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